Do blog do Alex Medeiros, jornalista lá da minha terra (http://www.alexmedeiros.com.br/). A foto também foi tirada de lá.
No andor em que vai parte da sociedade brasileira, encarando o cotidiano a partir de visões de ideologias beirando o fundamentalismo, estou vendo a hora a militância alternativa convencer a nação de que peido é de direita e flato é de esquerda.
Após uma década de administração petista, em conluio com os diversos gêneros da esquerdopatia tupiniquim, tudo no Brasil virou motivo de dicotomia política. E nada é mais imbecil do que alguém tocar a própria vida a partir de preceitos partidários.
O filósofo inglês Francis Bacon deu uma receita para se viver bem que consistia em termos sempre disponível “madeira velha para queimar, vinho velho para beber, velhos amigos em quem confiar e autores antigos para ler”. Mas não precisava exagerar, né?
Incrível como o conselho do velho Bacon foi levado ao exagero no Brasil do século XXI, transformado no talvez único grande país onde as velhas teorias comunistas ainda são lidas, digeridas e discutidas, como se fossem uma grande novidade filosófica.
Enquanto o mundo busca saídas no campo da gestão administrativa, aqui ainda se debate, com toda a velha pompa acadêmica, sobre a revolução operária e outras baboseiras similares saídas do mofo que escapa dos livros marxistas-leninistas.
Jovens teleguiados nos surrados conceitos ainda pregados por professores militantes, fantasiam o cotidiano com delírios de combatentes de pregressas décadas. Deslocados no tempo, cospem na era do Facebook idéias de equivocados e outroras guerrilheiros do Araguaia.
As cidades estão cheias deles, pobres arautos de causas perdidas, pretensos instrumentos de uma rebeldia tardia, dotados de revanchismo retroativo que interpretam como resgate histórico. Projetam em seus equívocos analíticos todas as conspirações imagináveis.
Alguns deles convivem diariamente numa espécie de comunidade de ciganice online, ponto de apoio para investidas teóricas em reuniões regulares sempre realizadas em bares, shoppings, cafés ou livrarias. Se auto-proclamam as vozes do progresso.
Nada escapa aos seus descontentamentos para-ideológicos, nutrem um dedicado ódio ao pessoal do PSDB, representado nas figuras de FHC e José Serra. Coitados, esquecem que tucanos e petistas são abortos políticos de uma mesma placenta partidária.
Não testemunharam – nem seus mestres informaram – na manjedoura do PT a presença de magos sociais democratas como Mário Covas, FHC, Franco Montoro, Ruth Cardoso, Afonso Arinos, entre tantos outros. Luiz Inácio e a choldra adoravam aplaudi-los.
O mais hilário hoje, quando vemos tanta pendenga politiqueira na blogosfera e nas redes sociais entre petralhas e tucanos, é vê-los silenciar e contemporizar com alguns aliados como José Sarney, Renan Calheiros, Fernando Collor, Jáder Barbalho e outros.
Como é lindo chamar de progressista um cantorzinho de pagode cuja maior contribuição para o comunismo foi surrar uma namorada. O cara é candidato a prefeito da maior cidade do Brasil pela revolucionária legenda do PC do B. Meu deus, diria um ateu.
No devaneio de encarar tudo como uma batalha política, há blogueiros que projetam num simples acidente de trânsito um quadro exemplar para estabelecer a luta de classes. Com tanta paranóia e esquizofrenia, melhor seria batizá-los de blogueiros projetistas.
Um blogueiro projetista que se preza precisa estar atento 24 horas para as possibilidades de revolução popular e para as chances de destruir reputações dos inimigos burgueses, como ocorre agora ao jovem Thor Batista, filho do milionário Eike Batista.
Pelas redes sociais, os militantes do delírio se antecipam ao boletim policial, aos laudos técnicos, às investigações cíveis e partem para sentenciar o rico que matou o pobre, condenam primeiro sua condição social, como uma estratégia de milícia ideológica.
Noutro exemplo, queimam na fogueira do seu sectarismo sem fim o médico que reagiu a um assalto matando o bandido. O perfil pessoal e o status social da vítima logo se tornam provas da sua periculosidade, deixando ao marginal o papel de violentado.
Vomitam teses sociológicas, estampam palavras de ordem pacifistas, ditam regras jurídicas que no fundo valem como defesa da bandidagem. Essa gente não me engana; desde 1983 que eu adquiri imunidade opinativa à velha sociologia de passeata.
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