quarta-feira, dezembro 14, 2011

O VEXAME DOS ECOCHATOS GLOBAIS

"Você sabe o que é Belo Monte? Não sabe? Eu sei, porque eu sou uma celebridade."

A frase acima, perfeita no sarcasmo, é do humorista Rafinha Bastos, num video em que tira um sarro de uma penca de artistas da Rede Globo. Ele se refere a um outro video em que Marcos Palmeira, Claudia Ohana, Letícia Sabatella, Juliana Paes, Maitê Proença e grande elenco tentam convencer o distinto público que a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, será o começo do fim da Amazônia.

O vídeo (dos globais, não o de Rafinha, que é ótimo, confiram: http://www.youtube.com/watch?v=Cyu5x_cSzH4) entrará para a História por dois motivos. Primeiro, porque poucas vezes se viu tanta baboseira reunida junta, repetida pelos globais com aquele ar de contrição que costumam exercitar nas novelas da emissora do Jardim Botânico (para se ter uma idéia do tamanho do mico, uma das celebridades, a atriz Ingrid Guimarães, chega a confundir o estado do Pará com o Mato Grosso...). Segundo, e mais importante, porque, como mostrou a VEJA da última semana, pela primeira vez a internet foi utilizada para estimular um debate sério. No caso, não por parte dos artistas, que nem sabem o que isso significa, mas de um grupo de estudantes de Brasília e de Campinas. Num golpe de mestre, estes fizeram também um vídeo, no qual, numa verdadeira aula de lógica matemática, demolem uma a uma as lorotas dos globais, com números e dados irrefutáveis. O resultado, de tão constrangedor para os artistas ecochatos, é hilariante (veja aqui: http://www.youtube.com/watch?v=feG2ipL_pTg).

A performance dos globais desmiolados super-conectados-com-esses-assuntos-de-ecologia-e-que-adoram-posar-de-amigos-da-natureza é forte candidata a mico do ano na internet. Bastou alguns estudantes fazerem o dever de casa para revelarem o festival de besteiras e as imposturas que as celebridades e subcelebridades do horário nobre querem vender como verdade científica, com dados e números que só fazem sentido em suas cabecinhas ocas e deslumbradas.

Não foi a primeira vez, e provavelmente não será a última, que "artistas" adeptos do bom-mocismo tentam usar a fama para enfiar goela abaixo dos incautos uma impostura disfarçada de "boa-causa-a-serviço-da-humanidade" (no caso, a causa ecologista contra uma hidrelétrica). É típico da beautiful people brasileira, essa gente linda e maravilhosa das novelas, se engajar, de vez em quando, em alguma causa da moda, usando seu, digamos, talento dramático e sua beleza para vender mentiras politicamente corretas (Maitê Proença, por exemplo, aproveitou o vídeo para tirar o sutiã, o que já fez em outras ocasiões por causas mais nobres...). Sempre que se mete a levantar uma "bandeira", a gente "do bem" da TV, em especial o pessoal do Projac, dá o maior vexame.

Somente para ficar no terreno ecológico: uma das "causas" mais caras a esse pessoal é o chamado "aquecimento global", uma farsa inventada por cientistas picaretas da ONU e divulgada pelo ex-vice-presidente dos EUA Al Gore num filme mentiroso. A noção de que a temperatura da Terra estaria aumentando devido à ação humana, repetida como um mantra havia anos, foi totalmente desacreditada quando um grupo de hackers invadiu os computadores da Universidade East Anglia, no Reino Unido, e roubou os e-mails trocados pelos pesquisadores ligados ao Painel da ONU sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), em que estes trocavam conselhos sobre como falsificar dados de modo a dar um verniz científico à hipótese - e, até o momento, não passa de uma hipótese, não chega a ser uma teoria - do aquecimento global (hoje, o nome mudou, e agora falam em "mudança climática"). Até pouco tempo atrás, uma vinheta da Globo fazia questão de anunciar o fim do mundo iminente. Como não é mais fashion dizer que o gás carbônico (!) emitido pelas fábricas vai derreter o gelo dos pólos e elevar o nível das marés, resolveram botar a viola no saco.

Mas o caso mais descarado de tentativa de manipulação da opinião pública pela turma da Vênus Platinada ocorreu em 2005, durante a campanha que antecedeu o "plebiscito do desarmamento". Na ocasião, um batalhão de atores, atrizes, cantores, atores-cantores e gente sem profissão definida bombardeou o horário eleitoral com mensagens como "acabe com sua arma antes que ela acabe com você" e outras do gênero. José Mayer e Felipe Dylon apareceram repetindo slogans em nome da "paz" etc. Teve até musiquinha. (Só não teve quem dissesse, do lado do lobby desarmamentista, como convencer a bandidagem a se juntar a essa campanha tão bonita...)

A performance, porém, não convenceu, pois a maioria da população votante, 64%, rejeitou a idéia de se desarmar e ficar à mercê da bondade dos bandidos. Desconfio que a perspectiva de ficar desarmado em meio a índices crescentes de criminalidade teve alguma influência nessa decisão. (O fato de a maioria dos brasileiros não dispor de grana para contratar seguranças particulares, ao contrário de muitos artistas da Globo, também deve ter pesado no resultado.) Mas isso não significa que "eles" tenham desistido da idéia, como demonstrou o açodamento com que a Globo e alguns políticos usaram um massacre numa escola do Rio de Janeiro em abril para tentar ressuscitar - depois de menos de seis anos! - um novo plebiscito sobre o mesmo assunto... Ainda não vi acontecer mas, acreditem, é só questão de tempo para termos o privilégio de assistir novamente a José Mayer e Felipe Dylon cantando de mãos dadas na TV, vestidos de branco e fazendo o símbolo da paz para a câmera...

