terça-feira, abril 20, 2010

É ASSIM QUE COMEÇA


Segundo o PT, esta placa traz embutida uma mensagem política disfarçada...
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Este ano, os telespectadores da Rede Globo não verão no ar o jingle que a emissora carioca preparou para comemorar seu 45o aniversário. Ao contrário do que aconteceu quando ela fez 20, 25, 30, 35 e 40 anos, a televisão do falecido Roberto Marinho não irá veicular qualquer mensagem alusiva a seus 45 anos de existência. O motivo: o coordenador de campanha da candidata petista à Presidência da República, um tal Marcelo Branco, enxergou uma suposta mensagem subliminar pró-José Serra na mensagem da Vênus Platinada.
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Onde estaria essa mensagem disfarçada, destinada maquiavelicamente a influenciar, de maneira sub-reptícia, o subconsciente das pessoas e induzi-las a votar no candidato tucano? No número "45", referente ao aniversário da emissora (o mesmo do PSDB), e na frase "todos queremos mais", que lembra o slogan "o Brasil pode mais", da candidatura Serra. O fato de a campanha da Globo ter sido criada em novembro, antes portanto de qualquer candidatura ou slogan terem sido definidos, não faz qualquer diferença para os lulo-petistas: a campanha da Globo é pró-Serra, já deram o veredicto.

A história já seria absurda e ridícula o suficiente, se não fosse por um detalhe: a atitude da Globo. O que fez a emissora? Protestou energicamente contra essa tentativa esdrúxula de censura? Colocou-se abertamente em defesa da liberdade de expressão? Mandou Marcelo Branco e seus patrulhadores ideológicos para a Cuba que os pariu? Não. Em vez disso, "para evitar polêmica", segundo disse em nota, a direção da emissora resolveu... tirar a campanha do ar!

Isso mesmo: a poderosa Rede Globo, o maior canal de TV do País, cedeu à patrulha da petralhada. "Para evitar polêmica", decidiu autocensurar-se, deixando de mencionar seu próprio aniversário. Isso porque um petista viu propaganda eleitoral anti-PT na comemoração dos 45 anos da emissora (!). Poderia ser qualquer outro número, menos o 45! O 45, não pode!

Ou seja, um canal privado de comunicação, por pressão de um assessor de campanha petista, retira do ar uma mensagem alusiva a si próprio, sem qualquer conotação política. Enquanto isso, o presidente da República é condenado duas vezes pelo TSE por usar a máquina do Estado para fazer campanha antecipada de sua candidata. Os mesmos que rasgam a lei para fazer propaganda eleitoreira exigem que uma emissora particular retire uma campanha do ar por supostamente fazer referência à candidatura adversária! E pior: conseguem que ela seja retirada do ar!

Em outras palavras: a partir de agora, para não melindrar algum eleitor de Dilma Rousseff, as emissoras de TV do Brasil estão proibidas de citar o número 45 em sua programação. Qualquer referência a esse número maldito - o ano do fim da Segunda Guerra Mundial, por exemplo, o calibre de certas pistolas usadas pela polícia ou aquela música de Jorge Benjor, Charles Angel 45 - deverá ser banida do noticiário e de programas televisivos. De acordo com a visão que respalda essa atitude, o fato de a Globo ter sido inaugurada em 1965, completando portanto, este ano, 45 primaveras, só pode ter sido o resultado de uma conspiração contra o PT (que surgiu quinze anos depois, mas isso não vem ao caso, claro). Assim como o fato de não ter comemorado seu 13o aniversário, ocorrido em 1978 (quando o PT só foi criado dois anos depois, mas isso também não é importante: afinal, todos sabem que a Globo é anti-PT...). Agora entendi aquela fixação do Zagallo no número 13: era propaganda do PT! E os 50 anos de Brasília, comemorados esta semana? Propaganda do PSOL, claro!

Tudo isso, para além da palhaçada, da pantomima, é algo extremamente grave. Estamos diante de mais uma tentativa - infelizmente, bem-sucedida - de os petistas pautarem a imprensa, em especial as emissoras de TV, subordinando-as à sua agenda política. Nesse caso, a Rede Globo, que já foi acusada, outras vezes, de ser "contra o PT". Lembrem da edição no Jornal Nacional do debate presidencial no segundo turno da eleição em 1989 entre os então rivais e hoje amigos do peito Collor e Lula: até hoje, há petistas que saem gritando que foram prejudicados por uma suposta edição tendenciosa do debate (era papo de perdedor: Lula foi pior no debate, como se sai pior, aliás, em qualquer debate).

O pior é que, se a Globo pode ser acusada de alguma manipulação, é a favor de Lula e dos petistas. Lembrem do plebiscito do "desarmamento", em 2005: naquela ocasião, a Vênus Platinada colocou todo seu poder e um batalhão de artistas para defender a idéia idiota de que desarmar a população tornaria a sociedade mais segura. O PT e o governo Lula defendiam a mesma coisa. E não me lembro de ter visto nenhum petista dar um pio. Não me lembro de ter visto nenhum Marcelo Branco falar em "mensagem disfarçada" (que nem disfarçada era: era explícita) para "influenciar o eleitorado". Sem falar nas telenovelas, uma subcultura a serviço da boiolice politicamente correta, tão ao gosto dos ideólogos esquerdistas que estão hoje no governo.

A censura está de volta. Ela atende hoje pelo nome de "controle social da mídia", de politicamente correto, de "isentismo", de frescuras e babaquices do tipo. Começa assim. Ninguém sabe como termina. Ou melhor, sabe, sim: com um ditador pendurado, de cabeça para baixo, em um posto de gasolina.
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