segunda-feira, fevereiro 16, 2009

SOBRE ISRAEL E A CONDESCENDÊNCIA COM A BARBÁRIE TERRORISTA - A SAIDEIRA

Aí vai mais uma resposta - que espero seja a última - ao leitor que há dois posts vem tentando me convencer que Israel é um Estado terrorista, equivalente ao Hamas e ao Irã. Faço questão de responder pois, apesar do óbvio desconhecimento e da aparente malícia de algumas de suas perguntas, a pessoa em questão parece demonstrar alguma vontade de superação e de entender o que se passa verdadeiramente no Oriente Médio. Por isso, respondo. Considero isso um dever didático, um serviço de esclarecimento público. Ele em vermelho.

Gustavo,

Creio ter no momento todas as perguntas respondidas. E aceito-as plenamente.

Mas é difícil acreditar que assim como o Hamas não quer a paz, Israel a quer. Simplesmente porque quando atacamos (seja a forma que for) estaremos promovendo a violência. O ditado velho, não é mentiroso: "Violência gera violência", e enquanto um dos lados não for capaz de fazer a paz não poderemos tê-la efetivamente.

Por fim, mais uma pergunta: Deve todo o povo inocente do Irã responder pelos erros de Ahmadinejad? Deve os EUA bombardear o Irã, unicamente para punir Ahmadinejad???

Comento
Bom, Felipe - é esse o nome do leitor -, só posso parabenizá-lo por ter deixado um pouco de lado os preconceitos contra Israel e aceitado plenamente minhas respostas. Isso demonstra humildade e sabedoria de sua parte (as duas coisas sempre vêm juntas). Bom saber que minha ajuda serviu. Fiz a minha parte.

Entretanto, noto que esse seu preconceito antiisraelense não sumiu de todo. Ele se expressa na sua afirmação de que, "assim como o Hamas, Israel não quer a paz". E isso porque "violência gera violência" etc. etc. Com isso, você está repetindo, sob a capa de um aparente discurso fácil pacifista, um dos mitos mais profundamente arraigados na questão: o terrorismo de grupos como o Hamas e o Hezbollah seria o resultado da ação militar de Israel etc. Segundo essa visão, bastaria que Israel não agisse e o Hamas e o Hezbollah deixariam de lançar mísseis e explodir homens-bombas contra Israel etc. etc.

É uma pena que, pelo visto, você não leu meus outros posts sobre a questão, pois isso me obriga a ser repetitivo. Tudo bem, não me importo em ser repetitivo, assim como não me importo em ser didático: a ideia de que a violência do Hamas e assemelhados vem como uma reação à violência - ou à "opressão", dizem os mais cínicos - de Israel contra os palestinos é uma das maiores mentiras de todos os tempos. Por que digo isso? Por um motivo simples: porque, não importa o que Israel faça ou deixe de fazer, o terrorismo islamita contra seu povo prosseguirá. Isso porque suas raízes são muito mais profundas. Se tem alguma dúvida, então peço que não acredite em nada do que eu estou falando. Peço apenas que acredite nos seguintes fatos:

- Em 2000, Israel ofereceu ao Fatah de Yasser Arafat mais de 90% (noventa por cento) de todo o território ocupado por Israel desde 1967. A resposta de Arafat? Achou a oferta inaceitável e deu início à segunda revolta palestina, a intifada, que provocou centenas de mortos e fortaleceu ainda mais grupos como o Hamas;

- No mesmo ano de 2000, Israel retirou-se do sul do Líbano, que ocupava desde 1978. O que aconteceu desde então? O Hezbollah assumiu o controle da área, e multiplicou os ataques contra civis israelenses na fronteira, levando a uma guerra com Israel em 2006;

- Em 2005, o governo israelense (presidido por Ariel Sharon) retirou, UNILATERALMENTE E SEM PEDIR NADA EM TROCA, os colonos e soldados israelenses da Faixa de Gaza. No ano seguinte, o Hamas tomou o poder na região. Preciso dizer o que ocorreu desde então?

