Certa vez, quando eu era moleque, comprei uma camiseta de Che Guevara. Era uma dessas camisetas baratas que a garotada adora, com a famosa fotografia de Alberto Korda (que, segundo dizem, é a mais reproduzida de todos os tempos). Na época, eu tinha acabado de tomar contato com as idéias marxistas e era um fã arrebatado da epopéia da Revolução Cubana, que, para mim, era uma espécie de conto de fadas realizado (12 homens contra um exército, imaginem só...). Acima de tudo, já entrado na adolescência, eu estava de saco cheio das criancices dos colegas de turma e ansiava por ser "diferente". Nessa idade, para se enturmar ou se destacar do resto da galera, tem gente que bota piercing, fura orelha, faz tatuagem, pinta o cabelo de verde. Mais intelectualizado, eu idolatrava Che Guevara.
Ao contrário da multidão de "revolucionários" infanto-juvenis que acham muito fashion as camisetas com a estampa de Che mas que não têm a menor idéia de quem foi e do que fez o "Guerrilheiro Heróico", e dos bocós esquerdóides que vêem alguma semelhança no retrato dele com a imagem de Jesus Cristo (o que é, para mim, um argumento a mais para não ser religioso), eu sempre soube, no entanto, que a figura adorava matar. E não somente em combate - coisa que, aliás, fez bem menos do que diz a lenda, e com muito menos competência. Mas principalmente inimigos desarmados, muitos deles ex-companheiros de luta e inocentes apanhados no turbilhão da repressão política em Cuba, que ele eficientemente mandou ao paredão, em orgias de sangue. Nesse trabalho, sim, ele era muito valente e competente, agindo com zelo e devoção fanáticos. A ponto de se especular que, se tivesse demonstrado a mesma eficiência e profissionalismo na luta de guerrilhas, a América Latina inteira teria se transformado, como ele desejava, num imenso Vietnã. Ou, mais provavelmente, num grande Camboja dos anos do Khmer Vermelho.
Não, nunca ignorei esse traço acentuadamente homicida da personalidade do guerrilheiro cubano-argentino. Não era por desconhecer seu trabalho como fuzilador-mor em La Cabaña, sua aversão à democracia e sua intolerância política, nem seus retumbantes fracassos como chefão da economia em Cuba no começo dos anos 60 e, claro, como guerrilheiro, que eu me vi atraído, à certa altura, pela imagem do revolucionário barbudo. Pelo contrário. O que realmente me atraía, o que me seduziu naquele ícone rebelde do século XX, era exatamente esse apelo à violência revolucionária, a atração estética que a idéia de matar - e matar não um ou dois ou meia dúzia, mas milhares, milhões - exerce sobre cérebros facilmente impressionáveis e ainda não totalmente amadurecidos. Principalmente se esse apelo vier acompanhado de uma ideologia totalitária travestida de humanismo, como é o marxismo-leninismo. Aí, a violência e a intolerância, latentes em certos espíritos, encontram um álibi perfeito, adquirindo ares de uma verdadeira catarse pessoal.
.
Por isso acho tão engraçado quando vejo tanta gente ainda se sentir surpreendida e indignada com a "revelação" de algumas verdades inconvenientes sobre a figura histórica do guerrilheiro, como os assassinatos e os massacres que ele promoveu ou ajudou a promover (a Veja da semana passada lembrou até que ele fedia como um gambá, algo que, diga-se de passagem, também não era nenhum segredo). Como se não soubessem que, para fazer uma revolução - e uma revolução socialista -, é praticamente impossível não derramar sangue em abundância. Ora, era justamente isso que me fascinava em Che Guevara: sua disposição de mandar para o túmulo, sem dó nem piedade, os contra-revolucionários e todos aqueles que se pusessem no seu caminho rumo à construção do "homem novo". Em nome desse ideal, eu já me via, de boina e fuzil na mão, passando fogo nos burgueses e reacionários, dando um teco nos imperialistas, como um Rambo da esquerda. Por isso também nunca gostei muito da frase mais famosa que o Che teria supostamente dito, aquela do "hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás", que me parecia uma frescura, aliás totalmente destoante do personagem. Preferia outras frases dele, como aquela em que ele afirma que "a solução dos problemas da humanidade está do outro lado da cortina de ferro" e a que enaltece a capacidade do revolucionário de se transformar "numa fria, dura, insensível e perfeita máquina de matar".
Hoje, para mim, a mitologia criada em torno de Che Guevara - sua quase santificação, na verdade, com direito a mausoléu em Cuba e tudo - serve apenas para confirmar aquilo de que tomei consciência alguns anos atrás: que a violência e a intolerância, o terror e a repressão, são inerentes ao ideal comunista. Os 100 milhões de cadáveres produzidos pelas tiranias comunistas no século XX - dos quais alguns milhares devendo ser debitados na conta da ditadura que se apossou da paradisíaca ilha de Cuba, onde Che deixou sua marca de executor impiedoso - estão aí para demonstrar essa verdade mais que inconveniente. Mais que isso: a justificação da violência, a glamurização do terror, é também um traço característico dessa ideologia política. Acabo de ler uma entrevista do principal biógrafo de Che, o jornalista norte-americano Jon Lee Anderson, em que ele diz que a revolução, para Guevara, era uma religião. Isso significa que, para ele, matar, exterminar os "inimigos da revolução", era um dever sagrado, como ir à missa e receber a comunhão, ou rezar um padre-nosso.
