terça-feira, novembro 06, 2007

A CAMINHO DO PÂNTANO


Se o inimigo avança, recue. Se ele recua, ataque. Se ele está concentrado, evite o combate. Se está disperso, fustigue-o. Assim ensinam os clássicos manuais de guerrilha. Assim dizia Mao Tsé-Tung, em seu Pequeno Livro Vermelho. Assim dizia também, embora com bem menos sucesso, o mítico Che Guevara, em A Guerra de Guerrilhas.

Os petistas aprenderam bem a lição. Os petistas e todos os que os apóiam, direta ou indiretamente. Em 2005, com as denúncias do ex-deputado Roberto Jefferson (um ex-aliado, é bom lembrar), eles trataram de se esconder. Ficaram na moita, esperando a poeira baixar. Agora, com a maré novamente a seu favor, graças à nossa proverbial amnésia e à incompetência/cumplicidade de uma oposição(?) dispersa e desorientada, eles voltam a botar as manguinhas de fora, saindo das sombras. Como bons guerrilheiros, já foram mobilizados pelo Alto Comando Revolucionário, agindo e agitando em favor do terceiro (e quarto, e quinto...) mandato do Grande Líder.

Logo após as primeiras denúncias sobre o Mensalão, já se vão mais de dois anos, a primeira pergunta que me veio à mente, além da clássica "cui bono?" (a quem interessa?) - que pelo visto todos, inclusive os que hoje acusam os petistas no poder, esqueceram de fazer -, foi: onde estão os petistas? Sim, cadê aquela turba de gente indignada, altamente ética, ardente defensora dos pobres e oprimidos, sempre disposta a pintar a cara e ir à rua pedir o impeachment do governante de plantão? Com a exceção dos rostos que se tornaram compulsoriamente conhecidos de todos pela freqüência com que apareceram no noticiário, na condição de réus nas CPIs-espetáculo (Delúbio, Silvinho Land-Rover, Zé Dirceu, Gushiken etc.), o grosso da militância, os companheiros da base, simplesmente se calaram. Esconderam-se, recolheram-se a um envergonhado e auto-imposto silêncio obsequioso. Para ficarmos apenas num exemplo: na USP, o berço da intelligentsia petista, antes tão tagarela, passaram-se meses sem que se ouvisse um pio, até que Marilena Chauí, a madrinha de bateria do lulo-petismo, quebrasse o silêncio, apenas para dizer que "não havia elementos suficientes" para alguma conclusão definitiva... Lembro bem que, assim que foram divulgadas as denúncias, meu esporte favorito passou a ser procurar antigos conhecidos meus, adeptos fervorosos e devotos do culto a Lula e à estrela vermelha. Por mais que eu os procurasse, a busca foi infrutífera. Subitamente, ficou difícil achá-los. Antes, os petistas estavam em todo lugar: nas revistas, universidades, programas de entrevistas, colunas de jornais, até nas novelas de televisão (lembram de O Salvador da Pátria e dos sem-terra de Renascer?). Depois, sumiram. Entocaram-se.

Agora, não. Agora, com Lula surfando nas ondas da estabilidade econômica, da qual foi ferrenho inimigo nos bons tempos do "Fora FHC", e na popularidade decorrente da esmola oficial chamada Bolsa-Família, o Grande Líder e Guia Genial já começa a sonhar com o terceiro (e quarto, e quinto...) mandato presidencial. Mas, como bom mestre da dissimulação, o que foi, aliás, durante toda sua vida adulta (lembram-se das bravatas que ele risonhamente confessou ter sido seu costume fazer antes de ser eleito?), proclama para quem quiser ouvir que nem lhe passa pela cabeça idéia tão despropositada, e que vai entregar o cargo no dia 31 de dezembro de 2010, como manda a (atual) Constituição. Para deixar isso bem claro, já mandou seu cachorrinho Aldo Rebelo, do PCdoB, dizer que terceiro mandato é "o caminho do pântano". Qualquer especulação em contrário, dizem Lula e sua tropa de choque, é somente isso, especulação. Um despautério, enfim.

