Renan Calheiros disse que está sendo vítima de preconceito porque é nordestino. Disse também que querem derrubá-lo porque não conseguiram derrubar o Presidente Lula, outro nordestino como ele. O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), nordestino como Lula e Renan, em defesa de seu(s) conterrâneo(s) e aliado(s), foi mais além: quase ninguém no Senado tem autoridade para falar em ética, afirmou, querendo dizer com isso que só quem tem moral para falar no assunto é ele e Renan.
Quer se dar bem no Brasil lulista? Faça pose de vítima. Quer se livrar de acusações de corrupção, depois de ter sido pego com a boca na botija? Diga que é tudo preconceito por você pertencer a alguma minoria - geográfica, racial, sexual - e você terá uma boa chance de se safar. Aproveite e diga que ninguém é melhor do que você, atirando lama nos que o acusam. Desse modo, todos enlameados, ninguém vai ser capaz de lhe distinguir dos seus acusadores e tudo vai ficar como está.
Durante algum tempo resisti a escrever algo sobre o caso do senador Renan Calheiros. Por uma questão de higiene. Afinal, o assunto já está fedendo - literalmente -, sendo constantemente repetido na mídia. Por seus ingredientes, que incluem um lobista camarada, sempre disposto a pagar as contas pessoais do dito senador, uma ex-amante bonitona e uma filha fruto de uma pulada de cerca, o caso mais parece enredo de novelão mexicano. Mas diante dos argumentos utilizados pelo excelentíssimo senhor Presidente do Senado e por seus aliados, percebi que a coisa é um pouco mais complicada. Ou mais simples, dependendo do ponto de vista.
As desculpas de Renan são a culminação de toda uma mentalidade que tem sido imposta, diuturnamente, à sociedade brasileira desde a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder, e mesmo antes disso. Embora ele não possa ser considerado um homem de esquerda - apenas para lembrar, foi um dos cabeças da tropa de choque de Collor -, suas justificativas para as relações promíscuas que mantinha com um lobista de empreiteira são retiradas de chavões incessantemente repetidos pelos esquerdistas, baseados na vitimização de certos setores da sociedade. Esse tipo de discurso está de tal forma entranhado em nosso subconsciente, de tal modo penetrou em nossas mentes embotadas por décadas de propaganda ideológica esquerdóide e politicamente correta, que hoje em dia basta repeti-lo que sempre haverá uma platéia disposta a levá-lo em conta. É exatamente esse o caso do "preconceito contra nordestinos" brandido por Renan para desviar a atenção de sua relação com o lobista, e também para tentar desqualificar o Mensalão ou o Valerioduto, que quase custaram a cadeira do Grande Molusco, o coitadinho-mor.
É esse o caso, também, das cotas raciais nas universidades e de leis específicas para beneficiar grupos como os homossexuais. O que isso tem a ver com as desculpas esfarrapadas de Renan? Muita coisa. Assim como no caso do senador alagoano, o sistema de cotas e a PLC 122/06, que está prestes a ser aprovada no Senado - o mesmo Senado de cuja presidência Renan não arreda pé nem sob tortura -, consagram um tratamento privilegiado a minorias supostamente injustiçadas ou alvo de preconceito e perseguição. As cotas, só para lembrar, reservam 20% das vagas nas universidades a estudantes "afro-descendentes", após um extremamente rigoroso e científico processo de seleção, o qual consiste no exame visual das... fotografias dos candidatos. Os que passarem por "afro-descendentes" têm a vaga garantida; aqueles cuja ascendência africana for considerada insuficiente ficam de fora e terão que entrar na universidade por outros meios mais difíceis, como o estudo. O caso da PLC 122/06 é um pouquinho mais complexo: cria uma lei especial que pune com prisão o crime de homofobia - a aversão a homossexuais -, o que significa a criação de uma categoria especial e privilegiada de cidadãos, ao punir com o rigor do monopólio estatal da violência todo e qualquer engraçadinho que tiver a ousadia de chamar alguém de veado ou boiola. Não por acaso, já se está propondo, a título de blague, a adoção de cotas para gays - só vai ficar complicado definir o critério adotado para a seleção, mas isso os examinadores, com toda sua sapiência, certamente saberão tirar de letra...
