Esta eu catei no blog do Augusto Nunes. Mostra à perfeição como se tratam farsantes em alguns lugares e na terra dos lulas e das dilmas. Em alguns lugares, um presidente renuncia por ter plagiado uma tese de doutorado. Por estas bandas, fantasiam passado e presente, plagiam até política econômica - e ainda são louvados por isso. É como diz aquela frase: "cada país tem os vigaristas que merece".
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02/04/2012
Direto ao Ponto A renúncia do presidente húngaro, os doutores malandros e a grande tabelinha entre Celso Arnaldo e Deonísio da Silva
A aula-relâmpago de Deonísio da Silva sobre a renúncia do presidente
húngaro e os doutores malandros foi enriquecida com um comentário do jornalista
Celso Arnaldo Araújo que merece reprodução neste espaço. Acompanhem a tabelinha
entre os dois craques. (AN)
Deonísio, meu caro
Lembrança irrepreensível, na forma e na oportunidade, como sempre. Com que
então um magiar que nunca tínhamos visto mais gordo ou menos douto, dá uma lição
de Ph.D (o D aqui não de Doctor, mas de Decência) em gente nossa que só bota
banca de doutor?
O plágio do presidente húngaro ocorreu há 20 anos e, convenhamos, não é grave
o suficiente para induzir suicídio, nem na época nem tão tardiamente — mesmo
porque, sabe sobre o que versava a tese? A história dos Jogos Olímpicos. No
entanto, o presidente Pál Schmitt (nome estranho para um húngaro, não?) preferiu
a renúncia a assistir, segundo ele, à divisão do país.
Sim, o país estava eticamente dividido ─ por causa de uma tese de doutorado
sobre os Jogos Olímpicos defendida há 20 anos por um homem que, numa carreira
aparentemente lisa e reta, chegou a presidente há dois anos e que, também ao que
parece, exercia suas funções (menores, num regime parlamentarista como o
húngaro) com razoável dignidade.
Aqui, a vergonhosa defesa de tese do atual ministro da Educação não deixou
ninguém vermelho – os examinadores não renunciaram nem ao almoço daquele dia
depois de referendar, com louvor, a tese encomiástica de Mercadante. Foi,
digamos assim, uma tesinha — sem o menor tesão acadêmico. Uma jogada pra torcida
— no caso, a banca amestrada — que valeu o título. A rigor, não foi uma defesa
de tese, mas uma tese de defesa do governo Lula, por um de seus áulicos.
Tudo bem. Aloízio Mercadante hoje é, de fato e de direito, Professor Doutor.
Nada há a fazer. Se plagiou, plagiou a mediocridade de si mesmo. Mas o
sacrifício do presidente húngaro, caro Deonísio, me obriga a revolver o caso do
falso doutorado da presidente Dilma.
Lembra você? O título constava de seu currículo oficial e, numa entrevista
que deu ao Roda Viva ainda candidata, ouviu o apresentador desfilar seus
atributos acadêmicos e ela nem piscou ao saber-se detentora de “doutorado em
Economia pela Unicamp”.
Mais tarde, descobriram que o doutorado curricular de Dilma só existia no
mundo do trem-bala. E tudo ficou por isso mesmo. Mas, a meu ver, o caso dela é
mais grave que o do imolado Pál que, bem ou mal, escreveu fisicamente uma tese e
compareceu à presença de uma banca. Talvez não tivesse percebido o alcance de
seu plágio. Talvez estivesse com pressa de terminar o trabalho. Há vários
“talvez” nessa história de 20 anos atrás.
Pois Dilma, é certo, não defendeu tese alguma — de sua lavra ou de outrem. Simplesmente inventou-a, ou permitiu que a inventassem, bem como seu efeito
prático, o doutorado, que ganhou vida numa única folha de papel. Isso não soa
familiar? Coisas desse governo que só existem no papel ofício? Conhece
alguma?
O fato é: a presidente Dilma só não é doutora hoje porque descobriram que ela
não é doutora. Simples assim.
Mas confesso, Deonísio: no fundo eu gostaria que Dilma tivesse concluído seus
estudos e defendido o título que nunca defendeu e nunca teve. E como eu gostaria
de fazer parte da banca examinadora! Seria um momento histórico: examinar uma
economista, no momento de almejar o mais alto grau da hierarquia acadêmica, que
expressa muita dificuldade em defender a tese de uma única ideia.
Há, inclusive entre os colaboradores desta coluna, confrontados diariamente
com o dilmês, quem duvide de seu próprio diploma universitário em língua
portuguesa – e reivindique sindicâncias a respeito. Não chego a tanto. Conheço,
e você também, médicos, engenheiros, jornalistas e até professores que não sabem
escrever um recado de duas linhas.
Se bem que, presidente, é a primeira…
Abraço
Celso Arnaldo
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