segunda-feira, março 30, 2009

Sobre o caso Battisti - resposta a um leitor que se acha muito justo

E ele ainda ri...
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Um leitor, de nome Marcos Cunha, que se acha dono de um sentido muito particular de justiça, escreveu um comentário curioso sobre meu texto "Brasil, paraíso de assassinos". Diz ele (comento em seguida):

A questão é quem é mais criminoso?

Um terrorista que matou 4 e feriu outros tantos, ou um educado empresário que desviou 1,5 bilhão de um país tão carente como o Brasil e depois fugiu para Itália onde encontrou abrigo seguro e liberdade?

Mesmo considerando as ineficiências, esse 1,5 bilhão roubados poderiam salvar centenas ou milhares de pessoas carentes que dependem dos serviços públicos de saúde.

Portanto, se a civilizada Itália se recusou a nos devolver quem nos fez mal, devemos mostrar para eles que podemos responder na mesma moeda.

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Sabem o que me deixa mais fulo da vida? Não é quando me escrevem para justificar, ou até mesmo louvar, o que é injustificável, como a corrupção dos petralhas e o terrorismo - o que tem, pelo menos, o mérito da sinceridade. É quando acham que, porque o "outro" também fez, então tudo passa a ser permitido.

Lembro que, quando eu era criança, se eu fizesse uma arte qualquer e se, para escapar de uma palmada ou do cinto de meu pai, eu dissesse "o Juquinha fez pior", era mais um motivo para levar uns cascudos. E ainda recebia lição de moral: "Do Juquinha cuida a mãe dele! Dois erros não fazem um acerto, seu moleque!".

Parece que, hoje ainda, há pessoas adultas que precisam dessa lição. A questão, meu senhor, não é "quem é mais criminoso". A questão é: CRIME É CRIME, NÃO IMPORTA QUEM OU POR QUÊ TENHA SIDO COMETIDO. Um roubo de um rico e educado empresário não justifica a morte de 4 (ou 100 milhões) pelo terrorismo de esquerda. Ponto final.

Já seria desonestidade intelectual suficiente querer que um erro justificasse o outro se o caso do "educado empresário que roubou 1,5 bilhão de reais de um país carente como o Brasil" não tivesse absolutamente nada a ver com o do facínora Battisti. O empresário de que fala o leitor, presumo, é o ex-dono do falido Banco Marka, Salvatore Cacciola, preso pela Interpol em Mônaco e extraditado para o Brasil, onde cumpre pena por fraude. Pois bem. Não conheço os detalhes do caso, mas sei que Cacciola, ao contrário de Battisti, tem dupla cidadania (brasileira e italiana). Logo, pela Lei, não poderia ter sido extraditado da Itália, para onde fugiu para escapar à prisão no Brasil. Battisti, ao contrário, foi presenteado por Tarso Genro com o status de refugiado político! Por ter matado 4 pessoas! E por ser de esquerda!

Isso mostra que Cacciola é inocente, ao contrário de Battisti? NÃO! Mostra apenas que ambos são criminosos, mas cada caso é um caso. No de Cacciola, havia uma questão legal que impedia sua extradição da Itália. No de Battisti, nem isso. Em um caso, seguiu-se estritamente o que está na Lei, tanto de cada país quanto internacional. No outro, o que houve foi um critério simplesmente ideológico para conceder refúgio político a um assassino de esquerda.

Dizer - ou insinuar que -, ao não nos devolver Cacciola, a civilizada Itália estaria nos dando motivos para "responder a eles na mesma moeda" demonstra, além da óbvia visão deturpada típica dos ressentidos (afinal, é a Itália, um país rico, de gente branca, muitos de olhos azuis, como diria o Apedeuta), um senso de justiça completamente torto. A Itália cumpriu a Lei, ao contrário de Tarso Genro.

Em resumo, segundo o leitor, se a Itália cumpriu a Lei e não extraditou um ex-banqueiro corrupto, o Brasil, para dar o troco, deveria fazer o mesmo com um terrorista e virar um valhacouto de bandidos e assassinos. Ora, tenham santa paciência!

A propósito: também acho que o 1,5 bilhão que Cacciola roubou do Brasil fez falta à saúde etc., assim como os milhões roubados pela quadrilha petralha no poder, com seus esquemas de mensalões e sanguessugas. Quando será que estes irão ver o sol nascer quadrado?

CRIME É CRIME. LEI É LEI. Por que é tão difícil para algumas pessoas perceber - e aceitar - algo que deveria ser tão óbvio, até para crianças de cinco anos de idade?

Um comentário:

José Ricardo Weiss disse...

Ora, Gustavo, a resposta é deveras simples, amigo: estamos à mercê dos ensinamentos politicamente correto!

Assim como já não mais se pode falar favela, mas comunidade carente, bicha ou veado, mas "gay" ou homossexual, preto ou negro, mas afro-descendente, também não é possível pensar nas diferenças entre os crimes...

Veja você, por exemplo: os esquerdistas não permitem que se diga que a ditadura brasileira foi muito menos maléfica - embora qualquer ditadura o seja - que as ditaduras do restante da América do Sul que existiram no mesmo período, uma vez que não concordam com o princípio da proporcionalidade para tais casos.

Porém, a im de condenar Israel durante a guerra empreendida contra os terroristas do Hamas, usam e abusam deste mesmo princípio: a guerra movida por Israel contra aqueles terroristas deveria ter sido proprocional e "apenas" pouco mais de 1300 foguetes deveriam ter sido lançados.

Assim, os militontos fazem o que Lavrenty Pavlovich Beria, ministro do Interior e marechal da União Soviética durante a ditadura de Stalin: a "cura mental", uma espécia de ciência que ele denominou de psicopolítica, usada como uma arma para dominar os incautos, os frustrados, os necessitados de ilusão - que, depois, foi muito expandida pelas idéias de Antônio Gramsci.

Pavlovich dizia, entre outras coisas, que os "militontos" deviam:

- trabalhar para que todos os profissionais e professores somente professem a doutrina de 'cura' originária no comunismo e nos nossos propósitos;
- trabalhar para que tenhamos o domínio das mentes e dos corpos de todas as pessoas importantes de vossa Nação;
- conseguir tal descrédito pelo estado de insanidade e tal convicção sobre seu pronunciamento que nenhuma autoridade governamental assim estigmatizada possa novamente ter o crédito de seu povo;
- alterar para sempre a devoção de um soldado, de um governante ou de um líder em seu próprio país;
- Usem as Cortes, usem os juízes, usem a Constituição do país, usem as sociedades médicas e suas leis para ampliar nosso fim. Tudo vale na nossa campanha para implementar e controlar a ‘cura mental'; para disseminar nossa doutrina e para nos vermos livres dos nossos inimigos.

Estas são as idéias que estão sendo inculcadas em pessoas como o Marcos Cunha: o socialismo, como pregado pelo PC do B em sua propaganda política, é que traz a grande felicidade ao mundo e o restante das coisas, como a liberdade individual, por exemplo, que a sociedade capitalista e democrática sempre tentou preservar, são a infelicidade da humanidade.