É claro que é tudo jogo de cena. É óbvio que estamos diante de mais um gigantesco conto-do-vigário, de uma grande encenação de Lula e sua curriola. As afirmações peremptórias do Grande Líder de que não deseja um terceiro mandato têm tanto valor quanto suas bravatas na época em que era apenas candidato. Ele está de olho no terceiro (e quarto, e quinto...) mandato desde antes mesmo de chegar à Presidência da República. Na verdade, sua perpetuação no poder, ao estilo chavista, é seu maior, senão o único, projeto. Garantir o terceiro mandato (e quarto, e quinto...) é a base, o fundamento mesmo do petismo chapa-branca. Todos seus esforços e iniciativas estão voltados para alcançar esse objetivo. Vejam o aparelhamento do Estado pelos companheiros petistas. Estima-se em cerca de 14 mil o número de militantes comissionados em algum órgão estatal, desde a chegada de Lula ao poder, no que é talvez o maior trem da alegria de todos os tempos. Não por acaso, são esses mesmos militantes que ascenderam social e economicamente na era lulista que agora estão à frente da campanha pelo terceiro (e quarto, e quinto...) mandato. Além disso, é no mínimo estranho que um Presidente que afirma tão categoricamente seu compromisso com as regras do jogo democrático - a ponto de reivindicar, muito modestamente, a própria paternidade da democracia brasileira - não tenha, até agora, desautorizado pública e definitivamente aqueles que defendem o terceiro (e quarto, e quinto...) mandato (só para lembrar: quando começaram a falar em reeleição de Juscelino Kubitschek, na época em que isso era proibido, o próprio fez questão de colocar por escrito seu desacordo com a idéia. Logo as especulações sobre o assunto acabaram). A possibilidade de Lula fazer coisa semelhante é tão grande quanto a de vê-lo dizendo quem o "traiu" ou admitindo que sabia o que se fazia em sua volta. Em outras palavras, ele finge que não quer, que não cogita, mas, se colar, colou. Lula jura de pés juntos que não quer nem saber de terceiro mandato. Assim como não queria nem ouvir falar em CPMF, em tempos nem tão distantes.

Até o momento, a performance de Lula está conseguindo enganar muita gente, que acredita piamente que ele vai aceitar largar o osso que perseguiu insistentemente a vida toda. É compreensível. Se há algo que define quem é Lula, além da mitomania, é a laborfobia. Ou, em português da rua mesmo: a aversão ao trabalho, que muita gente confunde com falta de determinação (eu acrescentaria a literofobia, a aversão às letras e ao estudo, que ele não retomou porque não quis). Isso fica claro como água na atual ofensiva clandestina petístico-guerrilheira para rasgar a Constituição e assegurar a reeleição indefinida do Companheiro-mor. Lula, espertamente, malandramente, faz o que já se especializou em fazer: deixa que outros trabalhem por ele. Foi assim, pelo menos, nos últimos trinta anos. Quais as idéias de Lula? O que ele acha da globalização? Ou da Guerra no Iraque? Ou do aborto? Inútil indagar. Não pergunte a ele, deixe que algum companheiro da intelligentsia responde para você. Lula sempre teve à sua disposição um exército leal de intelectuais, escritores, jornalistas e artistas - sem falar na militância propriamente dita, na CUT, na UNE etc. - embevecidos com sua ignorância (voluntária) e com sua sabedoria aprendida "na escola da vida" (outro que aprendeu muito na tal escola da vida foi Al Capone, mas deixa pra lá), dispostos a tudo para protegê-lo ("blindar" é a palavra que usam hoje) e alimentar o mito em torno de sua pessoa. Mito esse que, para eternizar-se, precisa desesperadamente de um único alimento: poder.

A arte petista do fingimento e da dissimulação está presente em todos os setores do atual governo, em todos os seus momentos. Na verdade, pode-se mesmo dizer que, sem o marketing (palavrinha bonita para designar a arte de enganar os otários, induzindo-os a comprar gato por lebre), o atual governo não se sustentaria nem por cinco minutos. Basta ver a quantidade de programas e iniciativas governamentais totalmente inócuos anunciados com fanfarra e expressões altissonantes: Fome Zero, Primeiro Emprego, mudar a geografia comercial do mundo, espetáculo de crescimento etc. Ante o fracasso de todos eles - governar, infelizmente para os petistas, é um pouco mais complicado do que inventar slogans -, vai um PAC mesmo e tudo bem. Esse é um governo do marketing. Da propaganda. Do fingimento. Da mentira.

Aldo Rebelo afirmou que o terceiro mandato é "o caminho do pântano". O camarada Aldo errou o artigo. O correto é a caminho do pântano. Nele, aliás, já estamos há tempos. Vamos afundar ainda mais.

Um comentário:

Anônimo disse...

Hola acá mucho si destaca en periodicos, que presidiente de brazil va más una vez si humilhar, si acovardar la frente de Evo Morales. mucho si habla también que presidiente de brazil es nino de recado de Hugo Chavez y Fidel Castro, razión la cuál presidiente de brazil tien un conportamiento covard en relación las atitud de Evo Morales . Perdón por nuestra indescrición, más es muy estranho saber que presidiente de brazil es un covard y omiso con su propia nación. Evo Morales con apoio de Hugo Chavez tomou la forcia petrobras y su presidiente(Lula) que es un covard ainda hablou que fue justo. Muy estranho tamanã omisión y covardia de su presidiente(Lula). Perdón, más para nosotros no será nenhuma novidad si Hugo Chavez y Morales tomar su provincia de Acre y su presidiente que es un covard y omiso, ainda bater las palmas para el ditadores.

saludo,
Esteban Crustille
cordoba