quarta-feira, julho 21, 2010

EPPUR SI MUOVE


O que fazer quando se é pego na mentira? Inventa-se outra mentira, ora. Assim, minimiza-se ou se lança no esquecimento a mentira anterior. Como uma bola de neve, uma mentira irá sobrepor-se a outra e, no final, ninguém vai lembrar como tudo começou.

É exatamente isso - cobrir uma lorota com mais uma camada de falsidade - o que faz Clóvis Rossi, na Folha de S. Paulo de 20/07. Mal saiu no noticiário a denúncia de que o PT e o narcotráfico são como unha e carne, e o venerando colunista apressou-se em sair em defesa da petralhada. Num artigo que é a cara da Folha, com seu padrão nenhumladista e isentista à la Eliane Cantanhêde - uma mistura de viés esquerdista mal-disfarçado e uma afetação de neutra superioridade, que passa por estas terras por "verdade" -, Rossi começa dizendo que "há alguma verdade" nas acusações de Índio da Costa e de José Serra de que o PT tem vínculos com as FARC. Ele chega até - o que é realmente uma grande surpresa, considerando-se a Folha - a reconhecer a existência do Foro de São Paulo, lembrando que os petistas e os narcoterroristas colombianos foram durante anos parceiros e aliados no dito Foro etc. e tal.

Até aí, beleza, ele está apenas reconhecendo a existência do Sol. Mas aí vem o colunista da Folha que, para não sair da linha "vamos-dourar-a-pílula-e-nos-fingir-de-imparciais", aparece com o seguinte raciocínio: Sim, os petistas participaram, ao lado das FARC, do Foro de São Paulo. Sim, as FARC são um bando terrorista e narcotraficante. Mas, desde que chegou ao poder no Brasil, o PT e Lula "romperam" com as FARC. Não é "o governo Lula", mas alguns (poucos, presume-se) saudosistas do comunismo e da guerrilha, que mantêm relações estreitas com os bandoleiros. Em outras palavras: o PT e as FARC foram aliados, mas não são mais: é tudo coisa do passado, gente!!!

Não sei a quem Clóvis Rossi quis enganar, ou se ele já está com o cérebro tão carcomido pelo trololó esquerdista - como 99,9% dos jornalistas tupiniquins, aliás - que não seja mais capaz de distinguir um jumento de um bode. Esse tipo de operação-abafa não ilude nem criancinha do pré-primário.

"Coisa do passado", né? Então vejamos...
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- Lula chegou ao governo em 2002. Em 2005, o "padre" Olivério Medina, "embaixador" das FARC no Brasil e que, segundo a ABIN, ofereceu 5 milhões de dólares de ajuda das FARC à campanha de Lula três anos antes, recebeu o status de refugiado político, depois que o governo Lula - e não somente uns poucos saudosistas da foice e do martelo incrustados no PT - negou o pedido de extradição feito pelo governo da Colômbia.
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- Em 2006, a então chefe da Casa Civil do governo Lula, Dilma Rousseff, ordenou e conseguiu a transferência da mulher de Medina, Angela Maria Slongo, do Paraná para Brasília, onde atualmente bate cartão no Ministério da Pesca.
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- Em 2008 - seis anos depois da chegada da petralhada ao Planalto, notem bem -, a revista colombiana Cambio revelou o conteúdo do computador de Raúl Reyes, número dois das FARC, morto pelo Exército colombiano no Equador. No laptop de Reyes, constam diversos e-mails de Olivério Medina, que aponta vários petistas de alto coturno como amigos das FARC. Entre estes, Marco Aurélio Garcia, Celso Amorim e Gilberto Carvalho. Gente graúda, que despacha diretamente com Lula, um deles secretário da Presidência da República, e não simples militantes de base. Num dos e-mails, Medina mostra-se bastante agradecido aos "amigos brasileiros" pelo apoio que deram à transferência de sua esposa - Angela Maria Slongo, a "Mona" - para Brasília.
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Isso tudo, vale frisar, ocorreu DEPOIS que Lula e sua turma chegaram ao poder. Tem mais, claro. Isso é só uma amostra.
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Que o governo Lula (e não somente "setores do PT") manteve, e até mesmo intensificou, os laços com os facinoras colombianos e com tudo que não presta é algo que somente cegos não vêem. Afirmar que o Lula-presidente é diferente do Lula-Lula porque, afinal de contas, ele assinou a "Carta aos Brasileiros" e tornou-se um defensor (na verdade, se apropriou) da estabilidade econômica é mais do que uma ilusão: é fechar os olhos para a realidade. Afinal, Pinochet e Deng Xiao-Ping também defendiam as leis do mercado, e nem por isso eram democratas. É incrivel como ninguém aprendeu essa lição tão óbvia.
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Outra coisa: é verdade que desde 2001 as FARC não enviam representantes às reuniões do Foro de São Paulo (na última, em Montevidéu, estavam presentes "observadores"). Mas isso prova tanto que não há vinculação do Foro (e, por tabela, do PT e do PCdoB) com a narcoguerrilha quanto que o Foro seria uma reunião de escoteiros ou de velhinhas tricoteiras. Primeiro, porque o Foro de São Paulo foi criado em 1990, mais de dez anos antes da suposta "desvinculação" das FARC da organização: durante todo esse período, ninguém pareceu ver nada de mais em conviver tranqüilamente com os narcoterroristas colombianos. Segundo, porque as FARC não foram expulsas: simplesmente se "retiraram" do Foro (uma retirada estratégica, típida da tática de guerrilha, caracterizada pela dissimulação). Finalmente, quando o número um das FARC, Manuel Marulanda ("Tirofijo") morreu em 2009, o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, só faltou derramar-se em lágrimas em plena reunião do Foro de São Paulo, numa comovente homenagem ao "heróico guerrilheiro". (Detalhe: ao lado de Ortega estava o moderadíssimo deputado petista José Eduardo Cardozo, representante do PT naquela reunião). Um dos argumentos que Clóvis Rossi apresenta é que os governos de esquerda eleitos nos últimos anos na América Latina, como o de Daniel Ortega, serviriam para "moderar" o Foro de São Paulo... Pois é.