Outra empulhação constantemente repetida pelos globais, dessa vez de forma mais sutil, é a chamada "causa gay" (que eles chamam de "anti-homofobia"). Aqui, a forma de atuação é um pouco mais elaborada, embora nem por isso seja menos enganadora. Basta perder um pouco de tempo assistindo a algum capítulo de alguma telenovela da emissora fundada por Roberto Marinho para perceber, sem qualquer esforço mental, que a propaganda gayzista pauta totalmente o enredo, com personagens gays sempre simpáticos ou vítimas (E dificilmente seria diferente, com dez em cada dez roteiristas de novela gays militantes.) A última novela das nove, Insensato Coração, de Gilberto Braga, foi além, e acabou virando um palanque para o discurso gayzista, enaltecendo, por exemplo, a decisão inconstitucional do STF de reescrever o Artigo da Constituição que trata da organização familiar do país (uma decisão ilegal, como já escrevi aqui: http://gustavo-livrexpressao.blogspot.com/2011/05/o-golpe-do-stf-e-uma-pergunta-gays-nao.html).

Inclusive no jornalismo da emissora, que nem é dos piores (vide Record e assemelhados), vez ou outra o embuste gayzista é apresentado como "notícia". Querem um exemplo? Há alguns meses, no embalo para aprovar, no Congresso, um projeto de lei que visa a instituir o delito de opinião no país (tornando ilegal, por exemplo, citar as passagens da Bíblia que condenam o homossexualismo e até piadas de bichinha), o Jornal Nacional anunciou com estardalhaço os números "assustadores" de uma pesquisa que revelaria, vejam só que absurdo, que o Brasil é um verdadeiro matadouro de homossexuais. Segundo a tal pesquisa, realizada - adivinhem - pelo Grupo Gay da Bahia do honestíssimo e imparcialíssimo sr. Luiz Mott, em 2010 foram assassinados em todo o território do Brasil o - vejam que terrível! - número "assustador" (o adjetivo que mais se ouviu no dia) de... 260 (duzentos e sessenta) homossexuais (!).

Esperem, tem mais: dentre esse número assombroso, diante do qual empalidecem os quase 50 mil mortos pelo crime organizado e desorganizado no Brasil no mesmo período (e que não merecem o mesmo tratamento por serem héteros), quantos teriam sido, comprovadamente, mortos por crime de ódio, ou seja, quantos teriam morrido por serem gays, pelas mãos de gente que odeia gays? Resposta: 11. Isso mesmo: 11 (onze). Os demais, quase a totalidade, foram gays que morreram nas mãos de outros gays (o michê que mata o cliente, ambos igualmente homossexuais, por exemplo). Duvidam? Então não acreditem em mim, acreditem em seus próprios olhos: (http://homofobianaoexiste.wordpress.com/relatorios/relatorio-2010/) (Só para lembrar: o Brasil tem 192 milhões de habitantes.)

Então? Realmente "assustador", não? Um verdadeiro genocídio, como gostam de dizer os militantes gayzistas. Faz Auschwitz parecer uma colônia de férias... Detalhe: em nenhum momento a reportagem da Globo e o Grupo Gay da Bahia dizem a fonte desses números tão assustadores, de modo que o número de 11 mortos em um ano pode ser bem menor. Realmente, o Brasil é um país "homofóbico", como sabe qualquer um que já foi à maior parada do orgulho gay do mundo, que, como todos sabem, não ocorre na Avenida Paulista, mas em Teerã...

Nada contra atores e "celebridades" terem suas opiniões e abraçarem as causas que quiserem. É um direito que lhes cabe, como a qualquer cidadão. Mas isso não lhes dá o direito de usarem seu status de celebridade para tentar se promover e enganar a opinião pública, usando e abusando de dados falsos e de oba-oba midiático. Que saibam, pelo menos, do que estão falando. Nos EUA, onde atores de Hollywood costumam defender causas em que realmente acreditam, ainda que impopulares (ao contrário do que ocorre por estas plagas, onde impera o mais irritante e tedioso bom-mocismo), é assim que acontece há décadas.

"Ih, acho que vou ter que pesquisar", diz no vídeo que virou uma das maiores piadas de 2011 a bela Ísis Valverde, cara de bobinha, com jeito de quem acabou de chegar e não está entendendo nada. Isso, Ísis: da próxima vez, pesquise. Mire-se no exemplo dos estudantes que responderam ao vídeo em que você aparece falando bobagem. Garanto que, se tivesse pesquisado, não teria entrado nessa roubada.

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P.S.: O "movimento" criado pelos globais que não sabem fazer contas nem conhecem geografia chama-se "movimento gota d'água". Um nome mais do que adequado. Afinal, o video que fizeram foi mesmo a gota d'água: uma obra-prima de desinformação e manipulação.

Um comentário:

Ester disse...

O vídeo feito pelos "globais" pode não ter sido proveitoso em termos de informação, mas creio que já estamos "vacinados" contra este tipo de manipulação (ainda mais com uma atriz tirando a roupa no meio do vídeo sem motivo nenhum... tenha dó! Se existia alguma seriedade, se perdeu). Mas ele foi o incentivo pra muita gente buscar mais informação. Os vídeos feitos por Rafinha Bastos e os estudantes da UnB, para mim, não são mais profundos e nem mais dignos de crédito. Ainda assim, acho que são válidos no sentido incentivar o não-comodismo e não engolirem qualquer informação mastigada. Mostrem-me suas referências, e poderei reter o conhecimento que considerar confiável.