Nisso ele não estava, obvamente, sozinho. Todos os líderes revolucionários de esquerda, desde Robespierre na Revolução Francesa, passando, claro, por Lênin e Stálin, eram/são sedentos de sangue. Mesmo os revolucionários que se tornaram vítimas da própria máquina genocida comunista que ajudaram a construir, como Trotsky, não tinham qualquer pudor moral em mandar milhares para a morte. Aliás, um dos meus textos preferidos na época em que eu andava por aí, de cabelos longos, barba rala e um retrato do Che no peito era "Nossa Moral e a Deles", de Trotsky. Nesse texto revelador, o companheiro de Lênin e criador do Exército Vermelho - que logo tomaria o lugar de Che, na minha mente adolescente, como paradigma de revolucionário dedicado e honesto - deixa claro que a moral revolucionária não tem nada a ver com a moral burguesa, capitalista. Ou seja: que, na luta pela revolução, assassinar, roubar, mentir, corromper etc. são virtudes, desde que conduzam ao fim almejado. Pelo mesmo motivo, ele não se opunha ao terrorismo por razões ideológicas ou morais, mas unicamente táticas. Assim como Che Guevara, que considerava a morte de seres humanos um mero inconveniente, um mal necessário. Ou, como certa vez disse Himmler, referindo-se aos judeus, algo apenas necessário.
A sanha assassina e antidemocrática de Che Guevara, assim como do Comandante-en-Jefe Fidel Castro, nunca foi um segredo para mim. Se fosse vivo hoje, Che Guevara estaria provavelmente embrenhado na selva colombiana, ao lado dos narcotraficantes das FARC. Ou mesmo, quem sabe, nas montanhas do Afeganistão, ao lado de Osama Bin Laden (desconfio, porém, que nosso herói hesitaria em se apresentar voluntariamente para alguma missão suicida em nome de Alá). Por isso achei tão insólitas as homenagens ao líder guerrilheiro por alguns deputados do PT e do PCdoB, no dia dos 40 anos de sua morte nos cafundós da Bolívia, como um símbolo da luta "pela igualdade, justiça social e liberdade" (!). Mas, pensando bem, num país em que se ensina nas escolas que Stálin e Mao tsé-Tung foram grandes humanistas, isso não deveria causar nenhuma surpresa.
Hoje, para mim, a mitologia criada em torno de Che Guevara - sua quase santificação, na verdade, com direito a mausoléu em Cuba e tudo - serve apenas para confirmar aquilo de que tomei consciência alguns anos atrás: que a violência e a intolerância, o terror e a repressão, são inerentes ao ideal comunista. Os 100 milhões de cadáveres produzidos pelas tiranias comunistas no século XX - dos quais alguns milhares devendo ser debitados na conta da ditadura que se apossou da paradisíaca ilha de Cuba, onde Che deixou sua marca de executor impiedoso - estão aí para demonstrar essa verdade mais que inconveniente. Mais que isso: a justificação da violência, a glamurização do terror, é também um traço característico dessa ideologia política. Acabo de ler uma entrevista do principal biógrafo de Che, o jornalista norte-americano Jon Lee Anderson, em que ele diz que a revolução, para Guevara, era uma religião. Isso significa que, para ele, matar, exterminar os "inimigos da revolução", era um dever sagrado, como ir à missa e receber a comunhão, ou rezar um padre-nosso.
Nisso ele não estava, obvamente, sozinho. Todos os líderes revolucionários de esquerda, desde Robespierre na Revolução Francesa, passando, claro, por Lênin e Stálin, eram/são sedentos de sangue. Mesmo os revolucionários que se tornaram vítimas da própria máquina genocida comunista que ajudaram a construir, como Trotsky, não tinham qualquer pudor moral em mandar milhares para a morte. Aliás, um dos meus textos preferidos na época em que eu andava por aí, de cabelos longos, barba rala e um retrato do Che no peito era "Nossa Moral e a Deles", de Trotsky. Nesse texto revelador, o companheiro de Lênin e criador do Exército Vermelho - que logo tomaria o lugar de Che, na minha mente adolescente, como paradigma de revolucionário dedicado e honesto - deixa claro que a moral revolucionária não tem nada a ver com a moral burguesa, capitalista. Ou seja: que, na luta pela revolução, assassinar, roubar, mentir, corromper etc. são virtudes, desde que conduzam ao fim almejado. Pelo mesmo motivo, ele não se opunha ao terrorismo por razões ideológicas ou morais, mas unicamente táticas. Assim como Che Guevara, que considerava a morte de seres humanos um mero inconveniente, um mal necessário. Ou, como certa vez disse Himmler, referindo-se aos judeus, algo apenas necessário.
