Certa vez, por obrigação profissional, tive de fazer uma palestra-louvação sobre Paulo Freire. Foi um dos momentos mais constrangedores de minha vida. Já sabendo que o famoso "método" inventado por essa vaca sagrada do esquerdismo tupiniquim não vale uma promessa de Lula ou de Dilma Rousseff, engoli em seco minha opinião e passei cerca de uma hora enaltecendo-o, reproduzindo o discurso oficial perante uma platéia de devotos da seita freiriana.
Por isso me senti vingado pelo texto a seguir, do professor Olavo de Carvalho. Com o estilo e a verve habituais - e, principalmente, com fatos e argumentos -, OC demole mais esse deus do panteão esquerdista, recolocando-o em seu devido lugar. Demonstra, de forma cabal, que o tal "método", assim como a fama de Freire, não tem nada a ver com educação, mas com ideologia. Se eu pudesse voltar no tempo, começaria aquela palestra com a pergunta feita por OC já na primeira frase. Poucas vezes transcrevi um texto com tanto gosto como faço agora. (GB)
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por Olavo de Carvalho
Vocês conhecem alguém que tenha sido alfabetizado pelo método Paulo Freire?
Alguma dessas raras criaturas, se é que existem, chegou a demonstrar competência
em qualquer área de atividade técnica, científica, artística ou humanística? Nem
precisam responder. Todo mundo já sabe que, pelo critério de “pelos frutos os
conhecereis”, o célebre Paulo Freire é um ilustre desconhecido.
As técnicas que ele inventou foram aplicadas no Brasil, no Chile, na
Guiné-Bissau, em Porto Rico e outros lugares. Não produziram nenhuma redução das taxas de analfabetismo em
parte alguma.
Produziram, no entanto, um florescimento espetacular de louvores em todos os
partidos e movimentos comunistas do mundo. O homem foi celebrado como gênio,
santo e profeta.
Isso foi no começo. A passagem das décadas trouxe, a despeito de todos os
amortecedores publicitários, corporativos e partidários, o choque de realidade.
Eis algumas das conclusões a que chegaram, por experiência, os colaboradores e
admiradores do sr. Freire:
“Não há originalidade no que ele diz, é a mesma conversa de sempre. Sua
alternativa à perspectiva global é retórica bolorenta. Ele é um teórico político
e ideológico, não um educador.” (John Egerton, “Searching for Freire”, Saturday Review of Education, Abril de
1973.)
“Ele deixa questões básicas sem resposta. Não poderia a ‘conscientização’ ser
um outro modo de anestesiar e manipular as massas? Que novos controles sociais,
fora os simples verbalismos, serão usados para implementar sua política social?
Como Freire concilia a sua ideologia humanista e libertadora com a conclusão
lógica da sua pedagogia, a violência da mudança revolucionária?” (David M.
Fetterman, “Review of The Politics of Education”, American Anthropologist, Março 1986.)
“[No livro de Freire] não chegamos nem perto dos tais oprimidos. Quem são
eles? A definição de Freire parece ser ‘qualquer um que não seja um opressor’.
Vagueza, redundâncias, tautologias, repetições sem fim provocam o tédio, não a
ação.” (Rozanne Knudson, Resenha da Pedagogy of
the Oppressed; Library Journal, Abril, 1971.)
“A ‘conscientização’ é um projeto de indivíduos de classe alta dirigido à
população de classe baixa. Somada a essa arrogância vem a irritação recorrente
com ‘aquelas pessoas’ que teimosamente recusam a salvação tão benevolentemente
oferecida: ‘Como podem ser tão cegas?’” (Peter L. Berger, Pyramids of Sacrifice, Basic Books, 1974.)
“Alguns vêem a ‘conscientização’ quase como uma nova religião e Paulo Freire
como o seu sumo sacerdote. Outros a vêem como puro vazio e Paulo Freire como o
principal saco de vento.” (David Millwood, “Conscientization and What It's All
About”, New Internationalist, Junho de
1974.)
