Marco Aurélio Garcia classificou o ataque israelense na Faixa de Gaza como uma "brutalidade". O assessor especial de Lula para assuntos internacionais afirmou também que o Brasil poderia dar uma contribuição às negociações de paz na região, pois, ao contrário dos EUA, "não tem lado" no conflito. O Brasil não apóia Israel, a única democracia do Oriente Médio. Em vez disso, aproxima-se cada vez mais dos países árabes, alguns deles, como a Síria, inimigos dos israelenses e patrocinadores do terrorismo. Lula já visitou quase todos os países do Oriente Médio e já realizou uma reunião de Cúpula dos países árabes e sul-americanos, em Brasília. Jamais visitou Israel.
As declarações de Marco Aurélio Top Top Garcia são mais um motivo para apoiar Israel contra os terroristas do Hamas. São mais uma razão para aplaudir os bombardeios dos caças F-16 e a entrada dos tanques israelenses em Gaza.
Assim que foi lançada a operação, provocada pelos ataques diários do Hamas com foguetes contra a população israelense do outro lado da fronteira, rompendo uma trégua de seis meses, as palavras mais usadas na mídia para classificar a ação do governo de Tel-Aviv foram "genocídio", "reação desproporcional" etc. Não faltou também a velha ladainha de que os ataques israelenses irão apenas agravar a situação, fazendo aumentar o ódio e o ressentimento que servirão de incubadora para novas levas de terroristas suicidas. Israel, como em todas as outras ocasiões, está sendo apresentado como o lado mau da história, o agressor, e os militantes do Hamas como bravos resistentes ou como vítimas indefesas. O número desigual de baixas fatais de lado a lado, até o momento em que escrevo estas linhas - 360, do lado palestino, e 4, do israelense - apenas reforça essa impressão de desproporcionalidade.
À primeira vista, o conflito em Gaza é mesmo desigual, e a reação enérgica das forças de defesa israelenses daria razão a Marco Aurélio Garcia. Essa impressão, porém, é enganosa. Se há um culpado pela nova onda de violência no Oriente Médio, não é Israel: é o Hamas. Este não é um interlocutor normal e respeitável, nem seu objetivo é alcançar algum tipo de modus vivendi com Israel. É, isso sim, um grupo terrorista fundamentalista islamita que jurou nada mais, nada menos, do que destruir Israel e aniquilar sua população, implantando, em seu lugar, uma teocracia islâmica nos moldes da iraniana. Isso está em todas as suas proclamações, e, quem quiser, que as leia. Como tal, não é possível lidar com ele com luvas de pelica. A trégua, para grupos como o Hamas, é apenas um intervalo para recompor suas forças e lançar novos ataques terroristas. Isso porque seu objetivo final não é outro senão a aniquilação total do Estado e da população israelenses. Um novo Holocausto, enfim. Logo, não se trata de uma guerra entre dois Estados, ou entre dois povos, mas de uma ação de legítima defesa de um Estado sitiado contra bandos armados que querem a sua destruição, e que usam a população civil da área, uma das mais densamente povoadas do mundo, como escudos humanos - daí o elevado número de baixas civis nos ataques israelenses. Como se pode falar em reação desproporcional israelense, se um dos lados - o Hamas, e não Israel - simplesmente se recusa a reconhecer o direito do outro à existência?
Suponhamos que a situação se invertesse. Que fosse o Hamas, e não Israel, o lado militarmente mais forte. Que fossem os israelenses, e não os palestinos, que estivessem sob ataque de aviões e tanques. Alguém duvida que, em vez de 300 ou 500, teríamos milhões de mortos? Alguém duvida que, aí sim, teríamos um verdadeiro genocídio? Alguém duvida que, em vez de danos colaterais entre a população civil, usada como escudo pelos terroristas islamitas - mais um motivo para que esta deseje se livrar deles de uma vez por todas -, teríamos um massacre de proporções hiltleristas? Isso sim, é algo desproporcional. Ou melhor: isso sim, seria algo proporcional às intenções do Hamas em relação a Israel e a seu povo.
