terça-feira, maio 17, 2011

OS PETISTA ASTRAVANCA O POGREÇO



"A ignorância é o nosso grande patrimônio nacional".(Paulo Francis)


Quase não acreditei quando li nos jornais. Mesmo para os padrões da era da mediocridade lulopetista, a coisa parecia simplesmente extrapolar qualquer limite. Mas era verdade, infelizmente. Estava lá, estampada em letras garrafais, a manchete inacreditável: "Livro do MEC ensina Português errado".

Não é possível, pensei imediatamente com meus botões. Deve ser intriga da oposição, acreditei, esquecendo-me por um instante que, no Brasil de hoje, não existe oposição. Desconfiado, busquei averiguar se a coisa era mesmo verdade. Esgotei todas as possibilidades. A prova do crime é inegável: está lá, no livro “Por uma vida melhor” (gostaram do título?), da professora (?) Heloísa Ramos, distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático a 485 mil alunos, crianças e adultos.

Graças à obra da professora (!) Heloísa, aprendemos que falar "os livro mais interessante estão emprestado" e "nós pega o peixe", ao contrário do que me ensinaram desde pequeno, não é errado. Mais: ficamos sabendo que a norma culta da lingua e a linguagem, digamos, popular, estão ambas no mesmo nível de correção e aceitabilidade, o aluno pode escolher entre as duas que não tem problema. O “os” antes de “livro”, no singular, já aponta tratar-se de plural, ensina a cartilha do MEC. Por que se importar com concordância verbal, concordância nominal, essas coisas chatas? Lembrar tais regras, dizer que uma forma estâ correta e a outra não, é “preconceito linguístico”.

Agora que descobri que sou um preconceituoso por insistir em usar o plural e em concordar verbo e sujeito, assim como eram todos os meus professores de Português, fica a pergunta: se em Gramática não existem regras, se é tudo uma questão de escolher entre a norma culta e a dita linguagem "popular", se ambas as formas são legítimas, então para quê ir à escola? Para quê estudar?

Antes que a professora (de quê?) Heloísa Ramos ou algum doutor do MEC do companheiro Fernando Haddad me chame de preconceituoso e elitista por eu escrever (e falar) nós pegamos (e não “nós pega”) e nós vamos (em vez de "nóis vai"), gostaria de saber qual o sentido em ir à sala de aula aprender que tanto faz dizer uma coisa ou outra. Gostaria que me explicassem por que alguém gastaria anos de sua vida para aprender que o português que se fala na sarjeta é o correto.

Toda essa bobajada de "linguagem popular" versus "linguagem culta" (erradamente identificada como "da elite") não passa de culto marxista do pobrismo e da ignorância, de mero exercício de demagogia em sala de aula. Algo que, desgraçadamente, tem-se tornado a norma – ironicamente – de oito anos para cá. Dominar os rudimentos da Gramática, saber ler e escrever corretamente, decretaram os sábios do MEC, é coisa da elite burguesa. E os pobres que estudam? Com razão, vêem nisso um insulto.

Por que aprender a ler, escrever e contar (a tal “educação bancária”, como gostam de dizer os devotos de São Paulo Freire, o guru de gente como a professora Heloísa), se o mais importante é a tal “educação para a cidadania”? Proponho o seguinte: já que agora temos a Gramática não-normativa, que sejam ensinadas também a Matemática não-normativa (em que dois e dois sejam quatro ou cinco, dependendo de se é na periferia ou no Morumbi) e a Geografia não-normativa (aquela em que o Sul seja Norte e vice-versa). E por que não a Ciência não-normativa, em que a Terra passe a ser chata, e não esférica? Que tal? Não seria de espantar, já que em História, por exemplo, costuma-se ensinar que Cuba é um paraíso dos trabalhadores e que o governo do Apedeuta foi o melhor de todos os tempos.

Na verdade, não há por que se surpreender. Os lulopetistas, sob a liderança iluminada do Grande Guia, já decidiram que, no terreno da ética, o certo é errado e o errado é o certo. Por que não fazer o mesmo na Gramática? Se em política o que predomina há oito anos é a avacalhação oficial, por que não promover o emburrecimento nas escolas?

O livro que ensina que é certo falar errado chama-se “Por um Mundo Melhor”. Nem precisaria dizer, mas o mundo não vai ficar melhor com a proliferação da ignorância.

Um comentário:

fernando disse...

talvez o livro tenha sido elaborado pelo messias do alambique...mais uma grandiosa obra Dele.