“A Pedagogia do Oprimido não ajuda a
entender nem as revoluções nem a educação em geral.” (Wayne J. Urban, “Comments
on Paulo Freire”, comunicação apresentada à American Educational Studies Association em
Chicago, 23 de Fevereiro de 1972.)
“Sua aparente inabilidade de dar um passo atrás e deixar o estudante
vivenciar a intuição crítica nos seus próprios termos reduziu Freire ao papel de
um guru ideológico flutuando acima da prática.” (Rolland G. Paulston, “Ways of
Seeing Education and Social Change in Latin America”, Latin American Research Review. Vol. 27, No.
3, 1992.)
“Algumas pessoas que trabalharam com Freire estão começando a compreender que
os métodos dele tornam possível ser crítico a respeito de tudo, menos desses
métodos mesmos.” (Bruce O. Boston, “Paulo Freire”, em Stanley Grabowski, ed.,
Paulo Freire, Syracuse University
Publications in Continuing Education, 1972.)
Outros julgamentos do mesmo teor encontram-se na página de John Ohliger, um
dos muitos devotos desiludidos (http://www.bmartin.cc/dissent/documents/Facundo/Ohliger1.html#I).
Não há ali uma única crítica assinada por direitista ou por pessoa alheia às
práticas de Freire. Só julgamentos de quem concedeu anos de vida a seguir os
ensinamentos da criatura, e viu com seus própios olhos que a pedagogia do
oprimido não passava, no fim das contas, de uma opressão da pedagogia.
Não digo isso para criticar a nomeação póstuma desse personagem como “Patrono
da Educação Nacional”. Ao contrário: aprovo e aplaudo calorosamente a medida.
Ninguém melhor que Paulo Freire pode representar o espírito da educação petista,
que deu aos nossos estudantes os últimos lugares nos testes internacionais,
tirou nossas universidades da lista das melhores do mundo e reduziu para um
tiquinho de nada o número de citações de trabalhos acadêmicos brasileiros em
revistas científicas internacionais. Quem poderia ser contra uma decisão tão
coerente com as tradições pedagógicas do partido que nos governa? Sugiro até que
a cerimônia de homenagem seja presidida pelo ex-ministro da Educação, Fernando
Haddad, aquele que escrevia “cabeçário” em vez de “cabeçalho”, e tenha como
mestre de cerimônias o principal teórico do Partido dos Trabalhadores, dr. Emir
Sader, que escreve “Getúlio” com LH. A não ser que prefiram chamar logo, para
alguma dessas funções, a própria presidenta Dilma Roussef, aquela que não
conseguia lembrar o título do livro que tanto a havia impressionado na semana
anterior, ou o ex-presidente Lula, que não lia livros porque lhe davam dor de
cabeça.
2 comentários:
prof Gustavo, o sr conhece um tal método chamado PBL? É um método importado que está sendo EMPURRADO dentro das universidades, pp na de Medicina ( pasme).
Não há mais aulas. O professor se resume à um chefe de torcida ou um guia de aventuras, não sei. O método , pelo que entendi, é baseado na tal "problematização". Enfim, é dado um problema e o aluno que se vire para achar a solução.
O sr imagine isto na cabecinha de um calouro, que não possui nenhum conheciemtno básico de anatomia, fisiologia, semiologia, tentar "resolver" um problema relativo à uma desfunção hepática, por exemplo...Nao funciona! ESTAMOS OBSERVANDO ISTO NA PRÁTICA ,MAS O PROFESSOR QUE CRITICAR O MÉTODO , É PERSEGUIDO.
Parece QUE em HARVARD criaram isto para liberar o professor para pesquisas, o que não é o caso do BRASIL, onde em ciencias, apenas REPETIMOS o que os maericanos fazem ou nos impõem. POR FAVOR, PROF , GOSTARIA QUE O SR COMENTASSE O PBL.
Uma minoria de invejosos incapazes de compreender tão demonstração de amor...
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