quinta-feira, maio 05, 2011

A FALÁCIA DESARMAMENTISTA: ELES NÃO DESISTEM. EU TAMBÉM NÃO!

Eles também defendem o desarmamento...


O tal leitor que assina como Julio insiste em defender o desarmamentismo com um argumento curioso. Ele apela para uma questão, digamos, "técnica" (ou, se preferirem, " de competência") para justificar sua crença de que um mundo sem o direito de escolher ter ou não uma arma de fogo legalmente adquirida seria mais seguro. Vejam o que ele escreveu, após me citar:

Sinceramente quero que se dane o “Viva Rio”. Quero aqui discutir o pressuposto primeiro que você coloca: direito de escolher. Penso que a possibilidade de poder escolher algo é preciso que antes se possa se utilizar adequadamente este algo, senão é imprudência. Estamos falando de algo letal (uma arma de fogo) que tem o poder de ferir e em último caso matar. Portanto, não pode ser comparado com objetos diferentes. Uma faca de cozinha pode ser usada para matar, mas seu caráter instrumental é para cozinhar e não para matar. Já uma arma de fogo é bem diferente. Se ela for ser utilizada para defesa pessoal, espera-se que no mínimo este que a impunha saiba utilizá-la. Por exemplo, eu tenho o direito de escolher ter um carro ou não, mas se eu o tiver e quiser dirigi-lo, devo antes saber dirigir e também tirar uma licença para isto. Com a arma isto não acontece. Com o meu direito de ter uma arma posso tê-la e usá-la sem ao menos saber como se aperta o gatilho. Que segurança um homem pode ter ao possuir uma arma se não sabe como usá-la?

Meu caro, parece que estamos do mesmo lado nessa questão (e não me refiro só ao Viva Rio). O direito de escolher de que falo é o mesmo de que você fala. É evidente que o indivíduo que escolhe ter uma arma de fogo tem o dever – aliás, o dever não: o DIREITO – de aprender a manejá-la corretamente. Do mesmo modo que o cidadão que escolhe comprar um carro necessita antes saber dirigir. Isso é tão óbvio, tão acaciano, que nem me senti na obrigação de repetir essa observação aqui. O direito de escolha diz respeito não somente à compra e ao registro legal de uma arma de fogo, mas também a treinamento etc. De onde o leitor tirou que o que se aplica no caso dos carros não se aplica no das armas de fogo?

A propósito: o caráter instrumental de uma faca de cozinha é cortar, não cozinhar (nunca vi ninguém cozinhando na lâmina de uma faca de cozinha, por exemplo). O caráter instrumental de uma arma de fogo, por sua vez, não é matar, mas sim defender (ou praticar tiro a alvo, se for por esporte). Logo, o que vale para um vale para o outro.

"Que segurança um homem pode ter ao possuir uma arma se não sabe como usá-la?" Nenhuma, claro. Assim como não adianta nada ter uma Ferrari e não saber dirigir. Nem por isso vou sair por aî encampando campanhas demagógicas e oportunistas em defesa do fim do direito de comprar carros. Aviões também podem matar, como se viu no 11 de setembro. Por que não proibir também aviões?

Em todos esses casos, é bom lembrar, trata-se de objetos letais, que podem ser usados para matar. Hoje em dia, para comprar uma arma e registrá-la legalmente o cidadão passa por uma verdadeira via-crúcis burocrática, que dura meses. É muito mais difícil adquirir de forma legal um revólver 32 no Brasil do que comprar um automóvel. Com a proibição, o que já é difícil ficaria impossível, e sobraria apenas o comércio ilegal, com as consequências previsíveis. Além disso, o número de pessoas qualificadas para usar armas de fogo de forma responsável cairia, e não o contrário. Preciso dizer por que isso significaria menos, e não mais, segurança?

Achar que não há probabilidade de um homem que saiba usar uma arma se sair melhor ao utilizá-la do que aquele que não sabe é o mesmo que dizer que treinar e aprender para melhorar em algo não serve de nada. Afinal, creio que alguém que saiba dirigir (e treine diariamente) há dez anos seja melhor na direção do que aquele que nunca apertou o pé num acelerador.

Confesso que fiquei meio confuso depois de ler esse parágrafo. Primeiro, porque não escrevi nada que se assemelhe ao que está aí em cima. Além do mais, já disse que não discuto probabilidades. Pelo simples motivo de que é impossivel discuti-las, por sua própria natureza aleatória. A única coisa que digo, e aproveito para repetir, é que o cidadão tem o direito de escolher ter ou não uma arma de forma legal (eu, por exemplo, escolhi NÃO ter). E é somente assim, aliás, que alguém poderá treinar e aprender a usar uma arma de forma conveniente. Exatamente como no caso dos motoristas. Estou curioso para saber que misteriosa relação existe entre retirar do cidadão honesto o direito a possuir uma arma de forma legal (e a treinar regularmente) e o aumento da segurança. Até agora não vi nenhum argumento consistente que mostrasse a existência dessa relação.