Outra balela que já virou um dogma é a de que seria a ação militar de Israel a causa do terrorismo palestino. É uma variação do "Blame America First", segundo o qual os EUA seriam os responsáveis últimos pelo terrorismo da Al-Qaeda, bem como por toda manifestação de antiamericanismo no mundo. Segundo essa visão, defendida por muitas almas puras e ingênuas, ou simplesmente mal-informadas, bastaria os israelenses desocuparem os territórios conquistados aos palestinos que estes deporiam as armas e todos viveriam em paz e felizes para sempre. Essa fantasia cor-de-rosa é totalmente desmentida pelos fatos. Basta lembrar que a atual situação em Gaza começou quando o governo israelense de Ariel Sharom - então a besta-fera do sionismo internacional - ordenou, de forma unilateral e sem exigir nada em troca, a retirada dos colonos israelenses estabelecidos na região desde 1967, o que causou não pouco choro e ranger de dentes entre os judeus mais radicais. Desde então, o Hamas assumiu o poder em Gaza. Pois bem. O que aconteceu? Os ataques a Israel cessaram? Pelo contrário. O Hamas se fortaleceu, e chegou mesmo a tomar o poder da facção palestina rival e mais moderada, a Fatah de Yasser Arafat e Mahmoud Abbas. Os fanáticos do Hamas impuseram sua própria opressão sobre a população palestina e Gaza se transformou numa base avançada dos terroristas islamitas, que lançam diariamente ataques com foguetes e incursões em território israelense. O mesmo aconteceu depois de 2000, quando as tropas israelenses se retiraram do sul do Líbano: a região logo se transformou em território do Hizbollah, que passou a lançar ataques diários contra a população israelense, provocando a reação militar de Israel em 2006 - uma guerra que, a julgar pelo grosso do noticiário internacional, foi desfechada por Israel não para eliminar uma ameaça a suas fronteiras, mas somente para devastar o Líbano.
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Obviamente, a responsabilidade pela barbárie não é apenas dos fanáticos do Hamas. Parcela importante de culpa recai sobre quem sempre fez vista grossa para a violência dos fundamentalistas, recusando-se a enxergá-los como o que de fato são: terroristas assassinos e inimigos da paz. Eis um outro exemplo recente bastante didático: em 2000, o governo do então primeiro-ministro israelense (e atual ministro da defesa), Ehud Barak, ofereceu a Yasser Arafat, então líder da Autoridade Palestina, mais de 90% de todo o território reivindicado pelos palestinos desde 1967, o que incluía a maior parte da Cisjordânia. Em troca, os refugiados de guerra palestinos ficariam impedidos, em um primeiro momento, de retornar e a Autoridade Palestina (a Fatah) se comprometeria a conter os movimentos terroristas em seu território, como o Hamas. Era a maior oferta de paz feita até hoje por Israel. O que fez Arafat? Aceitou a oferta israelense, que teria terminado com décadas de confronto ou, pelo menos, constituído um passo importante para alcançar esse objetivo? Nada disso. Ao invés de aceitá-la, recusou-se até mesmo a prosseguir as negociações, optando por um caminho de radicalização que levou a uma nova escalada de violência. Desde 1994, quando estabeleceu seu Estado nos territórios palestinos após ter reconhecido, seis anos antes, o direito de Israel à existência - o que o Hamas não dá nenhum sinal de que fará um dia -, Arafat, que morreu em 2004, não moveu uma palha para impedir os atentados do Hamas e do Hizbollah. Resultado: esses grupos logo tomaram o lugar do Fatah, e em 2006 tomaram o poder à bala na Faixa de Gaza, mandando as negociações com Israel às favas. É mais um motivo para que o Fatah deseje a eliminação do Hamas por Israel.
Isso tudo comprova apenas uma coisa: enquanto houver Hamas, não haverá esperança de paz na região. E, no entanto, nunca vi nenhuma declaração do governo brasileiro condenando explicitamente esse bando de fanáticos assassinos, assim como nunca vi, nem certamente verei um dia, alguma nota do PT condenando os narcobandoleiros das FARC ou a tirania castrista em Cuba. É que quem condena abertamente o terrorismo islamita, claro, está defendendo uma "brutalidade", é isso...
Uma vez, alguns anos atrás, tive uma discussão feia com um colega argentino, aliás descendente de árabes. Cometi a imprudência de lembrar que Israel é um país sitiado. Foi o suficiente para eu ser acusado de defender o extermínio de todos os palestinos. Fui mais além em minha ousadia, e lembrei que grupos como o Hamas e o Hizbollah querem a destruição de Israel. Aí meu colega me veio com a seguinte pérola: "O Hamas não existe". Para Marco Aurélio Garcia, o Hamas também não existe. Os israelenses estão lutando pela sua sobrevivência. E o Hamas e o Hizbollah, pelo que lutam?
Há sessenta anos, Israel luta para existir. Para garantir a própria sobrevivência. Seus inimigos, como o Hamas, lutam para destruí-lo. Para exterminar sua população, trucidá-la, afogá-la em sangue, terminando o serviço que Hitler deixou inacabado. Diante disso, a diplomacia brasileira diz não ter lado. Eu não. Eu tenho lado. E não é o lado do Hamas.
2 comentários:
Parabens ao brasil. Esta no caminho certo
Cara, seu blog é MARAVILHOSO! Mas você poderia fazer o favor de parar de escrever os títulos em caixa alta? Valeu!
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