Isso tudo aí em cima são fatos, não são opiniões. Pesquise no Google. Grupos terroristas e genocidas como o Hamas e o Hezbollah não querem a paz, não querem dois Estados convivendo lado a lado na região - querem destruir Israel. E cada aceno de paz de Israel em direção a esses grupos só resultou, até agora, não no fim dos ataques terroristas, mas na sua intensificação. O mesmo se aplica ao terrorismo da Al-Qaeda e à sua suposta relação com o que quer que faça ou não faça o governo dos EUA. Pergunto: diante de um inimigo assim, que não quer a paz nem reconhece seu direito à existência, o que você faria?

Há apenas uma solução para o problema do Oriente Médio. E ela passa necessariamente pelo reconhecimento de Israel. E isso vale não só para o Hamas ou o Hezbollah, mas para grande parte da mídia ocidental, que ainda insiste em enxergar Israel como o lado agressor. Lembre da cobertura da guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza, há pouco mais de um mês. Quantas vezes você leu ou ouviu as expressões "reação desproporcional", "massacre" e até "terrorismo" e "genocídio" aplicadas à ação militar de Israel? Houve até quem - e não foram poucos! - comparasse a ação israelense às práticas nazistas... Agora, compare isso com quantas vezes você leu/ouviu as palavras "escudos humanos" aplicada ao Hamas em relação à população palestina. Aliás, quantas vezes você leu/ouviu as palavras "terrorista" e "genocida" aplicadas ao Hamas?

Sobre o Irã: não, Felipe, não acho que todo o povo iraniano deva pagar pelos "erros" (prefiro chamar de crimes, a menos que ser antissemita e pregar a destruição de um Estado inteiro por razões religiosas, sem falar na opressão sobre o próprio povo, sejam apenas erros, e não crimes) de Ahmadinejad e sua corja. Assim como não acho que todo o povo alemão deveria ter pago com os bombardeios aliados pelos crimes de Hitler e dos nazistas. Mas isso não significa aceitar passivamente que fanáticos como Ahmadinejad utilizem a população inocente do Irã, como fazem os seus aliados do Hamas na Faixa da Gaza, como reféns e escudos humanos. Será preciso muita perspicácia para perceber que os maiores responsáveis pela tragédia que se abateria sobre o Irã em caso de ataque americano seriam não os EUA, mas Ahmadinejad e sua turma?

É isso. Se o caro leitor tiver lido direito o que está aí em cima, e resolver enxergar a situação do Oriente Médio com olhos críticos, e não com a visão deturpada anti-Israel e antiamericana (na verdade, antiocidental) que nos é passada diariamente pelos veículos de imprensa, não terá dificuldades em perceber de que lado está a civilização e de que lado está a barbárie. Só posso garantir uma coisa: o lado da civilização e da humanidade, certamente, não é o lado dos que querem aniquilar Israel e dos que fecham os olhos para essa realidade.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gustavo,

Entendo o que queira dizer, mas é difícil aceitar de todo. Sou pacifista (creio que esta é uma boa palavra), e não consigo aceitar nenhum tipo de violência. Não aceito a manifestação do Hamas e nem a de Israel. Não creio que ser contra a violência (venha ela de quem vier) seja ser necessariamente contra Israel. Vejo o mundo por uma perspectiva diferente, onde me é intolerável qualquer tipo de guerra.

Pergunto-te: Que direito tem os EUA de atacar o Irã se o quiserem? Talvez Israel pudesse atacar, mas os EUA? Não vejo porque o mundo deveria permitir isto... A morte de um único inocente não vale para mim o bônus que se possa ganhar posteriormente com a guerra.

PS: Agradeço a paciência e as explicações.

PoPa disse...

Acho interessante o argumento sobre a morte de um único inocente. Mas imagine o Irã conseguir construir uma bomba atômica e lançá-la contra Israel. Ou contra qualquer outro país ali da volta, pois isso não seria um grande problema. Morreriam vários inocentes, não? Qual seria a equação final? Quantos inocentes morreriam na ação americana e na ação iraniana?
Também me considero um pacifista, mas lembre-se que nem sempre esta é uma opção viável.Como aquele valentão do primário que rouba a merenda, bate em todos, mesmo sem ser provocado. Ele vai continuar assim, até que alguém decida enfrentá-lo.