A única coisa que este blogueiro aprecia na imagem acima é o meio, não a mensagem
Sei que, depois deste texto, provavelmente vou precisar de proteção policial para ir comprar jornal na esquina. Ou, pelo menos, terei que olhar para os dois lados sempre que pôr os pés para fora de casa. Certamente, muita gente vai deixar de falar comigo, e vão até mudar de calçada se me virem. A quantidade de meus inimigos vai aumentar substancialmente, e muitos vão até se oferecer para me dar uma surra. Tudo bem. Já me conformei com isso. De certo modo, até me acostumei. É a vida, fazer o quê? Além do mais, alguém precisa ser o advogado do diabo.
Eu defendo o presidente George W. Bush. Mais: considero que o mundo lhe deve desculpas. Principalmente aqueles que gritaram, nos últimos sete anos, slogans anti-Bush, queimaram seu rosto em efígie e lhe brindaram com os piores epítetos. Estes, deveriam estar ajoelhados em cima do milho, implorando perdão e arrancando tiras da pele das costas com um chicote de couro de rabo de tatu.
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Antes de se indignarem e se reunirem para me calar a boca e me quebrar todos os ossos, enfiando óleo de rícino minha goela abaixo, deixem-me pelo menos dizer as minhas razões. Depois, se quiserem, podem baixar o sarrafo, e até me colocarem no paredón.
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Primeiro, vejamos o que dizem os inúmeros críticos e inimigos de Bush Júnior. De acordo com a visão religiosamente repetida todos os dias e propagandeada por grandes filósofos como Arnaldo Jabor e Michael Moore, os últimos sete anos foram uma verdadeira catástrofe, tanto nos EUA como no resto do mundo, promovida pela administração bushista. Graças a Bush e a sua desastrosa política externa, dizem, o mundo teria se tornado um lugar pior para viver. A começar pela "guerra ao terror", promovida por ele e pelos "neocons" e falcões do Pentágono, os EUA teriam destruído países por razões "ilusórias" e violado sistematicamente os direitos humanos em masmorras como Abu Ghraib e Guantánamo, criando, com isso, legiões de fanáticos terroristas muçulmanos. Nessa visão, Bush seria o representante da "América profunda", racista, militarista, consumista e xenófoba, que se isola perante o mundo e ergue muros contra os imigrantes ilegais. Bush, um religioso fervoroso, representante da direita cristã e careta, seria um misto do que foram Reagan e Thatcher nos anos 80, um inimigo figadal das causas mais progressistas da humanidade, como o aborto, as pesquisas com células-tronco e o casamento gay. Não por acaso, ele é atualmente a figura mais odiada do planeta - há mihares de comunidades no Orkut com o título "I hate Bush" ou "Fuck Bush", para citar apenas as mais comuns. A arrogância e a prepotência de Bush teria sido responsável até mesmo por tragédias como a do furacão Katrina, em Nova Orleães, em 2005. Se bobear, são capazes de culpar o Bush pelo aumento da poluição ambiental e até pelo aquecimento global, com as emissões de carbono na atmosfera pela indústria do petróleo. Uma verdadeira ameaça, o inimigo público número um da humanidade, o Bush.
Esses são os argumentos geralmente colocados pelos inimigos de Bush. Agora permitam-me apresentar os meus. Tentem rebatê-los, se puderem.
Quanto à guerra ao terrorismo islamita, deflagrada em 11 de setembro de 2001, é difícil enxergar as razões que levaram Bush a mandar bala em países como o Afeganistão e o Iraque como "ilusórias". No caso do primeiro, as vinculações da tirania Talibã com Bin Laden e a Al-Qaeda são notórias, e não há o que discutir. No caso do Iraque, aparentemente mais controverso, já disse aqui e repito: tratava-se de derrubar uma ditadura sanguinária e que há anos patrocinava o terrorismo (como comprovam vários grupos palestinos patrocinados por Bagdá desde os anos 70). Era uma ameaça, assim como o Talibã.
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"E as armas de destruição em massa, que Bush disse que existiam, e que não foram encontradas?". Respondo: foram utilizadas nos anos 80, pelo regime de Saddam, contra os curdos e iranianos, e nada garantia que não poderiam ser utilizadas novamente. O temor de sua existência foi empregado por Saddam para enganar a ONU e tentar dissuadir os EUA de o atacarem. A única maneira de saber se ele tinha ou não as tais armas era invadindo o país e derrubando-o. Saddam era uma ameaça real. Isso, para mim, justificou sua queda. Hoje, o Afeganistão e o Iraque estão em uma situação muito melhor do que há sete anos - e quem discordar disso que prove que a ditadura do Saddam era melhor.
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"E Abu Ghraib? E Guantánamo?". Aqui faço minhas as palavras de Christopher Hitchens - autor, aliás, que não tem nada de direita -: até as tropas norte-americanas entrarem em Bagdá, Abu Ghraib era um açougue humano, onde prisioneiros políticos eram torturados e chacinados a machadadas. Com os americanos, tornou-se um centro de torturas, que foi fechado após um escândalo internacional em que os soldados foram flagrados em fotos e filmes abusando dos prisioneiros. Não se pode negar que houve um progresso. Quanto a Guantánamo, é freqüentemente lembrado que se trata de uma prisão ilegal, onde ocorrem inclusive maus-tratos contra prisioneiros. A esse respeito, lembro que Guantánamo está localizada em território de Cuba, país onde existem umas duzentos Guantánamos, em condições certamente muito piores do que a base americana - e ninguém diz nada. É que o comandante de Cuba não se chama George W. Bush...
