sexta-feira, agosto 03, 2007

A QUESTÃO É POLÍTICA, SIM!


Ontem à noite, quem teve, como eu, a pachorra de assistir até o fim o programa político do PT (sim, eles ainda têm a cara-de-pau...), viu uma das cenas mais cínicas e revoltantes dos últimos tempos: ao fim da lengalenga de sempre, que incluiu minutos intermináveis de picaretagem marqueteira e louvação ao governo "que mais fez pelos pobres na história deste país" etc. etc., e sem que se tocasse em momento algum no assunto ética ou corrupção, o PT divulgou uma nota em que dizia "solidarizar-se" com as famílias das quase 200 vítimas fatais da tragédia em Congonhas. Como se não bastasse, na mesma nota, os companheiros disseram "repudiar as tentativas de politizar" o episódio.

Que conversa mole é essa de que o desastre de Congonhas não tem nada a ver com política? Que papo furado é esse de não querer politizar a queda do avião da TAM? É claro que a questão é política! É claro que a tragédia de Congonhas precisa e deve ser politizada!

Foi o próprio PT que politizou a morte de duas centenas de brasileiros, ao tentar transformar a apuração das responsabilidades pelo desastre numa simples disputa eleitoreira com o PSDB (vejam a nota no site oficial do PT). Foram os lulo-petistas que politizaram a questão, ao tentar a todo custo esconder o que só cego ainda não viu: que o desastre do avião da TAM foi o resultado não somente da negligência da companhia aérea, conhecida por sua ganância e pela pouca preocupação com a segurança, mas também - e principalmente - da irresponsabilidade e do descaso governamental. O avião não se espatifou apenas porque estava com o reverso travado, ou porque o manete estava fora de posição, mas sobretudo porque a ANAC, a INFRAERO, os órgãos encarregados de fiscalizar e cuidar da infra-estrutura aérea do Brasil viraram verdadeiros valhacoutos de polítização e ideologização do serviço público, em que os companheiros se locupletam.

Sob o (des)governo do Grande Molusco, assistiu-se a um verdadeiro loteamento ideológico das agências estatais, para atender a objetivos partidários da companheirada. O resultado desse aparelhamento é que, no setor aéreo, a segurança tornou-se um item secundário, com a INFRAERO torrando uma montanha de dinheiro em azulejos novos para os aeroportos enquanto se esquecia de fazer as ranhuras nas pistas, por exemplo. Ou um alto funcionário da ANAC, pago pelos contribuintes para fiscalizar as empresas aéreas, viajando para alegres temporadas em Nova York às custas da empresa que se deliciava fazendo overbooking, certa de que a ANAC não faria nada a respeito. Não é preciso ser nenhum especialista em aviação para deduzir que disso não poderia vir coisa boa mesmo. Deu no que deu.

"Não politizar a questão", francamente... Se há um partido político que se especializou em partidarizar e politizar a gestão pública no Brasil, é o PT. Onde quer que tenham colocado a mão em um governo - federal, estadual, municipal - os companheiros petistas transformaram o aparelhamento da máquina pública, da coleta de lixo ao setor aéreo, em sua marca registrada. Pouco antes do acidente da TAM, os jornais anunciavam, em suas manchetes, a criação de mais de 600 cargos comissionados no governo federal, um verdadeiro sorvedouro de dinheiro público para acolher militantes, a maioria dos quais sem nenhuma outra qualificação para exercer um cargo público que não a carteirinha de filiação ao partido. E agora querem que simplesmente deixemos isso de lado?

Também quando era oposição, o PT fazia questão de partidarizar tudo que dissesse respeito à administração pública, de incêndios florestais em Roraima até a dengue em São Paulo. Os petistas politizaram o apagão elétrico, politizaram a violência urbana, politizaram o desemprego. Com que direito, depois de terem promovido um festival de patrulhamento ideológico e de partidarização da vida brasileira por quase trinta anos, desejam convencer-nos de que o que o que houve em Congonhas não tem nada a ver com o caos aéreo por eles criado? Com que direito ainda têm a coragem de pedir que acreditemos que é tudo culpa da TAM e de insinuar que quem não engole essa balela é um tucano empedernido?

É de se lamentar que quase 200 pessoas tenham tido que perder a vida para que toda a lambança dos companheiros petistas viesse à tona. E ainda querem falar em "não politizar" a questão? Esses petistas não têm mesmo a menor vergonha na cara.

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