terça-feira, junho 10, 2008

Chávez e as FARC, as FARC e Chávez...


No domingo passado, o bufão que ora atende como presidente da Venezuela, coronel Hugo Chávez, conclamou as FARC a libertar todos os reféns que mantêm em seu poder e em abandonar a luta armada. A declaração surpreendeu a muitos, que, tomados de uma onda irreprimível de otimismo e wishful thinking, acreditaram piamente que o ditador caraquenho, que sempre apoiou os narcoterroristas colombianos, estaria sinceramente interessado no bem-estar dos reféns e no fim do conflito na Colômbia. Mais: que ele, Chávez, poderia ser o mediador que ajudaria a pôr um ponto final em mais de quarenta anos de guerra civil no país vizinho.

Certamente, é assim que Chávez gostaria de ser visto, e é com esse objetivo em mente que ele fez sua declaração. Mas não se deixem enganar. É mais um truque do fanfarrão de Caracas, pelo qual ele espera, mais uma vez, ludibriar os incautos.

O recuo estratégico de Chávez não se deve a nenhum gesto de boa vontade de sua parte, nem a qualquer atitude de bom senso - o que seria, aliás, algo inusitado em se tratando de alguém como ele, que já mandou a democracia às favas na Venezuela. Deve-se, isto sim, ao reconhecimento de que um aliado seu, os narcobandoleiros das FARC, estão em maus lençóis. O responsável por isso não é outro senão Álvaro Uribe, o Presidente colombiano que não tem medo nem compactua com traficantes e terroristas, nem com os demagogos que lhes dão apoio. Nos últimos meses, as FARC sofreram os mais duros golpes em sua história criminosa, tendo perdido, em questão de dias, seus mais importantes chefes, inclusive o chefão, Manuel Marulanda, que foi fazer guerrilha ao lado do capeta. Desde que o exército da Colômbia despachou o número dois das FARC, Raúl Reyes, e divulgou o conteúdo das mensagens de seu laptop, os laços entre Chávez e seu pupilo Rafael Correa do Equador com os narcoterroristas colombianos tornaram-se inegáveis. Diante disso, normal que Chávez esteja preocupado e queira mudar o discurso, tentando distanciar-se - ao menos retoricamente - dos atentados e seqüestros.

Eu falei mudar o discurso? De jeito nenhum. Chávez não está mudando o discurso sobre as FARC coisa nenhuma. Para ele, elas continuam a ser uma "força beligerante", e não o bando de criminosos que de fato são. Para Chávez, as FARC são um importante aliado, e vice-versa, ambos fazem parte do mesmo "projeto bolivariano". Ele gostaria de ver as FARC elevadas a partido político. Não tendo mais o poder de fogo para ameaçar a democracia colombiana e tomar o poder pela força, as FARC deveriam, segundo Chávez, depor as armas e lançar-se às eleições. Como uma organização política legítima, vejam bem. Isso quer dizer que, se as FARC estivessem em plena ofensiva e o governo de Álvaro Uribe estivesse de joelhos, Chávez estaria aplaudindo a guerrilha e torcendo para a queda do governo constitucional colombiano. Como não pode fazê-lo, pois as FARC andam mal das pernas, não lhe resta outra saída senão pedir que deixem de lado as armas. Afinal de contas, guerrilha para quê, se se pode tomar o poder pelas urnas, como ele e outros, como Lula, fizeram? Mais interessante é usar os próprios instrumentos da democracia para miná-la por dentro, em vez de simplesmente querer detoná-la na marra. Para tanto, os companheiros dispõem de um aparato gigantesco de propaganda a seu serviço, que inclui jornalistas comprados e, claro, o Foro de São Paulo. É nesse sentido que devem ser interpretadas suas palavras.
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Por coincidência (?), no mesmo dia da exortação de Chávez a seus companheiros bolivarianos das FARC, dois militares venezuelanos foram presos na Colômbia tentando negociar a venda de armas às FARC. É mais uma prova do apoio material de Caracas aos narcoterroristas colombianos. Terá sido mesmo coincidência que Chávez tenha feito sua declaração aparentemente apaziguadora neste exato momento?

