segunda-feira, fevereiro 07, 2011

AINDA O EGITO: DESENHANDO PARA IDIOTAS


Alguém ainda não entendeu - ou finge não entender - o que está em jogo no Egito (e no Oriente Médio em geral). Um anônimo escreveu o que segue: ,

Gustavo, sua lógica agora me deixou confuso. Então no Egito deveria se manter uma ditadura sendo ela apoiada pelos EUA.
Agora em Cuba a ditadura " Castrista" não é aceita simplesmente porque " ha uma alternativa melhor ?" coisa que o Egito não tem ??? usando suas proporias palavras " Me parece uma forma de ofende-los".
A ditadura de Mubarak não oferece risco aos EUA porque se aliou a ele, já a ditadura iraniana e cubana são autônomas e por isso oferecem risco a hegemonia americana.

Fico pensando: será que quem escreveu o que vai aí em cima se deu ao trabalho de pelo menos ler o que critica? Ou - o mais provável - é só alguém apostando no "nonsense"? Deixa pra lá. Respondo assim mesmo. .

Em primeiro lugar, em que momento eu digo, caro leitor, ou mesmo sugiro, que a ditadura de Mubarak deveria ser mantida? Vou lembrar mais uma vez: Mubarak é um ditador, e toda ditadura é desprezível. Uma ditadura da Irmandade Muçulmana, então, seria muito mais do que desprezível - seria uma catástrofe, e não só para o Egito, mas para a paz e a segurança da região. Mubarak é um desastre para os egípcios. A Irmandade Muçulmana no poder seria um desastre para o mundo. Alguma dúvida quanto a isso?

Quanto à ditadura comunista de Cuba, o que dizer? A alternativa para ela é uma só - a democracia. Ao contrário do Egito, Cuba não tem uma Irmandade Muçulmana. Alguma dúvida quanto a isso também?
.
Já quanto ao Irã, é aquilo que o Egito será se a Irmandade Muçulmana chegar ao poder. Esse risco existe e é a cada dia maior.

A pessoa que escreveu o comentário considera "autônomas" ditaduras que não são aliadas dos EUA e do Ocidente. Deve achar, portanto, que existem ditaduras autônomas e não-autônomas - a do Egito seria uma destas. Seu critério para definir a autonomia de um regime não são eleições livres, pluralismo político e liberdade de expressão, mas o ódio aos EUA e ao Ocidente. Autônomos, portanto, seriam os regimes que odeiam a liberdade ocidental. Autonomia seria sinônimo de antiamericanismo. O que dizer dessa sandice?
.
Para ficar claro, vamos lá, didaticamente: .

- Mubarak é um ditador. Ahmadinejad é um ditador islamita fanático e negador do Holocausto.
.
- O Egito é uma ditadura laica. O Irã é uma ditadura teocrática.

- O Egito tem um acordo de paz com Israel. O Irã jurou varrer Israel do mapa. .

- O Egito é aliado dos EUA e do Ocidente. O Irã financia grupos terroristas.

Qual dos dois é pior? .

Entendeu agora? Posso até desenhar, mas, por favor, não me peça para segurar na mão, OK?

4 comentários:

Anônimo disse...

Foi com imensa alegria que descobri seu blog , ainda que tardiamente. Parabéns pela inteligência e coragem.

Anônimo disse...

Estou escrevendo como anônimo pois no momento não tenho conta no Google, mas meu nome é Cássius.

Tendo me identificado, gostaria de dizer o que penso: Claro que uma ditatura islamita seria pior que uma pró-Ocidental, como você mesmo demonstrou neste artigo; deixo claro que não tenho menor simpatia por "bolivarianismos" e fundamentalismos religiosos e que tambem tenho receios no que diz respeito à Irmandade.
Mas agora pergunto: uma vez que você diz acreditar na democracia no Oriente Médio (tal como eu), mas desconfia dos atuais protestos, como, ao teu ver, a democracia poderia chegar a esses países? Pergunto isso pois noto em você uma clara desconfiança (que tem seus motivos, concordo) por tua parte no que diz respeito à movimentos locais que questionem ditaduras pró-americanas, como se eles inevitavelmente levassem a ditaduras piores. Assim sendo, qual é para você a solução genuinamente democratizante para o Oriente Médio?
Quanto a mim, por hora continuarei favoravel às manifestações, torcendo para que levem a uma verdadeira democracia e que mantenha um compromisso de paz com Israel. Pode ser que eu eseja sendo ingênuo, antes que diga, mas por hora fico com isso.

Meus cumprimentos.

Anônimo disse...

Boa noite Gustavo!

Muito pertinente o seu post. Algumas pessoas não conseguem entender e separar cada coisa no seu lugar. Acho que elas sofrem de um retardo na hora de concatenar as ideias.

É muito óbvio que o fato de os EUA serem um aliado do Egito não significa que os americanos sejam condescendentes com o regime ditatorial do mesmo ou de qualquer outro país. A democracia é uma busca constante dos EUA no cenário internacional.

Os EUA não podem – e nem querem – interferir na política interna de um país. Isto fere o princípio da soberania. A democracia é uma escolha que só cabe ao povo egípcio. Intervenções militares e políticas que culminam em quedas de regimes são um caso à parte de países que representaram uma ameaça, que não é o caso do Egito, hoje.

E o fato do Egito não ser uma democracia nada impede que EUA façam uma aliança estratégica do ponto de vista geopolítico com o mesmo, afinal, é vital que se busque aliados comprometidos com paz na região (e o Egisto assim é para os EUA: foi decisivo na Guerra do Golfo e tem tratado de paz com Israel).

Espero que a revolução egípcia acabe em democracia e inspire outros povos islâmicos e fazerem o mesmo. Interessante ver os egípcios utilizarem o Facebook para divulgar os protestos (tá aí um contribuição americana, hahaha).

E por fim, ler um texto como o seu na internet é como achar um copo de água gelada no meio do deserto.

Att;

Gulart.

Anônimo disse...

Ouve alguma influencia no Brasil, com as manifestações do Egito?

E quais foram as principais causas do conflito?

Por que a irmandade muçulmana tem os Estados unidos com o diabo?

Com essa guerra no Egito houve ALGUM problema em outros países, ou no próprio país? Afetou algum lugar?...