Se houvesse um mínimo de consciência democrática no Brasil, e não essa patacoada politicamente correta que querem impingir a todos, partidos como o PT já teriam seu registro cassado pelo TSE e Lula e sua quadrilha já estariam atrás das grades, por associação com o narcotráfico. Mas, como vivemos numa ditadura mental esquerdista, cada vez mais explícita, denúncias como as de Índio da Costa são imediatamente desqualificadas como "tática do medo" e "intriga da oposição". É a velha estratégia de atacar o mensageiro para que todos se esqueçam da mensagem. Ainda que as denúncias fossem motivadas por puro interesse eleitoreiro, isso não retira um átomo de verdade das acusações, que permanecem - e permanecerão - sem resposta. Além do mais, trata-se de algo revelador do grau de partidarismo ideológico a que chegou grande parte da imprensa no Brasil: Quando um general semi-aposentado dá um muxoxo, emitindo uma nota, por exemplo, contra a farra de indenizações a que se entregou a esquerda revanchista, isso é um escândalo e um gravíssimo perigo para a democracia, um risco de "retrocesso autoritário". Quando, por seu turno, é um rival dos petistas que chama a atenção para o que é público e notório, é "terrorismo eleitoral". É o "nenhumladismo" clovisrossiano em ação!

Durante pelo menos 15 anos, um tribunal invisível decretou a proibição de que se tocasse, mesmo tangencialmente, no assunto Foro de São Paulo na imprensa brasileira. Aqueles que, movidos pelo dever profissional de investigar e pela pulsão elementar de buscar a verdade, tiveram a ousadia de desafiar essa regra, como Olavo de Carvalho, foram condenados ao ostracismo e ao ridículo. Agora, quando o volume das provas, de tão abundantes, só falta transbordar e provocar um dilúvio, os mesmos jornalistas que negavam a existência do Foro agarram-se à tábua de salvação do "isso é coisa do passado" ou "é a tática do medo" para não se afogarem. Tentam, assim, conter o dique de cascatas que ameaça romper com mais uma demão de balelas. Seriam patéticos, se, escorados que estão no peso esmagador do número e em sei lá mais o quê, não dessem as cartas entre a elite "bem-pensante" do País. Certamente, enganarão a muitos, como o fizeram durante uma década e meia. Mas, no final, será impossível esconder o fato de que é a Terra que gira em torno do Sol, e não o contrário. Eppur si muove!

A maior droga traficada pelos petistas é a mentira. Há décadas, a imprensa vem cheirando toda a cocaína mental que os companheiros têm colocado no mercado. O bagulho é dos bons, porque tem surtido um efeito danado.

Um comentário:

Anônimo disse...

intiresno muito, obrigado