Caros senhores deputados e senadores dos partidos da assim chamada "oposição" no Brasil (escrevo "oposição" entre aspas; nos próximos parágrafos, explico por quê):
Mais um ministro do governo Dilma Rousseff caiu devido a denúncias de corrupção na pasta que dirigia. É o segundo em um mês. Certamente, não será o último.
De tão repetido, o roteiro é de todos conhecido. Já se perdeu a conta de quantos membros do governo "rodaram" desde o início do mandarinato lulopetista, em 2003. Por alguns dias, sairão reportagens e artigos detalhando o esquema fraudulento. Como boa discípula do mestre, o poste de saias e botox dirá que não sabia de nada (ou que foi traída, ou que foi tudo uma conspiração das elites e da mídia, ou outra desculpa esfarrapada qualquer). Em alguns dias, tudo estará esquecido, inclusive o nome do dito-cujo. Até que outro escândalo estoure. Então tudo se repetirá. E assim outra vez, num ciclo sem fim.
Como ocorrido nas outras vezes, o ministro corrupto ficará impune, acobertado pela máquina mafiosa no poder em Brasília. E, como também ocorreu nas outras vezes, ele caiu por causa de uma reportagem de revista, e não porque a "oposição" fizesse alguma coisa.
Aliás, esse é o motivo pelo qual escrevo esta carta. Vossas excelências não fazem nada, absolutamente nada, para se contrapor de verdade ao governo dos petralhas. Já se conformaram a um jogo de cena, a um papel realmente patético de marido corneado, deixando de fazer aquilo que se espera da oposição: opor-se ao governo.
Tivemos oito anos de deboche, durante os quais o ocupante da cadeira presidencial se deleitou saqueando o Estado e zombando da lei e das instituições. E nunca antes uma oposição foi tão irrelevante. Digo mais: tão cúmplice da própria desgraça. Agora, com a Muda Pudorosa, o escárnio continua, apenas sem efeitos especiais e sem fogos de artifício.
Em 2005, quando foi revelado - graças a um membro do esquema, vindo das estranhas do poder - o maior escândalo de corrupção da História do Brasil, vossas excelências tiveram a chance de emparedar o chefe da quadrilha e despachá-lo para o lugar a que ele pertence, a lata de lixo da História. Em vez disso, porém, preferiram pensar como políticos provincianos, e não como estadistas, esperando vencer as próximas eleições. Escolheram um candidato sem qualquer expressão, incapaz de defender as conquistas de governos anteriores, como as privatizações. Um candidato sem quaisquer condições de encabeçar a tarefa histórica de livrar o Brasil da chaga do lulopetismo. O resultado foi que o chefe do mensalão não só se reelegeu, como intensificou o escárnio e a roubalheira, graças à pusilanimidade e à bundamolice de tucanos e democratas.
Quatro anos depois, a mesma coisa. Impedido legalmente de concorrer a um terceiro mandato, o chefe da quadrilha que se encastelou no poder escolheu no meio da militância uma completa desconhecida, de passado e idéias obscuras (para não falar do raciocínio tortuoso). Alguém cuja biografia política não revelava nada que a qualificasse para o cargo de presidente da República, a não ser o fato de que era afilhada do chefão. Para piorar, alguém que não assumia as próprias idéias (em questões como o aborto, por exemplo). Novamente, em vez de explorar essas fraquezas da adversária e fazer Política com P maiúsculo, ficaram no rame-rame cotidiano, deixando o candidato a vice denunciando praticamente sozinho fatos gravíssimos como a notória ligação do PT com as FARC via Foro de São Paulo (que ainda tem gente que acha que não existe, meu deus do céu...).
Entre uma eleição e outra, tirando um muxoxo aqui e ali, nenhuma ação mais enérgica, nenhum movimento coordenado contra a bandalheira e a avacalhação. Nada. Com raríssimas exceções, como o senador Jarbas Vasconcelos (aliás, do PMDB, um partido da base alugada do governo), nada mais do que timidez e capitulação, típicas de quem não honra as calças que veste.
O que falta para vocês reconhecerem que o Estado no Brasil foi tomado por uma gangue cujo único objetivo é locupletar-se no poder, loteando e aparelhando a máquina estatal com militantes e apaniguados interessados em lucrar e em perpetuar-se nessa posição? E que, diante de tal situação, o silêncio é um crime?
Vossas excelências deveriam assumir de vez que não são oposição coisa nenhuma. Deveriam deixar de fingimento e admitir o que até as pedras da Praça dos Três Poderes já sabem: que, contra os lulopetistas, vossas senhorias são uns fracos, uns incompetentes, uns incapazes, uns palermas.
Nesse sentido, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, foi mais honesto: escancarou de vez sua vocação para o puxa-saquismo, e até fundou um partido para bajular a presidenta-gerenta. Ele está fazendo aquilo que vocês apenas pensam em fazer, mas não têm coragem. Como não têm coragem de cumprir a função para a qual foram eleitos, que é opor-se e fiscalizar o governo. Não deveriam, portanto, ficar surpreendidos com a derrota nas últimas eleições e com o encolhimento de suas fileiras. Ninguém quer ficar do lado perdedor, sobretudo quando este não quer lutar.
Em qualquer país sério, oposição e governo, direita e esquerda, disputam em condições de igualdade o poder político. Dêem uma olhada. É assim nos EUA, na França, na Alemanha, no Japão ou na Groenlândia. Nesses lugares, temas como aborto e liberação das drogas são discutidos abertamente, e ambos os lados apresentam seus argumentos, tentando influenciar a opinião pública. Nenhum assunto é tabu.
