segunda-feira, julho 23, 2007

A GRANDE CURRA LULISTA

Alguns anos atrás, quando eu ainda era estudante no Instituto Rio Branco, assisti a uma palestra de Marco Aurélio Garcia. O tema da palestra, se não me engano, era política internacional da América do Sul. Na ocasião, fiz a seguinte pergunta ao dignissímo ex-professor da Unicamp e assessor especial da presidência da República: por que o governo brasileiro não reconhecia os grupos armados que atuam há décadas na vizinha Colômbia (não citei especificamente nenhum deles), responsáveis por dezenas de milhares de mortes e pela instabilidade crônica na região, como terroristas?

Visivelmente incomodado, até mesmo irritado com pergunta tão inconveniente, ainda mais vinda de um mísero e insignificante terceiro-secretário, o professor Marco Aurélio Garcia respondeu mais ou menos assim: se o Brasil reconhecesse os grupos colombianos como terroristas, como gostaria o governo Bush e o próprio governo de Bogotá, iria certamente entrar numa encrenca danada, seria acusado de ingerência nos assuntos de um país vizinho, a guerra civil e o narcotráfico na Colômbia eram assunto exclusivo dos colombianos etc. etc. Em outras palavras: o Brasil não tinha nada a ver com aquilo e ponto final. Era a maneira de ele dizer que não gostou da pergunta e de me mandar calar a boca.

Quinta-feira passada Marco Aurélio Garcia foi pego em flagrante por uma câmera de TV fazendo o caractéristico gesto de top, top, top após ter visto reportagem do Jornal Nacional sobre o acidente do avião da TAM em São Paulo, que resultou em quase 200 mortos. A seu lado, um assessor fazia outro gesto bem conhecido, imitando uma curra. Estavam com isso, as imagens sugerem, comemorando a notícia, que dizia que o acidente poderia ter sido causado por um defeito no avião e, logo, o governo não teria nenhuma responsabilidade pelo ocorrido - o que, diga-se, só pode ser verdade em suas mentes fantasiosas. Assim acreditavam, é o que mostram as imagens, festejando que o governo não teria nada a ver com o desastre e estaria, assim, tirando o seu da reta. Pior para a companhia aérea, pensavam. Comemoravam. Celebravam. Top, top, top. Crau!

A cena ficará registrada para sempre como um dos momentos mais infelizes de um dos governos mais infelizes da História do Brasil. Quem melhor a definiu foi o senador Pedro Simon que, apesar de fazer parte do PMDB, que compõe a base política do governo, ao que parece ainda não perdeu o senso de decência. Em entrevista à TV, surpreendido com as imagens, Simon classificou a cena como grotesca e cruel, uma verdadeira afronta à dor que centenas de famílias brasileiras estão sentindo. Uma indecência, em todos os sentidos.

Observando as imagens, é impossível não concordar com Pedro Simon. A cena é realmente repugnante, nojenta, e expressa, em sua silenciosa eloqüência, todo o escárnio e deboche com que o governo Lula vem tratando a questão do caos aéreo. É semelhante, em grosseria e cinismo, ao "relaxa e goza" da embotocada Marta Suplicy. Ou às imagens revoltantes dos funcionários da ANAC rindo (!) a cem metros dos cadáveres calcinados e dos escombros do acidente do avião da TAM no aeroporto de Congonhas. Mas, ao contrário do ilustre senador, não fiquei nem um pouco surpreendido com o gesto de Marco Aurélio Garcia. Afinal, alguém que se nega a reconhecer os narcotraficantes das FARC como terroristas é perfeitamente capaz de fazer top, top, top com a desgraça alheia.

Também não fiquei nem um pouco surpreso com a reação destemperada e cretina do assessor especial de Lula, no dia seguinte à divulgação das imagens. Furibundo, Marco Aurélio Garcia chegou até a publicar uma nota oficial, em que se dizia "indignado" pela tentativa de "manipulação" de uma - foi o que disse - reação "privada", através de imagens captadas - afirmou - de "forma clandestina". Com isso, queria aparecer como vítima de uma armação, de um complô das elites e da mídia, tentando convencer a todos de que o que viram não foi nada daquilo. Mais ainda: o gesto - top, top, top - foi apenas uma reação "privada", gente... Que tenha sido feito por um funcionário de primeiro escalão do atual governo e - top, top, top - dentro de seu gabinete, a poucos metros da sala do presidente da República, é algo que parece não perturbar a lógica implacável do professor Marco Aurélio Garcia. Reação privada, rárárá.

É assim que os lulo-petistas tratam a coisa pública no Brasil. Infelizmente para eles, as câmeras da imprensa brasileira ainda não estão a seu serviço. Top, top, top pra você, Marco Aurélio Garcia.

P.S.: Pesquisando na rede, encontrei o texto a seguir, com informações bastante interessantes sobre Marco Aurélio Garcia. O texto, retirado de um site venezuelano, é de 27 de dezembro de 2002, e tem um título dos mais sugestivos: "El brasileño que gana tiempo para Chávez. Sus vínculos terroristas y con Saddam". Vale a pena dar uma olhada: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://militaresdemocraticos.com/articulos/20021227-01.jpg&imgrefurl=http://militaresdemocraticos.com/articulos/sp/20021227-03.html&h=201&w=140&sz=8&hl=pt-BR&start=6&um=1&tbnid=qo6RZOVT5pk7IM:&tbnh=104&tbnw=72&prev=/images%3Fq%3DMarco%2BAur%25C3%25A9lio%2BGarcia%2B%26svnum%3D10%26um%3D1%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DG

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