Um torcedor do Vasco depois de um entrevero com a torcida do Flamengo no Irã, segundo Lula: culpa das mortes é da oposição, diz o Apedeuta
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(ler primeiro post anterior)
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Notícia de ontem, 23/06, na Folha Online. Comento em seguida:
.O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou nesta terça-feira as mortes provocadas no Irã pela repressão aos manifestantes que protestam contra uma suposta fraude na eleição que reelegeu o presidente Mahmoud Ahmadinejad no último dia 12. O presidente brasileiro, que anteriormente havia dito que não acreditava que o resultado da eleição iraniana tivesse sido adulterado, afirmou que o povo iraniano não pode se transformar em vítima da irresponsabilidade de agentes políticos.“Há uma oposição que não se conforma [com o resultado das eleições]. O resultado desse conflito são inocentes morrendo, o que é lamentável e inaceitável por parte de qualquer democrata do mundo”, afirmou o governante em declarações a jornalistas no Rio de Janeiro.“Agora, ou a Justiça iraniana [intervém], ou o governo e a oposição se sentam e param o conflito, ou há novas eleições, ou se deixa como está, mas o povo não pode continuar sendo vítima da irresponsabilidade dos agentes políticos do Irã”, acrescentou.
Até agora, os protestos e confrontos no Irã deixaram pelo menos 20 mortos, segundo os números oficiais.
Lula recebeu críticas de setores da oposição no Brasil devido à rapidez com que, na semana passada, saiu em defesa da vitória eleitoral de Ahmadinejad e atribuiu as manifestações contra os resultados a “protestos de quem perdeu”, fazendo uma comparação com torcidas de futebol, assim como fizera o presidente iraniano.
Diante das críticas, o governo brasileiro tentou reinterpretar as declarações do presidente, afirmando que o país não tem uma posição definida sobre a eleição iraniana.
Nesta terça-feira, Lula reiterou as declarações que tinha concedido na semana passada.“Nas eleições brasileiras, as suspeitas de fraude geralmente ocorrem quando a diferença de votos entre os candidatos é de 1% ou 2%, e não quando há uma diferença tão expressiva”, afirmou.“Existem coisas quase inexplicáveis no Irã. Há uma eleição na qual um cidadão obteve 62% dos votos. É muito difícil que alguém com 62% dos votos…”, acrescentou o presidente, ao dar a entender que, em sua opinião, a possibilidade de fraude é pequena.
O argumento é semelhante ao utilizado pelo líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, que disse em sermão na última sexta-feira que as eleições haviam sido justas e questionou: “Como alguém pode fraudar 11 milhões de votos?”.
Posteriormente, o Conselho dos Guardiães — misto de Senado e tribunal superior, responsável por ratificar a eleição — reconheceu que houve mais votos que eleitores em 50 cidades. Apesar de admitir erro em cerca de três milhões de votos, a instituição endossou a vitória do presidente, e descartou anular a eleição. (...) (Grifos meus)
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Comento
É preciso reconhecer: Lula e seus devotos conseguem se superar em suas declarações. É preciso tirar o chapéu para essa gente. Mal eu havia colocado o ponto final em meu último post, e o Apedeuta surpreende a todos novamente.
Dessa vez, o mais surpreendido foi, certamente, o chanceler Celso Amorim, que dois dias atrás foi ao programa Roda Viva, da TV Cultura, para tentar arrumar de alguma maneira as afirmações do nosso Aiatolá, tentando convencer a todos que ele não tomou posição na encrenca iraniana. "Ele não tomou posição etc. e tal", disse Amorim perante os jornalistas, sendo capaz de jurar de pés juntos que aquilo era verdade. Dediquei meu último post a mostrar que isso não é verdade, que Lula, estava, sim, colocando-se a favor de um lado - o lado do mal, claro. Pois agora o Apedeuta em pessoa vem me dar razão, ao vir a público novamente para desmentir Amorim e REAFIRMAR tudo o que disse antes, não deixando qualquer dúvida de que está, sim, TOMANDO POSIÇÃO a favor de Ahmadinejad. Nem Obama, com toda sua ambiguidade - que muitos têm por sofisticação multicultural -, e que prefere matar moscas perante as câmeras a enfrentar facínoras de duas pernas, deu seu aval à fraude. Nem mesmo o Conselho dos Guardiães foi tão enfático e assertivo em seu apoio ao maluco de Teerã.
Mais: ao justificar a marmelada, Lula aproveitou para colocar a culpa pelas mortes de manifestantes na.... OPOSIÇÃO IRANIANA! (os "agentes políticos do Irã"). Isso mesmo: os cerca de 20 mortos até agora após terem sido baleados pelos meganhas da ditadura dos aiatolás só morreram devido à irresponsabilidade da oposição, que teve o desplante - vejam, só - de sair às ruas para protestar contra a fraude nas eleições. Se morre gente, diz Lula, se pessoas são assassinadas nos protestos pelas balas da polícia ou de milicianos, é por causa de uma choradeira de perdedores, como num jogo de futebol... Nada a ver com um regime que enforca dissidentes e que espanca até mulheres que mostrem os cabelos nas ruas, segundo nosso Guia Genial e filósofo de Garanhuns... E ainda repetiu a bobagem de que 62% de votos significam que não houve fraude - como se os mais de 90% que Saddam Hussein obtinha a cada "eleição" no Iraque fossem um selo de honestidade e democracia do regime.
Como será que Amorim, o bom de bico, o nosso Henry Kissinger, se sairá dessa vez? Dirá que, mais uma vez, o "resultado estava adequado"? Ou que Lula "deu apenas uma análise com os dados que dispunha (sic)"? Tentará, novamente, nos convencer que o que Lula diz não é bem assim, vejam bem, nada disso, muito pelo contrário? Se Lula aparecer vestido com uma camiseta estampando o rosto de Ahmadinejad e com a frase "Morte ao Grande Satã imperialista" (os EUA), será que ele ainda insistirá em tentar dourar a pílula e em tapar o sol com a peneira?
Numa coisa, convenhamos, Amorim está certo: não cabe ao Brasil tomar posição na questão do Irã. Pena que, ao que parece, ele não avisou Lula sobre isso. Pois o Apedeuta não só TOMOU POSIÇÃO EM FAVOR DE AHMADINEJAD, como CALUNIOU A OPOSIÇÃO IRANIANA, responsabilizando-a pelas mortes de manifestantes causadas pela polícia do regime. O mesmo vale para outros países, como Cuba e o Sudão, sobre os quais o governo Lula, com seu apoio explícito ou seu silêncio, toma posição todos os dias - a favor do carrasco contra a vítima.
Nunca na história do universo se viu coisa semelhante: um presidente justifica a barbárie em outro país, seu chanceler tenta pôr panos quentes, e no dia seguinte o mesmo presidente desmente o mesmo chanceler reafirmando as mesmas cretinices. O que dizer disso? Nada a dizer, apenas a lamentar.
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