Esses exemplos não são aleatórios. Favorecer uma parcela da população, pintar seus membros como vítimas, como coitadinhos, tem sido o método empregado pelos lulistas para defender privilégios e escamotear a realidade. No caso de Lula e Renan, tal discurso tem também a finalidade de garantir a impunidade. Lula, como sabemos, baseia seu discurso numa toada só: nasceu no Nordeste, vem de família pobre, estudou só até o primário (porque quis, mas deixa pra lá), foi metalúrgico... Renan não pode dizer que vem do mesmo berço pobre, mas tem o trunfo da origem geográfica comum.
Quer se dar bem no Brasil lulista? Faça pose de vítima. Quer se livrar de acusações de corrupção, depois de ter sido pego com a boca na botija? Diga que é tudo preconceito por você pertencer a alguma minoria - geográfica, racial, sexual - e você terá uma boa chance de se safar. Aproveite e diga que ninguém é melhor do que você, atirando lama nos que o acusam. Desse modo, todos enlameados, ninguém vai ser capaz de lhe distinguir dos seus acusadores e tudo vai ficar como está.
Durante algum tempo resisti a escrever algo sobre o caso do senador Renan Calheiros. Por uma questão de higiene. Afinal, o assunto já está fedendo - literalmente -, sendo constantemente repetido na mídia. Por seus ingredientes, que incluem um lobista camarada, sempre disposto a pagar as contas pessoais do dito senador, uma ex-amante bonitona e uma filha fruto de uma pulada de cerca, o caso mais parece enredo de novelão mexicano. Mas diante dos argumentos utilizados pelo excelentíssimo senhor Presidente do Senado e por seus aliados, percebi que a coisa é um pouco mais complicada. Ou mais simples, dependendo do ponto de vista.
As desculpas de Renan são a culminação de toda uma mentalidade que tem sido imposta, diuturnamente, à sociedade brasileira desde a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder, e mesmo antes disso. Embora ele não possa ser considerado um homem de esquerda - apenas para lembrar, foi um dos cabeças da tropa de choque de Collor -, suas justificativas para as relações promíscuas que mantinha com um lobista de empreiteira são retiradas de chavões incessantemente repetidos pelos esquerdistas, baseados na vitimização de certos setores da sociedade. Esse tipo de discurso está de tal forma entranhado em nosso subconsciente, de tal modo penetrou em nossas mentes embotadas por décadas de propaganda ideológica esquerdóide e politicamente correta, que hoje em dia basta repeti-lo que sempre haverá uma platéia disposta a levá-lo em conta. É exatamente esse o caso do "preconceito contra nordestinos" brandido por Renan para desviar a atenção de sua relação com o lobista, e também para tentar desqualificar o Mensalão ou o Valerioduto, que quase custaram a cadeira do Grande Molusco, o coitadinho-mor.
É esse o caso, também, das cotas raciais nas universidades e de leis específicas para beneficiar grupos como os homossexuais. O que isso tem a ver com as desculpas esfarrapadas de Renan? Muita coisa. Assim como no caso do senador alagoano, o sistema de cotas e a PLC 122/06, que está prestes a ser aprovada no Senado - o mesmo Senado de cuja presidência Renan não arreda pé nem sob tortura -, consagram um tratamento privilegiado a minorias supostamente injustiçadas ou alvo de preconceito e perseguição. As cotas, só para lembrar, reservam 20% das vagas nas universidades a estudantes "afro-descendentes", após um extremamente rigoroso e científico processo de seleção, o qual consiste no exame visual das... fotografias dos candidatos. Os que passarem por "afro-descendentes" têm a vaga garantida; aqueles cuja ascendência africana for considerada insuficiente ficam de fora e terão que entrar na universidade por outros meios mais difíceis, como o estudo. O caso da PLC 122/06 é um pouquinho mais complexo: cria uma lei especial que pune com prisão o crime de homofobia - a aversão a homossexuais -, o que significa a criação de uma categoria especial e privilegiada de cidadãos, ao punir com o rigor do monopólio estatal da violência todo e qualquer engraçadinho que tiver a ousadia de chamar alguém de veado ou boiola. Não por acaso, já se está propondo, a título de blague, a adoção de cotas para gays - só vai ficar complicado definir o critério adotado para a seleção, mas isso os examinadores, com toda sua sapiência, certamente saberão tirar de letra...
