sexta-feira, abril 11, 2008

DITADURA MENTAL


"Só quem esteve sob teu jugo te conhece". A frase, do filósofo alemão Friedrich Nietzsche - acho que foi Nietzsche; se eu estiver errado, peço que me perdoem -, é perfeita para explicar um fenômeno bastante conhecido aqui e alhures: por que tantos intelectuais e não-intelectuais que já estiveram um dia sob o encanto inebriante das palavras de ordem esquerdistas depois se desencantaram, tornando-se ativos adversários das idéias comunistas e socialistas?

A galeria de personagens que pularam fora do barco furado esquerdista é extensa. Para ficarmos apenas no Brasil - se eu fosse mencionar países como a França e os da América Latina, a lista seria interminável -, basta citar os seguintes nomes: Jorge Amado, Carlos Lacerda, Paulo Francis, Olavo de Carvalho, Reinaldo Azevedo... (claro, sempre haverá um Oscar Niemeyer, com sua fidelidade às "idéias da juventude", proclamando aos quatro ventos suas crenças comunistas. Mas isso só comprova minha tese: que o comunismo, em todas as suas vertentes, é capaz de embotar e esclerosar até as mentes mas iluminadas e "geniais"). Enfim, uma lista gigantesca, que a cada dia ganha novos nomes.

Assim como as personalidades citadas acima - e, claro, guardadas as devidas proporções -, também passei pela experiência - breve, mas marcante - de ter militado numa organização esquerdista. Logo, compreendo perfeitamente a frase de Nietzsche (ou de quem quer que a tenha dito). Tenho razões para crer que professar idéias radicais é uma fase da vida, uma espécie de doença infantil, como o sarampo e a catapora, que precisamos pegar para ficarmos imunes dela pelo resto da vida. Não por acaso, essa fase coincide com a adolescência, período em que os hormônios e a confusão de emoções costumam ditar o que se passa na cabeça, e não o contrário (um amigo meu tem uma expressão ótima para definir o tipo de "pensamento" esquerdista juvenil: "socialismo hormonal"). No meu caso, não foi diferente. Como outros milhares, também passei por uma fase ultra-radical e sectária, em que eu só pensava em mandar bala e não media o significado de minhas palavras (em geral falando mais do que ouvindo), levado por uma espécie de transe revolucionário e messiânico que me fazia ver não pessoas, seres de carne e osso, mas somente "classes" e "inimigos de classe". Essa fase, que na maioria das vezes costuma ser curta e intensa, logo deu lugar ao desencanto natural, que, somado a outras leituras e principalmente a outras vivências, resultou em uma atitude crítica e distanciada. Antes, eu ficava intrigado e até indignado com o fato de tanta gente ter "abandonado a luta" e "passado para o outro lado", considerando-os um bando de covardes e traidores. Hoje, intriga-me o fato de ainda haver quem se deixe levar por tamanho absurdo, por tamanha baboseira. Basta olhar em volta e atentar para a seguinte realidade: os ex-esquerdistas, ou esquerdistas arrependidos, contam-se aos montes. Já os ex-direitistas, ex-conservadores, ex-capitalistas, onde é que estão?

Quem observa a quantidade de cabeças pensantes que - exatamente por serem pensantes - deixam de lado o papo-furado esquerdóide e despertam para a vida pode imaginar que a influência e penetração das idéias de esquerda é exagerada. É justamente o contrário. A cada dia que passa, o esquerdismo implanta mais fundo sua ditadura mental. Basta ver a ressaca que costuma acompanhar o porre homérico esquerdista (do qual muitos jamais conseguem se livrar, permanecendo em constante estado de embriaguez ideológica). Com raras exceções, aqueles que se desiludem com as teses de esquerda entram em profunda depressão, quando não mergulham num relativismo absoluto, numa espécie de niilismo burro e na recusa à própria racionalidade. Alguns se convertem a alguma dessas religiões exóticas, em geral orientais, trocando um ópio por outro. Muitos se entregam ao que se chamava antigamente de "desbunde", enveredando por um caminho de vazio existencial e autodestruição regado a drogas, sexo e roquenrol. Aqui e ali, um estoura os miolos ou se joga nos trilhos do trem. Isso demonstra o peso que as idéias de esquerda têm, mesmo entre os que as abandonam. É como se a vida não tivesse nenhum sentido fora da militância. Esse desespero, que deveria ser na verdade alegria pela descoberta da verdade, apenas comprova a eficácia e a penetração das idéias esquerdistas, que agem no cérebro humano como um verdadeiro estupefaciente. Não raro muitos que se desencantam são acometidos de crises de abstinência, retornando ao ponto de onde haviam decidido parar, em constante estado de delirius tremis: é preciso "restaurar a pureza" dos ideais originais, supostamente corrompidos pelo contato com a realidade capitalista e a sede de poder de alguns indivíduos etc. etc.... Persistindo no auto-engano, crêem mesmo que a culpa da crise ideológica é do "sistema", do próprio capitalismo, jamais das idéias esquerdistas. Uma vez inoculado o vírus, é extremamente difícil curar-se totalmente. Daí o trauma que é geralmente desvincular-se das ilusões de esquerda.

