sábado, abril 28, 2012

JENIN: DEZ ANOS DO MASSACRE QUE NÃO HOUVE

Há exatamente dez anos, o mundo se ergueu, horrorizado, contra mais uma atrocidade no Oriente Médio. Tomados de sagrados ódio e indignação, a grande mídia, entidades de direitos humanos, a intelectualidade bem-pensante, a maioria dos governos e o que se convencionou chamar de opinião pública não hesitaram em condenar, de forma praticamente unânime e coordenada, um crime contra a humanidade. A vítima? Os palestinos. O algoz? Israel. O local do crime? A cidade de Jenin, nos territórios palestinos ocupados.
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De 1 a 11 de abril de 2002 - período em que ocorreu a operação israelense em Jenin -, e durante as semanas seguintes, não passou um único dia sem que os jornais do mundo inteiro, reproduzindo as declarações dos líderes políticos palestinos, narrassem, com riqueza de pormenores, cenas de morticínio dantescas, nas quais sádicos soldados israelenses se divertiam massacrando civis palestinos inocentes. Casas estavam sendo implodidas e derrubadas com famílias ainda dentro, em uma verdadeira operação de limpeza étnica como poucas vezes visto na História. Crianças, mulheres e velhos estavam sendo exterminados como baratas. Centenas, milhares de pessoas estavam sendo chacinadas num banho de sangue de fazer inveja aos carrascos nazistas. Logo a palavra "genocídio" apareceu nos noticiários para descrever a ação israelense, e foi usada ainda por muito tempo após o encerramento das operações. Enquanto isso, o então líder da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, entrincheirado numa igreja, era mostrado como um herói da resistência disposto ao martírio contra um inimigo cruel e desumano.
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Naquela ocasião, assim como ocorrera inúmeras vezes antes e ocorreria outras tantas vezes depois, Israel foi demonizado até o limite do possível, enquanto o lado palestino foi enaltecido como vítima de uma agressão. E, como é costume há mais de sessenta anos, optou-se por ignorar o essencial: os fatos.
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Sabe você, caro leitor, quantos morreram do lado palestino naquilo que foi descrito como o "massacre de Jenin"?
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Resposta: 52. Cinquenta e dois.
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A quase totalidade, membros da organização de Arafat, a Fatah (principalmente de seu braço armado, as "Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa").
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Sabe também, gentil leitor, quantos militares israelenses perderam a vida na tarefa de aniquilar os indefesos palestinos? 23 (vinte e três).
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Pois é. 52 a 23. Um "massacre" terrível, não? Faz Ruanda e Srebrenica parecerem uma briga de rua.
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De onde eu tirei esses números? Da própria Organização das Nações Unidas (ONU), que divulgou, algum tempo depois, um relatório sobre o ocorrido. A números semelhantes chegaram organizações de direitos humanos como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch.
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Todas essas entidades, insuspeitas de qualquer simpatia em relação a Israel - muito pelo contrário: no caso da ONU, a hostilidade ao Estado judaico é notória -, chegaram à idêntica conclusão: não houve massacre algum em Jenin, a não ser o da verdade. Este continua no tocante ao conflito israelo-palestino.
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A menos que se considere a hipótese extremamente implausível de que os 23 militares israelenses que pereceram em combate com as forças de Arafat tenham cometido suicídio ou sido mortos por fogo amigo, ou, ainda, ao trocarem deliberadamente tiros entre si (provavelmente indignados contra os companheiros que se deliciavam metralhando impunemente os 52 palestinos mortos), o que ocorreu em Jenin foi uma batalha, não um massacre. Uma batalha vencida militarmente pelos israelenses, mas perdida por estes no terreno da propaganda, como ocorre desde a criação de Israel, em 1948.
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Na ânsia condenatória a Israel que tomou conta dos "fazedores de opinião" no mundo inteiro, pouca ou nenhuma atenção foi dada ao fato de que a ação israelense em Jenin foi uma resposta de Israel à retomada dos ataques terroristas estimulados por Arafat - a chamada "segunda intifada" -, decorrente da recusa, por parte deste, do plano de paz apresentado em 2000 pelo então primeiro-ministro israelense Ehud Barak. Barak concordou em devolver 97% das terras ocupadas por Israel desde 1967 na Cisjordânia. Arafat rejeitou a oferta. Hoje, a Fatah se arrepende amargamente de não tê-la aceito (atualmente, o governo da Fatah na Cisjordânia disputa com os fanáticos islamitas do Hamas a hegemonia nos territórios palestinos).
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Pensa você, prezado leitor, que, passados dez anos, algum órgão da grande imprensa, algum intelectual, algum governante dentre os que condenaram tão energicamente o "massacre" em Jenin se preocupou em divulgar um desmentido, reconhecendo que errou e que ignorou os fatos acima?
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Não, nenhum fez isso. Ninguém retirou o que disse. Nem mesmo um simples pedido de desculpas.
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Pelo contrário: de lá para cá, a propaganda antiisraelense só se intensificou, fazendo uso de novos e renovados pretextos (os últimos deles, a questão dos assentamentos judaicos e a cerca construída por Israel para evitar ataques terroristas). E assim Israel foi mais uma vez pichado como um Estado agressor e "genocida"...
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Convém lembrar o caso de Jenin diante de opiniões como a do escritor alemão Günther Grass, que há algumas semanas publicou um artigo num jornal  de seu país denunciando Israel como uma ameaça à paz no Oriente Médio. Grass escreveu isso  enquanto silenciava, entre outras coisas, sobre o regime teocrático islamita do Irã, que quer ter a bomba atômica para - como não esconde seu presidente, Mahmoud Ahmadinejad - varrer Israel do mapa. Também vale recordar esse episódio nem tão distante diante de orquestrações como a do navio turco Mavi Marmara, que em 2010 levou adiante uma bem-sucedida operação de propaganda anti-israelense em conluio com o Hamas (ainda lembro da reação indignada de um colega de trabalho quando tentei argumentar que a coisa toda fora uma provocação contra Israel...).
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Hoje, como ontem e certamente também amanhã, a mentira é o método utilizado pelos antiisraelenses de todos os matizes, da extrema esquerda à extrema direita, que se dedicam a apresentar o conflito do Oriente Médio com tintas simplistas e maniqueístas, satanizando a única democracia da região como o lado "mau" e "perverso", enquanto "esquecem" que do outro lado encontram-se criminosos e terroristas. E, assim como em tantos outros momentos da História, jamais haverá quem admita que, por trás de muitas das críticas - algumas delas, plenamente justificáveis - está tão-somente o desejo irreprimido de completar o serviço deixado inconcluso em Auschwitz e em Treblinka.
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Exemplos como o de Jenin provam que falsear a realidade para acusar Israel de crimes inexistentes não é visto como uma atitude desonesta e inaceitável. Defender o direito de Israel se defender, por sua vez, causa reações apaixonadas de repúdio. Propugnar sua destruição, por outro lado, não provoca tantos protestos. E quem quer que enxergue nisso um laivo de antissemitismo é invariavelmente tachado de mentiroso, racista e assassino. Difícil imaginar inversão maior da realidade.  

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