No Brasil, ao contrário, ouve-se apenas um discurso. O país assiste a um processo sem precedentes de abastardamento do Estado e de avanço das patrulhas ideológicas, num movimento que a cada dia coloca mais em perigo as liberdades democráticas, como a liberdade de expressão. Minorias organizadas e regadas com o maná do dinheiro público intimidam e acossam a maioria silenciosa e impotente, buscando impor suas agendas políticas antidemocráticas. E não vejo um único parlamentar oposicionista, um simples vereador de cidade do interior, levantar-se contra essa impostura. É triste.
Um país sem oposição está a meio caminho para a ditadura.
Há alguns dias, morreu o ex-presidente Itamar Franco. Embora controverso, foi louvado unanimemente como um político honesto (o que, dadas as condições da política atual, não é pouca coisa). Nos últimos tempos, Itamar era uma das poucas vozes a fazer oposição ao governo. Isso mostra bem a pobreza política em que o Brasil se encontra.
Outro exemplo: recentemente, o STF, cedendo ao lobby gayzista - uma das frentes de atuação do esquerdismo lulopetista -, rasgou a Constituição, usurpando a função do Legislativo ao decidir pela legalização da "união homoafetiva" no Brasil. Com isso, jogou no lixo o Artigo 226 da Carta Magna, que só poderia ser modificado por Emenda Constitucional, a ser votada e aprovada no Parlamento. Alguém viu algum parlamentar oposicionista protestando contra esse golpe constitucional?
Mais recentemente, os mesmos ministros do STF, atacados pela febre politicamente correta, decidiram pela liberalização da "marcha da maconha", sob a alegação de defesa da "liberdade de expressão". Ao fazerem isso, passaram uma borracha no Código Penal, que considera crime a apologia às drogas, abrindo caminho para outros delitos do tipo, como a exibição de imagens de santos católicos em poses homoeróticas (um crime, segundo o Artigo 208 do Código Penal). Novamente, algum político da "oposição" se mexeu para cobrar providências legais nesses casos?
Mesmo nos momentos mais negros da ditadura militar, havia oposição - legal e ilegal - ao regime. Esse, aliás, foi um dos fatores a diferenciar o regime dos generais de regimes políticos idolatrados pelos que estão hoje no poder no Brasil, como o de Cuba. Não são poucos os que estão no atual governo que adorariam ver esse tipo de regime transplantado para cá. Sem uma oposição que valha o nome, têm o caminho aberto para isso.
O partido que está no poder recusou-se a votar em Tancredo Neves para acabar com o regime militar, negou-se a assinar a Constituição de 1988 e se opôs demagogicamente à estabilização da economia com o Plano Real. Ficou contra todas as conquistas importantes ocorridas no Brasil nas últimas três décadas, apenas para surfar na onda alheia e usurpar essas conquistas, vendendo-as como próprias. Além disso, seus membros mantêm relações escancaradas com ditadores e narcoterroristas. O que falta para desmascará-lo como um bando criminoso de farsantes e vigaristas?
Desculpem, mas não consigo levar a sério uma "oposição" acabrunhada e acovardada que, diante de tamanho descalabro, mantém-se calada ou condescendente, e que se mostra incapaz de qualquer ação firme contra isso que está aí.
Não posso levar a sério uma "oposição" que se deixa guiar por pesquisas de popularidade e pelo marketing político.
Não posso levar a sério uma "oposição" que se recusa a denunciar a farra dos lulopetistas no poder para não perder votos e para não ser comparada aos lulopetistas quando estavam na oposição e gritavam "Fora FHC" todos os dias.
Não posso levar a sério uma "oposição" que silencia diante das misérias de um governo alinhado com o que de pior existe na humanidade porque, afinal, este não mexeu na economia.
Não posso levar a sério uma "oposição" que deixa para jornalistas e blogueiros a missão de denunciar a óbvia desonestidade dos lulopetistas, que passaram anos vociferando contra as mesmas políticas econômicas e as mesmas práticas clientelistas e assistencialistas que antes diziam condenar, inclusive aliando-se a gente como Sarney e Collor.
Não posso levar a sério uma "oposição" que tem, como seus maiores representantes, José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves - políticos mais interessados em agradar os esquerdistas e em posar de bons-moços do que em serem oposição de verdade.
Enfim, não dá para levar a sério uma "oposição" que come mosca o tempo todo e que se recusa a defender abertamente políticas e valores LIBERAIS e CONSERVADORES - valores que são, aliás, da MAIORIA da população brasileira - para não passar por "de direita" (como se isso fosse algum xingamento), cedendo, assim, à patrulha esquerdista.
Sinto muito, mas não posso levá-los a sério. Vocês são parte da farsa.
Só me resta sugerir que façam aquilo que, certamente, muitos nos partidos da "oposição" desejam fazer, e só não o fazem por motivos legais ou de disciplina partidária: dissolvam o DEM e o PSDB. Ou, se preferirem, podem fundi-los ao PT ou ao PMDB. Tirem a máscara que vocês usam para enganar a si mesmos, e vistam de vez a camisa com a estrela vermelha. Ninguém iria notar qualquer diferença.
Fica a dica. É claro que nenhum deputado ou senador do DEM ou do PSDB vai seguir esse meu conselho. Afinal, também para assumir a própria covardia, é preciso alguma coragem. E esse, definitivamente, é um artigo em falta no Brasil da era da mediocridade.
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