quarta-feira, novembro 05, 2008

MEMENTO MORI

Conforme até as pedras do Capitólio já sabiam, Barack Hussein Obama foi eleito o 44o presidente dos EUA, por 66% dos votos. Como também não poderia ser diferente, os jornais do mundo todo o aclamam como "o primeiro presidente negro" e outros clichês do tipo, repetidos ad nauseam para definir uma eleição (para usar outro clichê) "histórica". Um dia após sua consagração nas urnas, mensagens de felicitações surgem de todas as partes do planeta. Lula já declarou que a a eleição de Obama foi "uma vitória da democracia" (se fosse McCain o vencedor, teria ele dito o mesmo?). Enfim, a glória.

Na Roma Antiga, quando um general voltava de uma campanha vitoriosa e era recebido em triunfo, com uma coroa de louros e em uma carruagem puxada por quatro cavalos, um escravo era designado para gritar, em meio aos vivas e às aclamações da multidão: "Memento mori", ou "memento te humanun esse". A expressão significa algo como "lembre-se que você é (apenas) humano e que morrerá um dia". Era uma forma de impedir que a vaidade e a soberba subissem à cabeça dos comandantes militares romanos, recordando-lhes, em seu momento de maior glória, que tudo aquilo era efêmero, que eles eram simples mortais, que não eram, em sua essência, diferentes do restante da humanidade. Uma forma de fazê-los descer do salto ou baixar a bola, diríamos hoje. Pois bem. Eu sou o escravo que diz, destoando do êxtase geral em relação a Obama: "Memento mori". Eu sou o escravo que repete, para que todos ouçam: "Memento te humanum esse".

Obama terá uma dura tarefa pela frente: além de enfrentar os problemas que afligem os EUA e o mundo - duas guerras, uma crise financeira mundial, o terrorismo islamita, o antiamericanismo perene -, terá que lidar, de agora em diante, com os frutos amargos do mito criado em torno de sua figura. Este será, a meu ver, seu maior desafio.

Será uma decepção, claro. Tantas foram as esperanças depositadas em Obama, o candidato da "mudança", que dele não se espera menos do que separar as águas do Mar Vermelho e conduzir todos à Terra Prometida. Duvido que Obama irá cumprir pelo menos metade do que se espera dele. Se quiser governar, ele terá de administrar uma série de expectativas resultantes do oba-oba de campanha, o que significa: terá que contrariar muitos dos que o apoiaram, ao mesmo tempo em que terá que provar, todos os dias, que é mesmo "O Escolhido", o Messias que irá resolver todos os problemas da humanidade.
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Como vocês sabem, torci por MCain, embora sem muita esperança. Não porque eu seja um admirador do velho senador republicano do Arizona, mas porque não engoli o mito Obama desde o começo. Torci sem muita convicção, claro, pois desde o princípio percebi que, a depender da cobertura dos meios de imprensa, Obama já estava eleito, ou melhor, ungido, o novo presidente dos EUA. A eleição presidencial americana foi transformada em uma luta do bem contra o mal, em que só um lado - o de Obama, claro - poderia ganhar. Qualquer outro resultado que não fosse sua vitória acachapante seria descartado como ilegítimo, até mesmo como um golpe dos racistas brancos e da KKK, como gosta de dizer Arnaldo Jabor. Obama foi canonizado antes de ser eleito. Diante disso, todos os pontos obscuros sobre sua vida - e que permanecem sem resposta -, como sua verdadeira nacionalidade e suas conexões com terroristas como Bill Ayers foram rapidamente colocados debaixo do tapete. Até McCain, ao que parece, deixou-se intimidar por essa avalanche pró-Obama, repetindo em seus discursos que ele, Obama, era "um homem decente". Com um adversário assim, pronto a defendê-lo, Obama nem precisava ter gasto tanto dinheiro em sua campanha.

Não digo que Obama seja um Cavalo de Tróia que a Al-Qaeda e Osama Bin Laden infiltraram no establishment dos EUA para destruir a civilização ocidental judaico-cristã. Não compartilho dessa visão conspiratória. Digo, isso sim, que ele deve explicações. E há muita coisa para ser explicada. A começar por seu verdadeiro local de nascimento. Há algumas semanas, encerrou-se o prazo dado em um processo legal movido por um advogado da Pensilvânia (aliás, democrata) para que ele, Obama, mostrasse o original de sua certidão de nascimento (vejam aqui: http://www.obamacrimes.com/). O prazo chegou ao fim, e Obama se recusou a apresentar o documento. Pela lei, isso equivale a uma confissão de que ele nasceu não no Havaí, como alega, mas no Quênia, o que o torna legalmente inelegível. Em outras palavras, o novo presidente da maior potência do planeta irá assumir o cargo sob o signo da suspeição em torno de um dado básico de sua biografia. E isso é apenas a ponta do iceberg.

Os próximos quatro anos verão o declinar de um mito - o mito Obama, o maior dos últimos tempos. Anotem aí. Guardadas as devidas proporções, ocorrerá, com o novo mandatário americano, o mesmo que ocorreu - bem menos do que deveria, é verdade - com outro mito surgido mais ao sul, o mito Lula, desde que este assumiu a presidência de Banânia, em 2002. Na ocasião, vocês lembram, Lula também não foi eleito: foi aclamado. Bastaram pouco mais de dois anos para que, de santo milagreiro que era, o Apedeuta se visse desmascarado como o chefe de uma quadrilha de aloprados e mensaleiros. Apesar de diferenças óbvias - a formação escolar e a origem social, por exemplo -, é inegável que Obama e Lula têm muito em comum. Ambos foram elevados aos píncaros da santidade por um culto de suas personalidades sem paralelo na história de seus países. Ambos foram aclamados como os novos Messias e apoiados entusiasticamente pela esquerda. Boa coisa não pode vir daí.

Hoje, o mito Lula só persiste devido ao silêncio cúmplice da imprensa, que cala diante das evidências irrefutáveis de seu papel protagônico no maior escândalo de corrupção da História do Brasil, além da permanência de uma certa mentalidade bolorenta e politicamente correta, que prefere um presidente corrupto "de esquerda" a um honesto "de direita" - sem esquecer, claro, o Bolsa-Família, o voto de cabresto em versão federal. E Obama, o que farão para defendê-lo seus seguidores quando o mito criado em torno dele começar a fazer água? Não terão mais um Bush por perto para demonizar e culpar por todos os problemas. Só lhes restará apelar para a chantagem racial. Tudo para manter viva a chama da "mudança". A conferir.

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