sexta-feira, maio 06, 2011

O LUTO SINCERO DOS FANÁTICOS E O LUTO ENVERGONHADO DOS HIPÓCRITAS

Como era esperado, a morte de Osama Bin Laden por um comando de elite norte-americano criou mais um mártir da jihad. Em vários países islâmicos - Paquistão, Indonésia, Egito -, milhares de fanáticos islamitas saíram e sairão às ruas para protestar contra os EUA e prantear o "guerreiro sagrado", jurando vingança. A ponto de já se começar a ouvir, aqui e ali, este ou aquele comentarista mais assustadiço: talvez tivesse sido melhor não ter assassinado o chefe terrorista, para "não provocar" os muçulmanos...

Lorota de covardes ou de aliados do terrorismo. O fundamentalismo islamita não precisa de nenhuma provocação para se justificar. Ele alimenta-se a si mesmo, como todo fanatismo. Ou alguém acredita, sinceramente, que, se os Navy Seals não tivessem metido uma bala na cabeça de Bin Laden, os ataques terroristas cessariam e os islamitas se transformariam em democratas?

Entre os que choraram a morte de Bin Laden está o Hamas. O Hamas é uma organização islamita terrorista que jurou destruir Israel e que é apoiada pelo Irã. Assim como a Al Qaeda, o Hamas usa homens-bomba contra alvos civis e deseja instalar um Estado islâmico na Palestina. Há alguns dias, grande parte da imprensa internacional saudou, como uma "esperança de paz", a anunciada reconciliação entre o Hamas e o Fatah, o movimento palestino "moderado". Em 2007, o Hamas tomou o poder na faixa de Gaza e, após um banho de sangue contra seus rivais da Fatah, intensificou seus ataques terroristas contra alvos israelenses, provocando uma guerra com Israel. Porque uma frente unida do Hamas com o Fatah seria uma esperança de paz para o Oriente Médio é algo que desafia minha compreensão.

O lamento dos fanáticos assassinos do Hamas é odioso, mas pelo menos é sincero. Eles não escondem que consideravam Bin Laden um herói. Para eles, o chefe da Al Qaeda era um aliado na jihad contra os infiéis ocidentais etc. No mundo abjeto dos terroristas, seu lamento faz sentido. Outros lamentam a morte do assassino serial, mas por cinismo e dissimulação, não ousam fazê-lo abertamente, escondendo-se por trás de uma cortina de argumentos pretensamente jurídicos e até morais para justificar a cumplicidade com o mal.

"Foi um assassinato puro e simples", escuto aqui e acolá, com diferentes variações, que vão da ingenuidade lacrimosa ao cinismo descarado. Esses humanistas devem crer que um assassino de mais de 3 mil pessoas inocentes, e que viveu apenas para matar, poderia ter sido capturado vivo (tornando-se, assim, um ímã para atentados terroristas) e levado a julgamento (onde? em Wahington? em Haia? em Islamabad?). Multiculturalistas, e sempre preocupados com os pruridos islâmicos (mas, quase nunca, cristãos), consideram a decisão de atirar o cadáver ao mar uma ofensa ao Islã, e indagam se não teria sido preferível enterrar o corpo em algum lugar mais adequado (para que o túmulo se tornasse local de peregrinação para islamitas fanáticos? não, obrigado). Ao contrário desses senhores, acho que os EUA fizeram muito bem em despachar Bin Laden para o diabo que o carregue. O mundo ficou melhor sem ele.

Outros, como o ditador de ópera-bufa venezuelano Hugo Chávez, disfarçam melhor, e usam argumentos menos piegas. "Foi um atentado à soberania", zurrou o Napoleão de hospício, tentando cobrir com brios de nacionalismo ofendido a eliminação de um inimigo da humanidade. Como se o terrorismo da Al Qaeda respeitasse fronteiras nacionais, e como se o governo dos EUA devesse ter comprometido o sucesso da operação ao informar os militares locais, tão confiáveis na luta contra o terrorismo que Bin Laden morava a poucos quilômetros de um quartel do exército paquistanês (o Talibã, aliás, foi uma criação do serviço secreto do Paquistão). Além do mais, alguém duvida que, se a eliminação de Bin Laden fosse uma operação conjunta americano-paquistanesa, e não exclusivamente americana, os inimigos dos EUA iriam deixar de cacarejar do mesmo jeito?

