terça-feira, novembro 01, 2011

KADAFI E BIN LADEN. OU: EXPLICANDO A DIFERENÇA ENTRE UM LINCHAMENTO E UMA OPERAÇÃO DE GUERRA.

Juro que não sabia que havia tanta viúvas do Bin Laden. Uma dessas criaturas piedosas, sensíveis e humanistas escreveu o seguinte sobre o texto em que esclareço a diferença entre a morte do saudita e a de Kadafi:

Absurdo! Assim como Bin Laden, Kadafi "foi o resultado de uma operação de guerra, não de um mandado judicial".Se defendemos a lei para um devemos defender para o outro. Usar o argumento de que nenhum tribunal o julgaria, no caso de Bin Laden, não é desculpa. Publicar Excluir Marcar como spam

Vamos lá, o mais didático possível:

Kadafi: estava preso e indefeso, sem chance de escapar. Sem falar que havia um mandado de prisão contra ele expedido pelo Tribunal Penal Internacional. Sua morte foi uma execução extra-judicial, portanto ilegal e injustificável, tanto do ponto de vista politico quanto militar e moral. Não foi uma “operação de guerra”: foi um linchamento.

Bin Laden: estava escondido em uma fortaleza em um país teoricamente aliado dos EUA, protegido por militares locais. Morreu de arma na mão. Seu julgamento seria uma impossibilidade prática – cada país atingido por atentado da Al-Qaeda poderia demandar uma ação judicial contra ele, criando um imbróglio jurídico internacional (só para ilustrar: havia uma sentença de morte esperando por ele na Arábia Saudita). Sem falar no óbvio risco à segurança que capturá-lo vivo implicaria (possibilidade de ataques mais intensos da Al-Qaeda etc.). Sua eliminação foi, portanto, uma necessidade militar, um ato de guerra legítimo.

De um lado, um ex-ditador capturado e indefeso, implorando pela vida. De outro, o terrorista mais procurado do mundo, encastelado em sua fortaleza e cercado de guarda-costas dispostos a se matar para impedí-lo de ser capturado. A morte de Bin Laden foi motivo de júbilo e celebração mundial. A de Kadafi, de vergonha. E ainda há quem não veja qualquer diferença. Cegueira ou burrice? Talvez as duas coisas.

As viúvas do megaterrorista podem chorar e lamentar à vontade por ele. Prefiro lamentar as milhares de vítimas que ele fez pelo caminho. E continuo a dizer que, pelo menos no caso de Bin Laden, a Justiça foi feita. Ao contrário do que houve com Kadafi.

Tá bom, né? Mais que isso, só desenhando com lápis de cor.

Um comentário:

Anônimo disse...

A verdade seja dita: que mulher linda essa que aparece na foto logo acima a direita!