Por fim, reafirmo que uma situação de surpresa é bem diferente. Se alguém já foi rendido pelo assaltante, a probabilidade de uma reação do assaltado terminar mal é bem maior do que se o assaltado resolver passar seu dinheiro para o assaltante. Ainda mais se o assaltado não for preparado para utilizar arma de fogo. Sou velho, gordo, sedentário e nunca sequer toquei em uma arma de fogo. Não acho que numa situação dessas o meu direito de escolher ter uma arma mude a situação de ser assaltado (ou morto).

Mais uma vez: se o leitor quer discutir probabilidades, está perdendo seu tempo. A probabilidade de ser baleado e morrer ao reagir a um assalto é a mesma de não ser assaltado e morto se o bandido souber, ou desconfiar, que a vítima está armada (isso, curiosamente, não se diz). Mesmo assim, vou propor um pequeno exercício. Imagine que você seja um assaltante, estuprador e assassino. Você está ansioso para invadir uma casa e fazer a festa. Naquela rua, você fica sabendo que pelo menos um morador possui arma de fogo. Na outra, voce fica sabendo, por fonte segura, que ninguém tem arma em casa. Que rua voce escolheria para atacar? Melhor: em que rua você, caro leitor desarmamentista, escolheria para morar?

Pense ainda nessa outra situação: alguém botou na cachola que você deve ir desta para melhor e lhe jurou de morte. Ele monta, então, uma emboscada. Armado, ou com o direito a ter uma arma, você tem alguma chance de sair vivo. Sem armas – pior: privado do direito a escolher ter (ou não) uma arma, de forma legal, com nota fiscal etc. –, suas chances de sair vivo a um encontro desse tipo se reduzem drasticamente. A menos que você tenha à sua disposição um ou mais guarda-costas, e a menos que seu assassino desista de lhe matar ou seja ruim de mira, a probabilidade de ele fazer o serviço é bem maior. Há, claro, outra solução: você poderia tentar convencer o assassino na base da conversa ou, se você for muito corajoso, pode tentar peitar o matador no braço. Que filme é esse? “Gandhi”? "Superman"?

O leitor se esquece que o direito a adquirir legalmente uma arma de fogo vem junto do direito a aprender a usá-la. Não está disposto a fazê-lo porque é gordo, velho e sedentário? OK, não tem problema, é um direito seu. Só não venha dizer que isso é argumento para retirar o direito de o cidadão escolher sobre sua própria segurança. Já imaginou a chatice que seria viver numa sociedade em que não houvesse o direito a escolher ser gordo e sedentário, por exemplo?

Enfim, toda a argumentação do companheiro acima pode ser resumida assim:

- Ao ter uma arma de fogo legalmente, você pode morrer (ao reagir a um assalto, por exemplo).
- Logo, ter armas de fogo faz mal para sua saúde.
- Logo, todo cidadão deve ser proibido de ter armas de fogo.

Resolvi fazer uma pequena adaptação, baseada no mesmíssimo raciocínio:

- Ao dirigir um automóvel, você pode morrer (num acidente de trânsito, por exemplo).

- Logo, ter um automóvel faz mal para sua saúde.

- Logo, todo cidadão deve ser proibido de ter acesso a automóveis.

Mude para qualquer outra coisa – facas de cozinha, martelos, pedaços de pau etc. – e a "lógica" será exatamente a mesma. Por que não obrigar todos a ter seis anos de idade? Aliás, parece que é isso mesmo o que quer essa patota.

No começo de seu comentário, o leitor escreveu que eu estaria apelando para insultos. De certa forma, ele acertou. Usar a lógica é mesmo um insulto para quem defende argumentos falaciosos.

2 comentários:

Julio disse...

Pra começar, probabilidade é matemática e é muito menos aleatória que você julga ser.

Portanto, meu caro, a tua lógica de colocar todos os argumentos da mesma maneira é que é falaciosa. Morrer dirigindo um automóvel não é tão provável quanto morrer ao se reagir a um assalto. Senão caímos na lógica do absurdo que diz "vamos todos morrer mesmo não importa o que eu faça". Que vamos todos morrer é lógico, agora o modo que cada um morre não é igual.

Mas do que discutir o direito de escolher ter armas, deveríamos discutir políticas de segurança mais eficazes, já que independente de se poder ter ou não uma arma, não julgo que esta seja a melhor opção para a segurança.

joão victor disse...

tenho acompanhado seus vários comentarios sobre a desgraça para o cidadão de bem que é o desarmamento da população e gostaria de parabeniza-lo pois concordo com vôce em todos os sentidos.
sobre esse assunto posso dizer que o governo(merda) do PT está muito "equivocado",e que muito pelo contrario, deveria seguir todos os países da europa ocidental,EUA,canadá e argentina onde a população tem armas para defesa própria e principalmente para a prática de tiro e caça.esporte este que gera uma renda absurda que é completamente reeinvestida em proteção ambiental. logo afirmo que os grandes responsaveis pela volta da natureza nos países desenvolvidos são os caçadores e atiradores com suas armas de fogo.