Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...
("Liberdade", Fernando Pessoa)
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Apedeuta [Do gr. apaídeutos.] Adjetivo de dois gêneros. 1.Sem instrução, sem educação. Substantivo de dois gêneros. 2.Pessoa ignorante, sem instrução. - Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
Lula disse em entrevista aquilo que todo mundo está calvo de saber, mas que reluta em dizer abertamente: não gosta de ler ("me dá sono"). Disse que até tentou folhear o novo livro de Chico Buarque, mas não conseguiu ir adiante (nesse caso, vai um desconto: como escritor, Chico Buarque é mesmo um excelente cantor, e o livro é mesmo um soporífero). Perguntado sobre o que gosta de ver na TV, nosso Guia Genial também foi claro quanto a seus interesses culturais: "quanto mais bobagem, melhor".
Uso o termo "apedeuta" para me referir a Lula faz algum tempo, e não sou o único a fazê-lo. Faço-o não por imitação, mas porque o termo, cujo significado no dicionário está aí em cima, é o mais adequado na Língua Portuguesa para classificar nosso companheiro-mor. Inclusive, já escrevi sobre o culto da ignorância que o rodeia, como poderá constatar quem tiver a curiosidade de pesquisar. Lula não é apenas alguém que não teve instrução: é o maior propagandista, entre nós, das virtudes da ignorância.
Claro, claro: sou um "preconceituoso" por dizer isso. Ainda há quem pense assim. Afinal, como é mesmo?, o homem veio da pobreza, não teve condições etc. etc. Seria verdade, não fosse por um pequeno detalhe, que repito aqui: desde que deixou o chão da fábrica, há uns trinta anos, Lula só não estudou porque não quis. Ou, como ele mesmo diz agora, porque é algo "que dá sono". Melhor assistir ao Ratinho.
Admito que esse é um aspecto, digamos, positivo, até simpático, em Lula. O fato de não ter tido instrução, de até um dia desses falar "menas" e ter problemas com o plural das palavras, é algo que certamente joga a favor de Lula, principalmente entre as classes mais baixas. É algo com que a maioria dos brasileiros se identifica com facilidade. Ainda mais no país dos "doutores" e dos "bacharéis", onde ter um diploma muitas vezes é confundido com sabedoria, isso não deixa de ser um diferencial. Confesso que entre um sujeito bonachão sem muita afinidade com as letras e um pernóstico e chato de galochas do tipo Rui Barbosa, prefiro o primeiro. Acho até que, se eu tivesse que optar entre tomar uns gorós e bater uma pelada com o Lula ou apreciar um Chadornay no Fasano com o Zé Serra, eu escolheria a primeira opção. Mas o problema é que Lula não foi eleito presidente do Clube dos Cervejeiros da Sexta-Feira ou do Arranca-Toco Futebol Clube, e sim presidente da República. Ser semi-analfabeto, quer se queira quer não, é um direito. Sentir orgulho de sê-lo, ainda por cima no posto mais alto do País, aí não. Aí já é demais.
Lula entrará para a História, se é que já não entrou, como o presidente que desmoralizou a ética, a esquerda, as instituições, a própria corrupção - e também a educação. Com ele, o Brasil regrediu uns cinqüenta anos, no mínimo. Ele é nosso índio de casaca, aplaudido e paparicado por uma legião de intelectuais embasbacados, tão ou mais ignorantes do que ele.
Lula diz que não gosta de ler. Ele tem razão. Ler não serve para nada. Principalmente, se você for Jesus Cristo, Tiradentes e São Francisco de Assis. Todos numa só pessoa.
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