sábado, maio 26, 2012

VEJAM UM POUCO DO QUE A "COMISSÃO DA VERDADE" NÃO VAI INVESTIGAR

Vai acima o trailer do documentário Reparação, de Daniel Moreno.  Vale a pena assistir. Nele, conta-se a história de Orlando Lovecchio Junior, que perdeu a perna em um atentado à bomba perpetrado pelo grupo extremista Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) no Consulado dos EUA em São Paulo, em 19/03/1968 - muitos meses antes do AI-5, tido ainda hoje por muitos como a "justificativa" para os atos terroristas da esquerda armada no período.
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O mais chocante: Lovecchio, que teve o sonho de ser piloto de avião ceifado de forma estúpida, sobrevive hoje com uma pensão de 500 reais. Já o terrorista que colocou a bomba que o vitimou recebeu, da comissão de anistia, três vezes mais. É que ele, Lovecchio, foi vítima, mas do lado errado... (se é que vocês me entendem).
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O caso é realmente escandaloso, por demonstrar o duplo padrão político e moral adotado pelo atual governo para tratar da História brasileira recente: indenizações milionárias para ex-terroristas e nada - nem um simples pedido de desculpas - para as vítimas da luta armada, que foram principalmente, como afirmam no vídeo os professores Marco Antonio Villa e Demétrio Magnoli, cidadãos comuns, alheios à luta política da época. Cidadãos como Orlando Lovecchio Junior. 
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E não se trata de um fato isolado. Há outros até mais estarrecedores, inclusive militantes de organizações armadas de esquerda exterminados pelos próprios companheiros de luta. Também nesses casos, as vítimas foram duplamente punidas, sendo-lhes negada até hoje a reparação devida. Já muitos de seus algozes foram regiamente recompensados pelo Estado. Como diz Marco Antonio Villa, parece que também na hora de reparar o passado a luta de classes esteve presente.
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Lovecchio tinha 22 anos quando teve a perna arrancada por uma bomba assassina. A mesma idade que Dilma Rousseff tinha quando foi presa em 1970, por sua participação, entre outras organizações de extrema-esquerda, na VPR. Por ter sido presa, Dilma recebeu uma indenização de cerca de 70 mil reais.
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Vejamos se a tal "comissão da verdade" criada pelo governo de Dilma Rousseff irá tratar de casos como o relatado acima. Algo me diz que não. A se julgar pelo que se viu até aqui, a possibilidade de os crimes cometidos pelos dois lados - militares e terroristas - ser investigados é bem remota: a comissão, pelo visto, será nada mais do que um veículo para o revanchismo e a falsificação da História com fins político-ideológicos, no pior estilo stalinista. Nada, enfim, que se possa chamar, honestamente, de reparação, mas, sim, uma grande empulhação - uma omissão da verdade.  

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