Esses exemplos não são aleatórios. Favorecer uma parcela da população, pintar seus membros como vítimas, como coitadinhos, tem sido o método empregado pelos lulistas para defender privilégios e escamotear a realidade. No caso de Lula e Renan, tal discurso tem também a finalidade de garantir a impunidade. Lula, como sabemos, baseia seu discurso numa toada só: nasceu no Nordeste, vem de família pobre, estudou só até o primário (porque quis, mas deixa pra lá), foi metalúrgico... Renan não pode dizer que vem do mesmo berço pobre, mas tem o trunfo da origem geográfica comum.
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Dizer que veio de uma região desfavorecida economicamente - ou que é afro-descendente, ou perseguido por gostar do mesmo sexo - tornou-se o álibi preferido dos inimigos da inteligência e do mérito. No Brasil lulista, políticos corruptos não precisam mais defender-se com provas e argumentos: basta dizer que são alvo de preconceito, e pronto. Lembremos o caso da ex-ministra Benedita da Silva, apelidada de "rainha de Sabá", que despontou para a política no Rio de Janeiro com o lema "mulher, negra e favelada". Ou de Celso Pitta, o enroladíssimo ex-prefeito de São Paulo, cria do incrível Paulo Maluf, que saiu disparando que só foi acusado de corrupção porque é negro, coitado... Do mesmo modo, vestibulandos não têm mais que queimar pestanas e conquistar uma vaga na universidade por seus próprios méritos - é suficiente dizer-se afro-descendente -, e minorias como os homossexuais podem ficar sossegados, pois poderão contar com uma lei criada só para eles. Simplesmente um luxo, como diria Ataíde Patrezzi.
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Curiosamente, o mesmo discurso vitimista de Renan em relação às suas raízes geográficas tem sido usado, por décadas, pelos coronéis nordestinos aboletados no Congresso, sempre ávidos por verbas para seus currais eleitorais. Desse modo desviam a atenção das verdadeiras causas do atraso e da pobreza da região, mostrada sempre como vítima de fatores externos, desde a seca até o imperialismo. Não é por acaso que os herdeiros de Lênin, como o senador Inácio Arruda, se converteram nos mais ferozes cães de guarda de Renan.
O espetáculo deprimente de vitimização lacrimosa e demagógica proporcionado por renans, cotistas e gayzistas tem suas raízes no próprio pensamento de esquerda. Este, como qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento sabe muito bem, está baseado numa visão dicotômica e maniqueísta da realidade: burgueses versus proletários, ricos contra pobres, nações centrais e nações periféricas etc. - sempre variações da mesma conversa mole, do mesmo conto-do-vigário feito para encobrir as reais causas da pobreza e dos problemas sociais. Estas sempre serão atribuídas, segundo essa visão míope da realidade, ao outro - o imperialismo, a burguesia, a direita elitista e preconceituosa etc. etc... Diante dessa gigantesca empulhação politicamente correta, o mérito pessoal, a honestidade, a igualdade perante a Lei, tudo isso não significa absolutamente - ou "abisolutamente", como gosta de dizer o Renan - nada. Nadinha. Neca de pitibiriba.
A propósito: para quem não sabe, sou nordestino. Mas se quiserem inventar algum sistema de cotas para quem veio do Nordeste, serei o primeiro a me opor a mais essa papagaiada. Não duvido que um dia teremos também cotas para gays e torcedores do Bonsucesso. No Brasil lulista, tudo é possível.
Um comentário:
Tua visão dicotômica da realidade é irreal. Mas tdo bem sou Homossexual e por isso serei anõnimo porém sincero.
No mundo inteiro existe preconceito contra nós e nenhum empresário no nosso país é ou foi punido por discriminação quanto a opção sexual dos seus funcionários. Isso é liberdade???? Só um recadinho.
"Direita vamos devolver"
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