Além de constituir uma forma inequívoca de censura verbal - estúpida, cretina, grotesca como toda censura, além de seletiva -, a punição ao professor da UnB traz embutida a marca de uma verdadeira conspiração. No caso, uma conspiração contra a própria razão de ser da Universidade - o lugar do conhecimento e do debate por excelência. Mais que isso: trata-se de uma conspiração contra uma das poucas coisas boas que o Brasil (ainda) tem - a ausência de discriminação racial aberta, o legado de cinco séculos de mestiçagem, a convivência entre raças e grupos étnicos diversos, sem que isso tenha criado uma separação intransponível entre as mesmas. De acordo com a lógica inerente à punição, deveriam ser proibidas quase todas as marchinhas de carnaval, como aquela que diz, "o seu cabelo não nega a mulata...", ou músicas como "sarará crioulo" (aliás, uma celebração da negritude). Trocando em miúdos, o que se quer é impedir todos de manifestarem-se livremente. É proibir, enfim, o próprio Brasil.
Já afirmei e repito: o que se convencionou chamar de "movimento negro" no Brasil, em particular sua vertente mais radical incrustada nas universidades, é na verdade uma associação de mentes paranóicas e antidemocráticas, que, a pretexto de "corrigir uma injustiça histórica", têm por objetivo último a imposição de uma separação racial radical à sociedade. Na realidade, o que buscam é mesmo a criação de um outro país, bem diferente do Brasil: um país mais parecido com o sul dos EUA nos anos 60 ou com a África do Sul do apartheid, mas com o sinal invertido - um país bicolor, sem mestiços ou nuances entre as raças. Logo, um país imaginário, onde certamente suas mentes habitam e de onde retiram as estatísticas distorcidas que costumam brandir para "provar" a existência de racismo no Brasil (por exemplo, excluindo propositalmente os pardos, rotulados indistintamente como "negros"). A paranóia e a desonestidade desse pessoal já foram tão longe que até briga de estudantes por causa do barulho da música em festinhas acabou virando demonstração de perseguição racista... Tendo invertido por completo a realidade, tentando a todo custo adaptá-la a seu esquema (literalmente) branco-e-preto do mundo, não é de estranhar que acabem trabalhando por aquilo que dizem combater: em nome da luta contra o racismo, estão conseguindo institucionalizá-lo, com o sistema de cotas e, agora, com a instituição de uma polícia da linguagem nas salas de aulas. Um passo rumo a uma forma de doublespeak, de polícia do pensamento orwelliana.
Com punições arbitrárias e idiotas como a infligida ao professor Paulo Kramer, a UnB comprova aquilo de que eu desconfiava há tempos: tendo deixado há muito de ser ambientes de estudo sério e de pesquisa, as universidades brasileiras converteram-se em verdadeiras madrassas, em túmulos do pensamento crítico e paraísos de agitação política, em templos da empulhação ideológica e da vigarice intelectual. Uma assembléia de estudantes e professores durante a invasão e depredação - desculpem, ocupação - da reitoria da USP, por exemplo, terminou com os presentes entoando vivas ao Hezbollah e pregando a destruição do Estado de Israel... Isso demonstra a que ponto se chegou, e é apenas uma pequena amostra do que ainda poderá vir por aí.
Em outro lugar escrevi que denunciar as imposturas dos esquerdopatas é um dever cívico. Na verdade, é mais que isso: é uma questão de saúde pública. De saneamento básico.
P.S.: E antes que me proíbam de falar o que penso, da maneira que eu quiser, aproveito que - ainda - posso valer-me da liberdade de expressão que os "militantes negros" querem varrer do mapa para dizer com todas as letras: CRIOULADA! CRIOULADA!
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