A sanha assassina e antidemocrática de Che Guevara, assim como do Comandante-en-Jefe Fidel Castro, nunca foi um segredo para mim. Se fosse vivo hoje, Che Guevara estaria provavelmente embrenhado na selva colombiana, ao lado dos narcotraficantes das FARC. Ou mesmo, quem sabe, nas montanhas do Afeganistão, ao lado de Osama Bin Laden (desconfio, porém, que nosso herói hesitaria em se apresentar voluntariamente para alguma missão suicida em nome de Alá). Por isso achei tão insólitas as homenagens ao líder guerrilheiro por alguns deputados do PT e do PCdoB, no dia dos 40 anos de sua morte nos cafundós da Bolívia, como um símbolo da luta "pela igualdade, justiça social e liberdade" (!). Mas, pensando bem, num país em que se ensina nas escolas que Stálin e Mao tsé-Tung foram grandes humanistas, isso não deveria causar nenhuma surpresa.
---
Veja também:
"Desconstruccíon de un mito" - Elizabeth Burgos
5 comentários:
Simples,sagaz e direto ao ponto.
hola,
acá nos perguntamos:? Cuál la razion que Hugo Chavez y Evo Morales fazen y dizen lo que quer con brazil y brasileños ainda baten las palmas para el ditadores.
Evo Morales tomou na forcia petrobras de brasileños y su presidiente aceitou muy calado y ainda diz que fue justo.
Hugo Chavez faz una propaganda muy ruin en mundo de proalcool brasileño y su presidiente ainda bate palmas para el ditador Hugo Chavez con sorizo.
perdón nosa indescricion, más es muy dificil de entender porque brasileños tien tanto miedo de Hugo Chavez y Evo Morales.
la verdad es que si continuar asin Hugo Chavez y Morales conseguindo tudo de brazil na força y con mucha facilidad, con cierteza su provincia de ACRE será también tomado na força y con cierteza su presidiente y brasileños van más una vez ficar caladitos y ainda bateren las palmas para el ditadores .
perdón la sinceridad y portuñol.
más acá es motivo de destaque y mucho comentario que presideinte de brazil es Nino d erecado de : Fidel, Chavez y Morales.
Esteban Crustille
Córdoba
hola,
acá nos perguntamos:? Cuál la razion que Hugo Chavez y Evo Morales fazen y dizen lo que quer con brazil y brasileños ainda baten las palmas para el ditadores.
Evo Morales tomou na forcia petrobras de brasileños y su presidiente aceitou muy calado y ainda diz que fue justo.
Hugo Chavez faz una propaganda muy ruin en mundo de proalcool brasileño y su presidiente ainda bate palmas para el ditador Hugo Chavez con sorizo.
perdón nosa indescricion, más es muy dificil de entender porque brasileños tien tanto miedo de Hugo Chavez y Evo Morales.
la verdad es que si continuar asin Hugo Chavez y Morales conseguindo tudo de brazil na força y con mucha facilidad, con cierteza su provincia de ACRE será también tomado na força y con cierteza su presidiente y brasileños van más una vez ficar caladitos y ainda bateren las palmas para el ditadores .
perdón la sinceridad y portuñol.
más acá es motivo de destaque y mucho comentario que presideinte de brazil es Nino d erecado de : Fidel, Chavez y Morales.
Esteban Crustille
Córdoba
hola,
acá nos perguntamos:? Cuál la razion que Hugo Chavez y Evo Morales fazen y dizen lo que quer con brazil y brasileños ainda baten las palmas para el ditadores.
Evo Morales tomou na forcia petrobras de brasileños y su presidiente aceitou muy calado y ainda diz que fue justo.
Hugo Chavez faz una propaganda muy ruin en mundo de proalcool brasileño y su presidiente ainda bate palmas para el ditador Hugo Chavez con sorizo.
perdón nosa indescricion, más es muy dificil de entender porque brasileños tien tanto miedo de Hugo Chavez y Evo Morales.
la verdad es que si continuar asin Hugo Chavez y Morales conseguindo tudo de brazil na força y con mucha facilidad, con cierteza su provincia de ACRE será también tomado na força y con cierteza su presidiente y brasileños van más una vez ficar caladitos y ainda bateren las palmas para el ditadores .
perdón la sinceridad y portuñol.
más acá es motivo de destaque y mucho comentario que presideinte de brazil es Nino d erecado de : Fidel, Chavez y Morales.
Esteban Crustille
Córdoba
"Companheiro" direitista, passe lá no meu blog:
http://augustoaraujo.blogspot.com/
Achei o seu numa pesquisa do Google. Ótimos textos.
Abs
Postar um comentário