Tipos como Chávez e Noam Chomsky - seu mentor intelectual, e também um dos autores de cabeceira de Bin Laden - estão se roendo por dentro, amargando a morte de um aliado. Do mesmo modo que o ex-frei e ex-cristão Leonardo Boff, que lamentou publicamente terem sido "só" dois, e não vinte e cinco, os aviões que destruíram as Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001. Para eles, foi uma derrota. Mas falta-lhes a coragem e a sinceridade necessárias para admitir isso. Não têm a honestidade de reconhecer abertamente que estão com o coração partido pelo desaparecimento do terrorista de estimação. Para gente como eles, assim como para o PT, morreu um inimigo do inimigo. E o inimigo de meu inimigo é meu amigo, pensam. Pela lógica, Bin Laden era, portanto, seu amigo.

Tecnicamente, a morte de Bin Laden foi um assassinato seletivo. Foi algo moral? A meu ver, não só foi moral, como foi uma obrigação. Eliminá-lo fisicamente, assim como aniquilar a estrutura da Al Qaeda, era imprescindível para a eliminação da ameaça terrorista. Essa é a única maneira de combater um inimigo que não tem medo de morrer - ou de convencer outros a morrerem por ele - para levar a morte ao lado adversário (e o lado adversário, nesse caso, são civis). Os que choram a morte de Bin Laden estão cuspindo nas mais de 3 mil vítimas fatais que ele deixou para trás. Como um cão hidrófobo, só restava matá-lo.

Aqui entra uma questão interessante. Barack Hussein Obama está sendo louvado e glorificado por ter mandado o terrorista saudita para o encontro de Alá. Muitos que votaram em Obama o fizeram em oposição aos métodos empregados por George W. Bush na "guerra ao terror". Um desses métodos é a noção de ataque preventivo, que pressupõe táticas como o assassinato seletivo de inimigos. Agora Obama copia Bush, e ordena o assassinato seletivo de Bin Laden. Bush foi execrado, Obama é um herói. Gostaria de saber por quê.

Outro ponto importante: há dois anos, Israel foi execrado na mídia por ter lançado uma campanha para caçar e eliminar terroristas do Hamas na Faixa de Gaza. A condenação a Israel foi praticamente unânime. Um relatório da ONU chegou mesmo a acusar as forças israelenses de bombardearem deliberadamente alvos civis (o que se provou ser uma acusação falsa). Pois bem. O que o governo de Barack Hussein Obama fez que Israel não tem feito sistematicamente? Que diferença há entre matar Bin Laden no Paquistão e eliminar terroristas na Faixa de Gaza? Por que matar Bin Laden é prestar um serviço à humanidade - como de fato o foi - e fazer o mesmo com os membros do Hamas ou do Hezbollah é "genocídio"?

Tais perguntas, obviamente, ficarão sem resposta. Para odiar os EUA, e tudo que ele representa (a começar pela liberdade, artigo desconhecido no mundo árabe e muçulmano), assim como para odiar Israel, não é necessário nenhum fato, nenhum argumento. Basta ser fanático ou idiota. Por extremismo religioso ou por covardia moral, tanto faz. Os inimigos da humanidade perderam um herói. O mundo venceu.

2 comentários:

Anônimo disse...

Só porque Noam Chomsky é um intelectual americano que demonstra os problemas de seu próprio país (como você também faz sendo brasileiro), não significa que ele fosse pró Osama Bin Laden.

Anônimo disse...

Excelente texto, parabéns !