A maioria das pessoas não compreende por que aqueles que costumavam ser os militantes mais radicais se convertem, depois, nos adversários mais ferrenhos das teses esquerdopatas. Não entendem como os mesmos que antes eram os maiores inimigos da burguesia são agora os críticos mais implacáveis do socialismo. A resposta é simples: porque estes conhecem a esquerda. Porque, já tendo estado sob o jugo mental da ideologia esquerdista, eles sabem quais são seus objetivos. A maioria das pessoas nunca conheceu um partido ou movimento ideológico por dentro. Logo, é compreensível que alimentem ilusões a respeito, tendendo a encarar qualquer crítica mais veemente como puro delírio e paranóia de reacionários empedernidos. A maioria também nunca ouviu falar de Gramsci. Não sabem, mas estão sob o domínio da esquerda também.

Não é muito difícil constatar essa realidade. Faça um teste. Pergunte a si mesmo se você já teve um professor que não defendesse idéias esquerdistas. Vá mais adiante, e procure em sua memória o nome de algum professor seu que se dissesse, por outro lado, abertamente conservador ou de direita. Se você tem mais de trinta anos, é grande a probabilidade de você ter deparado com um número elevado de professores que pertencem à primeira categoria, e nenhum à segunda. Vá mais além e busque no google o nome de um - apenas um! - renomado intelectual brasileiro (filósofo, historiador, economista, sociólogo, cientista político, ou mesmo poeta ou romancista) que tenha defendido com argumentos sólidos as ações do Governo Bush no Afeganistão e no Iraque depois de 11 de setembro de 2001, ou mesmo qualquer ação da política externa norte-americana, antes ou depois dos atentados. Com a exceção do Olavo de Carvalho, do Reinaldo Azevedo e do Diogo Mainardi, além de alguns blogueiros como este que escreve estas linhas, não há ninguém, pelo menos não que eu saiba. Já fiz até um desafio: dêem-me o nome de um, apenas um, e eu mudo o nome do blog, e quem o fizer terá o direito de rebatizá-lo com o nome que quiser. Até agora, ninguém se habilitou.

O discurso esquerdista já invadiu todos os aspectos da vida social, e até mesmo pessoal, incrustando-se e dominando qualquer setor da sociedade. Nem mesmo os debates sobre futebol e as conversas mais corriqueiras estão livres da retórica vitimista e "pobrista". Verificamos isso todos os dias, sobretudo após 2003, mas esse é um processo muito mais antigo. O mais curioso é que não se trata de algo coerente, muito pelo contrário: são justamente suas ambigüidades e incoerências, sua falta elementar de consistência lógica, o que permite e garante o predomínio desse discurso hegemônico. Não se trata de simples erro lógico, o que poderia ser corrigido com um pouco de honestidade intelectual, mas de uma estratégia consciente, articulada, que visa a promover a confusão nos cérebros dos indivíduos e garantir a hegemonia cultural e ideológica da sociedade, ao mesmo tempo em que se convence os setores liberais de que não há razões para desconfiar da sinceridade dos esquerdistas quanto ao compromisso destes com a democracia e com a economia de mercado. Para perceber as dimensões dessa farsa colossal, basta prestar um pouco de atenção às seguintes características comuns a todos os agrupamentos de esquerda:

