segunda-feira, maio 02, 2011

AINDA A RELIGIÃO DESARMAMENTISTA: RESPOSTA A UM CRENTE



Um leitor, o Eduardo Cortez, pelo visto não entendeu o post "Minha Conversão ao Desarmamentismo". Eis o que ele escreveu a respeito:

Independente de se ter arma ou não em casa, eu pensava que o dever do Estado era proteger o cidadão. Se todos precisamos de armas para nos defender, pergunto-te pra que Polícia e pra que Estado? E por favor, refiro-me a estes como instituições universais que existem em (quase) todos os países, não estou falando só de Brasil ou governo de X ou de Y.

Em Filosofia existe uma coisa chamada "falsa dicotomia". Trata-se de uma falácia, ou seja, um falso argumento, bastante comum. É algo que pode ser exemplificado pelos seguintes raciocínios: "Fulano é contra o desarmamento civil; logo, ele é a favor de que todos tenham armas". Ou: "Beltrano defende o direito de o deputado Bolsonaro falar suas besteiras; portanto, ele é um homofóbico e racista" etc.


É claro que isso é uma grossa empulhação. Na melhor das hipóteses, demonstra falta de coordenação neuronial. Na pior delas, denota desonestidade. Vamos lá.

Em primeiro lugar, eu NÃO disse que todos precisam de armas para se defender. Procure em todos os textos que escrevi a respeito, e você não vai encontrar nada que se aproxime, sequer remotamente, dessa afirmação. O que disse, e repito, foi o seguinte: todos têm - ou melhor: devem ter - o DIREITO DE ESCOLHER. Escolher o quê? Ter ou não uma arma de fogo legalizada, se assim acharem necessário para sua própria segurança (ou mesmo para fins recreativos, como num clube de tiro etc). O que querem os arautos do desarmamentismo civil? Acabar com esse direito. O que acho disso? Sou contra, claro.

Não é preciso ser fã de armas de fogo para perceber a tremenda enganação que é a idéia do "desarmamento civil". Tampouco é necessário ser membro da National Rifle Association e ter um arsenal em casa para perceber o risco que tal lei, se aprovada, significaria para a liberdade individual. No caso, uma das liberdades mais fundamentais: a de escolher sobre sua própria vida. Sem falar no perigo para a segurança de cada um.


O leitor me pergunta, e quero crer que o faz a sério: pra que Polícia e pra que Estado? etc. Tudo bem, meu caro, eu respondo: para me proteger, entre outras coisas que justifiquem o imposto que eu pago. Proteger de quem? A melhor maneira de responder essa pergunta é com um diálogo:

- Perdeu, playboy! Passa a grana agora senão te dou um teco na fuça!
- Mas, senhor assaltante, espere só um minuto enquanto eu ligo para a Policia...


Ou então:

- Pode começar a rezar canalha, eu vou te matar!
- Calma, distinto assassino: dê-me apenas uns instantes para eu chamar a viatura policial mais próxima...

Uma pergunta final: o desarmamento civil, com a proibição da venda e posse legal de todo tipo de armas de fogo, foi uma idéia implementada em regimes como os de Hitler e Stálin. Quem poderia proteger o cidadão desses regimes?

É a isso que os devotos da religião desarmamentista querem nos levar. Sem o desarmamento, existe a possibilidade de o cidadão escolher ou não se defender. Com o desarmamento, a escolha passa a ser entre fugir ou rezar. Preciso responder - ou melhor: repetir - qual opção eu escolheria?

Há somente duas maneiras de ser favorável à idéia desarmamentista: sendo desonesto ou sendo ingênuo. Posso estar enganado, mas creio que o leitor acima se enquadra nessa segunda categoria. Se bem que, depois do auê todo que o Viva Rio e a Rede Globo fizeram depois do massacre na escola do Rio, estou começando a achar que de ingênuos os devotos desarmamentistas não têm nada...

2 comentários:

Julio Nogueira disse...

Lamento por dizer-te isto, mas teus exemplos para justificarem o seu direito de escolher ter uma arma é tão ingênuo como o do senhor Cortez. Vamos a eles:

1) - Perdeu, playboy! Passa a grana agora senão te dou um teco na fuça!
- Mas, senhor assaltante, espere só um minuto enquanto eu ligo para a Policia...

Ou então:

- Pode começar a rezar canalha, eu vou te matar!
- Calma, distinto assassino: dê-me apenas uns instantes para eu chamar a viatura policial mais próxima...

Você realmente acha que numa situação destas o sujeito X em questão conseguiria se defender se estivesse armado? Creio que numa situação de surpresa destas o sujeito X teria que ser o Rambo pra driblar o assaltante/assassino, puxar sua arma, mirar e ainda acertar o bandido. Que filme é este? "Missão Impossível"? "007 o agente que nunca morre"?

Acorde, meu caro! Estamos falando do mundo real e nele com arma ou sem arma não há tempo para reação. Vamos a um fato real que aconteceu há alguns anos no RJ:

O homem estava em seu carro com a namorada na rua. De repente apareceu um bandido gritando:
- Perdeu, playboy! Passa a grana agora senão te dou um teco na fuça!
O homem no carro era um policial e andava armado. Não pensou duas vezes, puxou sua arma e atirou no bandido. Acertou em cheio e matou o bandido. Ponto pra ele, ganhou do bandido no tiro. No entanto, para seu azar, o bandido conseguiu apertar o gatilho e acertou a namorada do policial. O bandido morreu e a namorada morreu! Valeu a pena?

Isso aconteceu com um homem que foi treinado para usar arma de fogo com pelo menos alguma maestria. Imagine se a situação fosse com um homem comum? Não creio que o resultado fosse melhor!

2) o desarmamento civil, com a proibição da venda e posse legal de todo tipo de armas de fogo, foi uma idéia implementada em regimes como os de Hitler e Stálin. Quem poderia proteger o cidadão desses regimes?

Resposta:

Hitler: O povo alemão em massa apoiava o partido Nazista. Por que você acha que, mesmo armados, o povo representaria algum tipo de resistência?

Stalin: O governo de Stalin foi um dos mais (senão o maior de todos) tiranos do mundo. Por que você acha que o homem comum conseguiria resistir ao "governo de ferro" mesmo que armado? Acho que Stalin teria um motivo a mais para trucidar ainda mais a população.

Até.

Eduardo Cortez disse...

Mas o que é isso? Quer dizer que o que deve prevalecer é o meu direito de escolher? Que seja!

Quero então, ter o direito de poder escolher ter ou não ter uma bomba em casa. Quero também ter o direito de escolher ter mais de uma mulher legalmente. Quero ter o direito de escolher dirigir na contra mão, ultrapassar o sinal vermelho, andar pelado na rua, cobiçar e obter a mulher do próximo, gritar num hospital, pegar o que eu quiser na feira, sem que seja punido por isso. Também quero ter o direito de escolher se atiro ou não atiro com minha arma no cachorro do vizinho, ou quem sabe o direito de escolher entrar em qualquer residência ao meu bel-prazer?

Com esse teu DIREITO DE ESCOLHER podemos ir longe. Por que não deixar o Irã escolher se quer ter ou não quer ter uma bomba atômica?

O argumento é o mesmo, mas creio que nesse caso você seria do contra, não é mesmo?