Acho que cometi uma injustiça com os defensores do desarmamento civil. Desde o último texto que publiquei sobre o assunto, sou atormentado pela impressão de que posso ter sido duro demais com essas pessoas maravilhosas, que só querem o bem de todos e a paz para a humanidade.
Por isso, resolvi me redimir comigo mesmo e com minha consciência. Sensibilizado com os argumentos da Rede Globo e do Viva Rio, que aproveitaram o morticínio em uma escola no Rio de Janeiro por um demente para ressuscitar a idéia de que as armas de fogo adquiridas legalmente por cidadãos honestos são a raiz de toda a violência no Brasil e no mundo, resolvi me converter de vez à religião desarmamentista. Decidi renunciar definitivamente a meu direito de escolher ter ou não um revólver 32 comprado num estabelecimento legalizado e engrossar a legião dos que vestem branco e fazem passeata "pela paz".
Mas, para isso, vou fazer apenas algumas exigências. Aceito não mais ter o direito de decidir sobre minha segurança e de minha família, passando a confiar unicamente em nossas competentíssimas autoridades policiais, desde que sejam atendidas as seguintes condições. Ei-las:
- Que todos os bandidos, em especial os assaltantes de bancos e os narcotraficantes, sigam esse meu exemplo cívico e entreguem também suas armas, como fuzis automáticos e metralhadoras, em nome de um mundo melhor, de paz e de amor;
- Que loucos psicopatas como o assassino da escola de Realengo - que adquiriu suas armas ILEGALMENTE, repita-se - façam o mesmo, diminuindo assim a probabilidade de novos massacres;
- Que o ilustríssimo senador José Sarney, bem como os juízes que defendem o desarmamento civil, aposentem igualmente os carros blindados que costumam usar e os guarda-costas que estão a seu serviço, pagos com dinheiro público - afinal, eles também estão armados;
- Que a excelentíssima ministra dos direitos humanos (rarará), Maria do Rosário, que retirou da gaveta a idéia de um novo plebiscito sobre o desarmamento, devolva o dinheiro que recebeu durante sua campanha à deputada da fábrica Taurus pois, ao aceitar essa ajuda financeira de um fabricante de armas de fogo, que, segundo ela, contribuem para a violência, está assumindo que contribui, ela também, para a violência;
- Que se proíbam facas e outros objetos letais, como grampos e garfos, ou canetas de ponta fina, já que armas de fogo devem ser proibidas porque ferem e matam; melhor: que se proíbam também pedaços de pau e pedras, e que qualquer indivíduo de posse desses objetos de morte, como lenhadores e pedreiros, sejam presos e processados por porte ilegal de arma;
E, finalmente:
- Que se dê uma resposta racional e lógica à seguinte pergunta: se proibir o comércio legal de armas de fogo e desarmar a população é solução para a violência, então por que, nos EUA, onde o comércio é legal, está provado que mais armas significam menos crimes, e não o contrário?
Ou então:
Por que, se armas de fogo nas mãos de cidadãos de bem significam mais violência, países como a Jamaica, onde as armas são proibidas, têm uma taxa de criminalidade muito maior do que a Suiça, onde cada cidadão pode ter um fuzil debaixo da cama?
Estou disposto a abjurar tudo que escrevi até hoje sobre o tema, e a me tornar o mais ativo dos militantes anti-armas e pró-desarmamento civil, se qualquer uma das condições acima (nem é preciso que sejam todas) for atendida. Prometo virar o maior inimigo de tudo que dispara, corta, fura ou contunde. Prometo também cantar 100 vezes, todos os dias, "Imagine", de John Lennon e abraçar a árvore mais próxima.
Como viram, é muito fácil me converter à causa desarmamentista. E aí, Viva Rio, vai encarar?
2 comentários:
Parabéns pela postagem meu caro. Mandou bem mais uma vez.
@viegas33
Independente de se ter arma ou não em casa, eu pensava que o dever do Estado era proteger o cidadão. Se todos precisamos de armas para nos defender, pergunto-te pra que Polícia e pra que Estado? E por favor, refiro-me a estes como instituições universais que existem em (quase) todos os países, não estou falando só de Brasil ou governo de X ou de Y.
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