Alardeiam a própria superioridade moral, pelo simples fato de serem de esquerda: consideram-se os donos exclusivos da verdade e da ética - mesmo quando pegos em flagrante mentindo descaradamente e dilapidando o patrimônio público;

Arrotam compromisso com a cultura e a educação, mas babam por um presidente da República que faz da própria ignorância um eficiente instrumento de propaganda política;

Cultuam o "popular", mas omitem que esse culto resulta de uma visão elitista de intelectuais que acreditam poder moldar o gosto estético e até o idioma da população de acordo com sua visão de mundo totalitária;

Dizem defender a Pátria contra o imperialismo, a globalização e o capitalismo, e no entanto incentivam ONGs estrangeiras que se apropriam de nacos da Amazônia;

São estatólatras, ou seja, idolatram o Estado como o instrumento por excelência da distribuição de renda e da "justiça social" - no máximo, consideram a livre empresa e a livre iniciativa falta de opção ou um mal necessário para a aplicação de suas "políticas sociais" eleitoreiras e demagógicas;

"Liberal" (ou "neoliberal"), para eles, é um anátema; "conservador", então, é um palavrão; já "socialista" e "comunista" são títulos dos mais honrosos e dignos de reverência;

Consideram os EUA a maior ameaça à paz e a segurança no mundo - mesmo que os EUA sejam hoje a maior barreira ao avanço do terrorismo fundamentalista islâmico;

Condenam o lucro como um pecado, e consideram a distribuição de renda a virtude máxima - mas não têm o mesmo pudor em enriquecer às custas do erário público, nem se importam se não houver o que distribuir, como em Cuba;

Em nome dos mais pobres, são críticos da globalização, que têm beneficiado principalmente os mais pobres do mundo;

Defendem cotas para negros nas universidades e no serviço público em geral, em nome da luta contra o racismo, instituindo, assim, o próprio racismo como política de Estado;

Afirmam ser contra qualquer forma de discriminação por raça, etnia, sexo ou religião, mas defendem tratamento diferenciado para quem for apanhado cometendo crimes, desde que seja negro, mulher ou homossexual;

Falam em pluralidade de idéias, mas defendem a idéia de que um partido, agrupamento ou organização são mais sábios do que o conjunto da sociedade, a quem desejam "guiar";

São conspiracionistas: quando apanhados com a boca na botija, primeiro tentam negar, dizendo que é tudo um complô da mídia e das elites; depois, buscam justificar, afirmando que "todos fazem igual", ou que a corrupção de esquerda é menos corrupta do que a de direita, porque a de esquerda está a serviço de um fim puro e belo...;

São os paladinos da democracia - sobretudo, se esta os ajudar a conquistar o poder (depois, são outros quinhentos...);

Reescrevem a História de acordo com suas conveniências ideológicas, premiando em dinheiro terroristas como se tivessem sido combatentes pela democracia, enquanto os familiares das vítimas destes estão à míngua;

Defendem a moderação e o bom-mocismo, mas não hesitam em lançar mão de velhas acusações da época da brilhantina - tais como "reacionário", "entreguista" e "pró-imperialista" - contra qualquer um que ousar desmascará-los;

Consideram (os mais moderados) a democracia um valor universal, e são contra a tortura e a favor dos direitos humanos - menos em Cuba;
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Consideram a denúncia implacável de ditaduras presentes ou passadas, como a de Pinochet, uma obrigação moral, mas rechaçam a mesma atitude diante de ditaduras de esquerda, como a cubana, como um "extremismo de direita";

Acusam os EUA de "terroristas" por derrubar ditadores como Saddam Hussein e caçar facínoras como Bin Laden, mas se recusam a chamar de terroristas os narcobandoleiros das FARC;

Vomitam seu compromisso com a liberdade de imprensa e de expressão - desde que esta não seja usada para criticá-los. Dizem-se a favor da isenção e da imparcialidade da imprensa - mas só dos jornais e revistas que não os aplaudem;

Conseguiram encobrir durante dezoito anos a maior articulação revolucionária da esquerda na América Latina desde o fim do bloco soviético, cobrindo de ridículo e de escárnio quem quer que ousasse fazer a menor referência ao Foro de São Paulo, onde são parceiros de traficantes e ditadores - e ainda há quem acredite, mesmo entre seus críticos, que o caso não é assim tão grave;

Até para denunciar suas tramóias, seus críticos vez ou outra se pegam usando as palavras e chavões esquerdistas e pregando a volta a um suposto passado de pureza virginal ("não são mais de esquerda" etc.).