Não se enganem com Chávez. Como ex(?)-golpista e militar, ele sabe que a tática de guerrilha pressupõe uma boa dose de engano e dissimulação. Nisso, ele é um mestre. Assim como seus companheiros petistas.

Um comentário:

José Ricardo Weiss disse...

Além do que você postou, pelo tanto de bordoada que Chávez anda levando, resta-nos perguntar:
Presidente Chávez, será que as informações encontradas nos equipamentos de Raúl Reyes - e que você não pode contestar com suas bravatas - e a recente morte de 'Tirofijo', aquele com quem você e seu ministro negociavam, tiraram sua bravura?
Ou será que foi o pedido da Human Rights Watch, em 03/06/2008, para que você esclareça, "de maneira detalhada" em que consiste sua relação com as guerrilhas esquerdistas da Colômbia, responsáveis por graves violações aos direitos humanos, já que os e-mails contidos nos equipamentos citados - segundo José Miguel Vivanco, diretor para as Américas daquela ONG - parecem "indicar que chefes guerrilheiros estavam cometendo abusos terríveis e acreditavam contar com o respaldo do governo venezuelano"?
Ou foi a recente prisão, na Colômbia, em 07/06/2008, de um segundo sargento da Guarda Nacional da Venezuela (Manuel Agudo Escalona), entre outros venezuelanos (e colombianos reacionários), que estavam transportando mais 40 mil cartuchos de munição para fuzil AK-47, cujo destino seria as FARC, e que você negou que tal indivíduo era venezuelano mas agora teve que admitir?
Ou foi a crítica que Lech Walessa, ex-presidente da Polônia, premio Nobel da Paz em 1983 e fundador do sindicato Solidariedade, lhe fez ao dizer que você é "demagogo e populista" e lembrou que há um ano recusou um convite seu para falarem, pois ele não gosta de conversar "com gente desse tipo"?
Ou foi o fato de que a Espanha iniciou uma investigação para esclarecer a ligação entre as FARC - que você sustenta com dinheiro e armas - e o ETA, organização reconhecidamente terrorista, e que pode fazer com que os organismos internacionais cheguem até os fundilhos de suas calças para pegá-lo?
Ou será que, agora com as chefias das FARC desbaratadas, o Foro de São Paulo, através da sua pessoa - que já vinha tomando chá da tarde com 'Tirofijo' para "libertar" reféns como Piedad Córdoba (a reacionária esquerdista que pediu a Reyes que a senadora Ingrid Bettancourt NÃO FOSSE LIBERTADA) - mandou recado para que os novos chefes dos terroristas colombianos para que atendam aos "seus" apelos e tentem tornar-se uma entidade política legal, através de negociações com Uribe, para tomar o país de assalto, como você tentou fazer no golpe de Estado de 1992, quando foi preso?
Ou tudo não passa, mesmo, de mais uma falácia "demagoga e populista", parafraseando Walessa, uma mentira esquerdista (algo banal no meio "socialista"), para as eleições regionais de 23 de novembro, uma vez que, de acordo com o Instituo de Pesquisas Hinterlaces, sua gestão "é aprovada atualmente por cerca de 40% da população, uma queda significativa dos 60% de respaldo na época de sua reeleição, em 2006" e que, na própria Venezuela, "mais de 70% da população rejeita vínculo com as Farc e as consideram terroristas"?

É importante saber que este não é o único recuo de Chávez nestes últimos tempos. Há cerca de dois meses, o governo venezuelano desistiu de implantar uma controversa reforma educacional, acusada de ser ideologizante. No final de maio, revogou a decisão de cobrar das TVs privadas R$ 335 mil por hora de retransmissão de imagens geradas pelo canal estatal VTV. E em 07/06/2008, Chávez anunciou a revisão da criticada Lei de Inteligência e Contra-Inteligência, que obrigava cidadãos a colaborarem com informações às forças do Estado, sob pena de prisão.
Quanto às bravatas de sempre, de que as FARC são uma "desculpa do império" para invadir a Venezuela só nos resta rir. Os esquerdopatas adoram o "império", não podem viver sem ele. Tanto que 'Che' Guevara, o assassino burguês queridinho dos esquerdistas, não ficava sem Coca-Cola e Rolex.