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Alega-se que a política linha-dura de Bush contra o terrorismo islamita tem ajudado a multiplicar os terroristas - a cada ação militar norte-americana, como as invasões do Afeganistão e do Iraque, surgiriam centenas de novos candidatos a mártires, prontos a se explodirem - e aos infiéis ocidentais - em nome de Alá. É outra balela, que serve apenas para tentar justificar o imobilismo, principal combustível dos atentados. O terrorismo islamita não é o resultado de nenhuma ação norte-americana - basta ver o Afeganistão, celeiro de terroristas da Al-Qaeda, e onde os americanos não tinham colocado os pés antes de 2001 -, mas do ódio doentio de fanáticos dementes ao Ocidente e às idéias de democracia e direitos humanos. A maneira mais adequada de combater essa ameaça - aliás, a única maneira possível - não é cometer suicídio em nome da expiação de supostas culpas passadas, mas ajudar a estabelecer a democracia onde ela nunca existiu. Até agora, o principai argumento contra essa estratégia é que a democracia seria um valor "ocidental", que não poderia ser "exportado". Curiosamente, os mesmos que defendem esse ponto de vista são os que criticam o "isolacionismo" de Bush e o acusam de reacionário e contrário às liberdades individuais, ao mesmo tempo em que se colocam ao lado dos extremistas islâmicos. Já vi, como disse, muitos sites "I hate Bush", mas quase nenhum "I hate Saddam" ou "I hate Fidel Castro"...
Acusa-se Bush, ainda, de negligência no caso dos ataques de 11/09. De todas as acusações contra Bush, esta me parece a mais consistente, a única com alguma base real. A CIA e os demais órgãos de inteligência norte-americanos certamente erraram, e erraram feio, ao desprezar o perigo do terrorismo islamista antes dos ataques de Nova York e Washington. Mas, nesse caso também, se é para atacar o Bush, que não ataquem a ele somente. A negligência em relação ao terrorismo, vamos lembrar, caracterizou os oito anos anteriores de Clinton, mais às voltas com suas aventuras com charutos e estagiárias do que com uma estratégia de defesa nacional. Durante o reinado Clinton, a resposta dos EUA a atentados como os das embaixadas americanas no Quênia e Tanzânia e ao USS Cole era disparar alguns mísseis no deserto. Mesmo isso, porém, causou ondas de protesto por parte dos militantes esquerdistas e antiamericanos de plantão - os mesmos, aliás, que condenam a ação enérgica de Bush contra o terrorismo islamita, e ainda por cima o criticam por negligenciar a ameaça terrorista... Vai entender.
É óbvio que, como presidente, Bush tem muitos defeitos. No entanto, não há como negar que ele é o melhor comandante militar que os americanos já tiveram em muito tempo. Para constatar isso, basta prestar atenção para um detalhe: há sete anos, não há um atentado terrorista em território dos EUA. Também está claro que a maior parte das críticas que lhe são dirigidas é feita por gente que está cantando e andando para a paz e os direitos humanos.
Tudo o que está aí em cima prova, mais uma vez, aquilo que venho dizendo aqui neste blog e em conversas com amigos e conhecidos desde 2003: que os ataques a Bush, Rice e cia., mesmo os que parecem justificados, não passam de um pretexto para que se destile o mais vulgar antiamericanismo. Isso é verificado no seguinte fato: falar mal do Bush virou uma espécie de senha para que os esquerdistas de sempre - gente que adora criticar os EUA mas baba por um Fidel Castro - demonstrem todo seu ódio aos EUA e, por antonomásia, à globalização e ao capitalismo. Para isso, não hesitam em repetir velhos chavões da época da Guerra Fria, quando tinham na finada URSS uma "alternativa" ao "imperialismo ianque", atacando, por exemplo, a construção de um muro na fronteira com o México para conter o fluxo de imigrantes ilegais como um exemplo da "xenofobia" e do "isolacionismo" da era Bush. Os mais afoitos fazem mesmo comparações com o Muro de Berlim. Não parecem muito preocupados com o fato de que o muro, assim como barreira semelhante erguida por Israel na Faixa de Gaza, tem por finalidade impedir a ENTRADA de pessoas no país, ao contrário do Muro de Berlim, que se destinava a impedir a SAÍDA ds alemães orientais para o lado ocidental. Ou seja: critica-se o muro por ser um obstáculo não à liberdade de quem porventura queira sair do país, mas à entrada de millhares de pessoas que desejam desfrutar do American dream... Para eles, inimigos dos EUA, Bush, com seu jeitão simplório e suas políticas controversas, é o bode expiatório perfeito. A economia americana vai mal? As bolsas de valores despencaram? Estourou uma guerra no Caúcaso entre a Rússia e a Geórgia? Basta dizer que a culpa é do "Jorjibúxi", e pronto!
A Bushofobia - na verdade, americanofobia - de nossa intelligentsia esquerdóide só não é maior do que sua capacidade de inventar novos ídolos e novos mitos para compensar os que a História tratou de despachar para o lixo. O mito do momento é Barack Obama, que já foi eleito pelas elites chiques e bem-pensantes do mundo inteiro como o novo presidente dos EUA. Obama, a esperança das esquerdas, é um verdadeiro rockstar. O sujeito não tem eleitores: tem devotos. Tudo que ele diz, mesmo antes de dizer, já é "histórico". A que ele realmente veio, ninguém sabe, nem parece se importar muito em saber. O importante é que ele tem carisma, e muita lábia. Além disso, ele promete "mudança". Ninguém sabe exatamente que mudança seria essa, mas isso é o que menos importa. Afinal, atrás dele está uma multidão de artistas, intelectuais de esquerda, formadores de opinião, a beautiful people, gente linda e maravilhosa, enfim. Pois é... Já vimos esse filme. Elegemos e reelegemos Lula presidente. Com que direito falamos mal de Bush?
E então, ainda querem me dar uma surra?
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