Diante disso, quem poderá discordar que estamos sob uma ditadura mental, uma ditadura ideológica de esquerda, meio caminho andado para uma ditadura de facto no País?

Um comentário:

Anônimo disse...

A democracia real ainda é um ideal não atingível, e, até então, não existe no mundo sistema algum que sirva de base, regra ou senso de comparação para avaliação de valor universal de plena e verdadeira democracia
Os Imperialistas dos EUA que se julgam os “guardiões” dos direitos humanos, legalizam a tortura, invadem e destroem nações soberanas; financiam ataques utilizando armas bizarras das mais avançadas tecnologias bélicas, que imolam a vida de milhares de pessoas.
E, assim, deixando de rezar na cartilha dos Estados Unidos da América, esses povos são perseguidos, e suas eleições livres e Justas são consideradas pelo império de irregulares ou fraudadas, pois, os imperialistas estadunidenses aceitam apenas eleições de regimes inócuos, inermes, fantoches, subservientes, favoráveis e sequazes do Império. Ademais, o governo eleito por esses povos livres, que não aceitam se sujeitarem aos caprichos dos Estados Unidos da América do Norte; são sempre rotulados ou assacados de totalitário, tirânico, ditadura e seus inimigos.
E, confutando aos interesses dos EUA; então de pronto, vem por parte do império estadunidense, tratamento cruento, hostil e injusto, infligido com encarniçamento as nações livres - desaparecendo desse modo, as tão propaladas e exaustivamente apregoadas palavras “Liberdade” e “Democracia” que usadas de maneira hipócrita pelo império, como estratégia; ao submeterem as massas populares a uma terrível lavagem cerebral, mesmerizada e condicionada, para que acreditem ou aceitem os EUA; por engano e, de modo falso; como o único, legítimo, verdadeiro ou real “representante” e “defensor” desses ideais.
Os terroristas estadunidenses com postura provocativa; instalam bases militares em todas as regiões do mundo para preponderar; ou demonstrar força para intimidar e ameaçar o mundo livre com exercícios militares constantes, e em grande escala.
E, como perspícuo truísmo de suas intenções o império estadunidense é o único que tem instalado e mantido bases militares em todos os continentes; e, da mesma forma, promovem invasões para depor governos legítimos das nações livres, soberanas e independentes, contrárias a politica de expansão e dominação imperial.
Para isso, comandam genocídios por todo o mundo livre; endividam as nações livres, compram seus políticos e governos fantoches; além de apoiarem estados títeres, para realizarem política de desestabilização, discórdia e desentendimentos regionais ou atos subversivos violentos e intimidadores a serviço do insidioso sistema imperial estadunidense.
Os império dos EUA, com sua política de expansão, influência ou até mesmo dominação territorial e econômica do mundo, usam com desfaçatez, ardileza a estratégia de dominação, o uso constante das duas palavras mágicas que são consideradas chave, ou seja, “Liberdade” e “Democracia”, que usadas com sutileza são apenas sofismas, para encobrir seus reais propósitos de possessão do mundo livre.
E destarte o celerado e tiranico império estadunidense com sua política rapace, alastra-se hostilmente extorquindo concessões por meio do emprego da ameaça das armas e força bruta, as matérias-primas e demais recursis naturais de que precisam.
E, com efeito, para conquistarem a autonomia e liberdade, os povos intimoratos das nações livres, devem incessantemente combater as ingerências direta ou indireta em seus assuntos internos.
Pois, é somente cabível aos povos nativos de um território ou nação, formar opinião ou juízo crítico sobre o exercício ou desempenho de seu governo; e seja qual for a forma constituída de governo.
E, da mesma forma é somente cabível aos povos nativos de uma nação livre, derrocarem dos poderes políticos os condutores indesejáveis que julgarem ser intendentes déspotas, demagogos, corruptos, vigaristas, oportunistas e aproveitadores; e, tudo isso, deve ser feito sem a ingerência externa de qualquer força imperialista.