terça-feira, outubro 07, 2008

CANDIDATO, EU? TÔ FORA!

O namorado de uma prima minha, jornalista lá em minha terra, Natal-RN, resolveu se candidatar a vereador nessas eleições. Em sua campanha, defendeu uma plataforma voltada para a proteção do meio ambiente - tema que, desconfio, jamais sairá de moda. Defendeu ônibus 24h e banheiros públicos nas praias da cidade. Prometeu defender a cultura local e iniciar a "desintoxicação" da Câmara Municipal, além de assumir, como compromisso de campanha, a instalação de uma webcam ligada 24h em seu gabinete caso fosse eleito. Não foi eleito.

Eu até votaria nele, com quem, aliás, até simpatizo como pessoa, e que me parece um sujeito honesto e bem-intencionado, se não fosse por algumas circunstâncias. Primeiro: há anos morando em Brasília, já me acostumei a justificar meu voto, o que faço sempre a contragosto, pois um dos mistérios do universo que até agora não consegui decifrar é por que, sendo o Brasil uma democracia, somos todos obrigados a comparecer às urnas, sob pena de não podermos concorrer a um concurso público se não o fizermos. Segundo: a política local, paroquial, miúda - para muitos, a única política que existe - jamais me entusiasmou; prefiro discutir idéias aos mexericos e picuinhas típicos desse tipo de campanha. E terceiro - e mais importante -: o partido pelo qual a pessoa em questão se candidatou é o PCdoB.
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Esse, para mim, é um pecado imperdoável. Se ele tivesse se saído candidato pelo PT ou até mesmo pelo PSTU, vá lá, eu poderia relevar. Mas não o PCdoB. Não o partido da foice e do martelo. Não o partido de João Amazonas e de Aldo Rebelo.
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Creio que não preciso repetir, aqui, o porquê dessa minha aversão aos comunistas. Basta passar o olho por qualquer texto deste blog para entender por quê. Vou me concentrar apenas na candidatura de meu quase-parente.
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Fiquei sabendo dela há mais ou menos um ano, na última vez em que fui à minha cidade natal, em uma reunião de família. E fiquei sabendo de uma maneira, como direi?, pouco usual. Estava eu tentando conversar - eu sempre tento, embora quase nunca consiga - sobre Política (desta vez, Política, com "P" maiúsculo). Ou seja: sobre os rumos do País, os escândalos de corrupção no governo federal, os desmandos dos petralhas etc. Em dado momento, fiz uma afirmação que costuma me acompanhar nessas ocasiões: "É por isso que não sou de esquerda". Foi então que ouvi uma voz, entre surpresa e indignada: "Mas eu sim, sou de esquerda!".
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Era ele. Começamos então um diálogo meio estranho, na verdade quase um monólogo, no qual tentei explicar-lhe minhas razões, do ponto de vista histórico, político e ideológico. Tentei ser o mais didático possível. Comecei lembrando que Churchill, por exemplo, era de direita, enquanto Stálin e Mao Tsé-tung eram de esquerda. Lembrei o caráter totalitário da mesma, os massacres do comunismo, os expurgos stalinistas, os horrores do Gulag, os cem milhões de mortos no século XX... Em vão. À minha arenga contra o esquerdismo, meu interlocutor respondia com um silêncio atencioso, entremeado por uma ou outra observação superficial, entre uma tragada e outra no cigarro. Quando descobri que ele ia candidatar-se pelo PCdoB, então, percebi logo: eu estava falando sozinho. Ainda tentei demovê-lo de sua decisão, mas sem sucesso.
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O que me espantou não foi o fato de que ele não pareceu se comover nem um pouco com os fatos que eu narrava, que demonstram a natureza intrinsecamente criminosa e genocida da ideologia comunista, mas que ele não via nisso nenhum problema, nenhum empecilho para lançar-se candidato por um partido que, até hoje, não aceitou a denúncia do stalinismo feita por Krushev em 1956. Aliás, pareceu desconhecer por completo tudo o que eu dizia. Fiquei com a impressão de estar falando grego ou mandarim. Ele simplesmente não dava a mínima para nada disso. Dizia que resolvera se candidatar porque queria trabalhar pelo meio ambiente, pela cultura etc. etc., e o PCdoB era o que estava à mão. Pouco lhe importava o partido.
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É por essas e outras que - podem escrever - jamais vou me candidatar em qualquer eleição. No Brasil, as eleições, principalmente as municipais, já perderam há muito qualquer sentido educativo ou politizador que porventura tenham tido um dia. Na verdade, pode-se dizer mesmo que eleição, por estas plagas, não tem nada a ver com politização. Muito pelo contrário. E não me refiro apenas ao festival de patacoadas e bizarrices que costuma acontecer nessa época, os Cacarecos e Macacos Tião da vida, ansiosos por seus 15 segundos de fama no horário eleitoral, ou o nível em geral bucéfalo dos candidatos. Se fosse só isso, seria apenas engraçado. O buraco, porém, é muito mais embaixo, e não tem nenhuma graça.
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A maioria dos candidatos, principalmente dos partidos de esquerda, não tem a menor idéia, ou não liga a mínima, para a história de seus partidos e para o que eles realmente defendem. Tirando o núcleo duro de dirigentes, que transformaram a ideologia - e o poder - em sua razão de viver, arrisco que uns 90% de seus quadros é composto daquilo que se convencionou chamar de "companheiros de viagem", pessoas que se filiam sem saber ao certo em que estão se metendo, muitas vezes por simples laços de amizade. Isso acabou contribuindo enormemente para a despolitização da política, ou a transformação das eleições em uma gincana de mediocridade, feita de jingles e frases ocas.
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Não que os slogans lisérgicos do PSTU ou do PCO sejam preferíveis; mas, pelo menos, supõe-se que os membros dessas seitas ideológicas sabem o que estão dizendo. O mesmo não se pode dizer da maioria dos esquerdistas. Pergunte a um militante do PCdoB ou do PSOL, para não falar do PT, o que ele ou ela tem a dizer sobre os crimes do stalinismo e do bolchevismo e a maioria, tenho certeza, vai responder que desconhece completamente o assunto. Pergunte, em vez disso, a opinião deles sobre a aliança com zezinho ou chiquinho para ganhar as eleições em Cudumundópolis do Salto da Onça e eles lhe darão uma aula sobre a arte dos conchavos para obter cargos públicos. Debater idéias? Discutir História? Esqueça.
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Como já escrevi aqui, não gosto de política (com "p" minúsculo). Por isso escrevo sobre a Política (com "P" maiúsculo). Mesmo que prefiram falar de banheiros públicos e webcam 24 horas em gabinete de vereadores.

Um comentário:

Augusto Araújo disse...

Este PC do B é demais. Só aqui q o presidente do partido (Aldo rabelo né?), ou seja, um comunista vai na missa e respeita a propriedade privada

aquela bandeirinha q saiu pelada na Playboy tb ia se filiar e sair candidata pelo PC do B.Nao sei se saiu, acho q nao

Poderiam fazer um Partido Nacional-Socialista, acho q haveria muita gente interessada e filiada

Até saberem q se trata de um partido nazista...

Realmente os partidos aqui sao basicamente siglas, e a ignorancia é enorme