Primeiro foi o homem
formado na universidade da vida, caso único na história da humanidade de filho de uma mulher que nasceu
analfabeta (as mães dos demais mortais, como se sabe, já vieram ao mundo recitando Shakespeare e Fernando Pessoa), que nos brindou a todos com suas pérolas de sabedoria.
Graças a ele, aprendemos, por exemplo,
que, ao contrário do que mostram os mapas e livros de geografia, o Brasil não faz
fronteira com a Bolívia.
Foi-nos revelado, ainda,
que para se viajar do Brasil aos EUA é preciso atravessar o Oceano Atlântico –
a Terra de Obama, como se sabe, fica na Europa ou na África, não na América.
Para ficar no terreno da
geografia, descobrimos que os iranianos são árabes, e não persas, e que o
problema do aquecimento global só existe (!) porque a Terra é redonda. Sem
falar na revelação
histórica, que passou despercebida até aos maiores pesquisadores, de que
Napoleão invadiu a China.
Foram algumas contribuições ao avanço da ciência feitas pelo maior líder mundial
desde o Gênese. Outras certamente viriam, se nosso demiurgo, que dispensou a
educação
formal quando teve a chance, não considerasse o hábito de ler tão enfadonho
quanto andar de esteira (seu contributo ao estímulo à leitura entre as crianças).
Tantas foram as gemas de
pura ciência e aristotélica inteligência despejadas ao longo de oito longos
anos pelo criador do Brasil-Maravilha registrado em cartório que muitos sábios,
certamente humilhados por tamanha sapiência, resolveram conceder-lhe várias
homenagens acadêmicas. Já estão pensando mesmo em criar uma disciplina especial
somente para descobrir como receber um título de doutor honoris causa sem precisar
ter lido sequer um livro na vida.
Agora, o mestre parece ter
encontrado uma discípula à altura.
Embora não tão hábil com as palavras quanto o mentor e inventor, a ponto
de quase nunca conseguir concatenar, numa mesma frase, sujeito e predicado, de
modo a apresentar uma única idéia coerente, obrigando observadores a fazerem
uso de um intérprete, a Soberana parece estar se esforçando para atingir o mesmo nível de
excelência.
Quem mais, além da musa de
Arnaldo Jabor, para nos ensinar que o Oceano Atlântico não passa de um
tributário dos rios Capibaribe e Beberibe, como disse ela em recente discurso
no Recife? (Duvida? Veja aqui: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/celso-arnaldo-conclui-a-antologica-implosao-do-pior-discurso-de-todos-os-tempos/)
Depois dessa, a quem
poderia surpreender uma ministra dos Direitos Humanos (!) dizendo não ver nenhum problema nesse quesito na ilha-prisão de Cuba (!!) e pregando abertamente a
desobediência à Lei (no caso, a de Anistia) para transformar uma "comissão da verdade" numa farsa para punir militares de pijama (mas não os companheiros que jogaram bombas, sequestraram e mataram inocentes)?
E o que dizer de uma
ministra das mulheres confessar-se uma aborteira (!) praticante e dizer (e ser
aplaudida!) em seu discurso de posse que ela, ex-integrante de grupo armado de
extrema-esquerda nos anos 60, lutou pela democracia (!!!)?
E mais: sendo apoiadas pela
presidente e pelo ministro da Defesa (!), que pediram punição a um grupo de militares da reserva (amparados
na Lei, que lhes dá esse direito) por terem lançado manifesto contestando o que vai
acima?
Diante disso, francamente,
que importância tem o fato de que o Brasil teve como ministro da Educação um militante que não sabe soletrar
a palavra “cabeçalho”
e que aprovou livros didáticos ensinando (!) que falar – e escrever – “nóis
pega os peixe” é a mais pura manifestação
de variedade linguística?
O que é isso, diante da
verdadeira revolução
na geografia mundial proporcionada pelos discursos da Poderosa? Ou a formidável
revisão histórica realizada pelos companheiros de armas que, tendo fracassado
em seu intento de transformar o Brasil numa nova Cuba, agora alegam terem
lutado por eleições
livres e liberdade de imprensa?
Não duvido que um dia
acordaremos com a notícia de que o governo decidiu, por decreto, que o Oceano Pacífico nasce no rio S. Francisco, Tóquio é uma filial do bairro paulistano da
Liberdade e Veneza, um subúrbio da capital pernambucana.
É o Brasil, caminhando célere
para se tornar a maior potência mundial.
Um comentário:
Acabou de sair: Osama Bin Laden não foi jogado no mar. Seu corpo foi para os EUA!
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