terça-feira, outubro 25, 2011

EXPLICANDO O BLOG A UM LEITOR



Um leitor, que assina como "brasileiro", escreveu o seguinte comentário sobre meu último texto, em que falo da morte ignominiosa de Muamar Kadafi:

Pela primeira vez, acho, sou obrigado a concordar com o que você escreveu. Kadafi deveria ter sido levado a julgamente e recebido sua pena, mesmo que esta fosse a morte. Devemos respeitar as leis e não a barbárie.Tudo indica que a Líbia muito em breve terá um novo tirano!

Ok, brasileiro: mesmo não escrevendo para que concordem comigo, gosto quando o fazem, não vou mentir. Mas fiquei encafifado com uma coisa.

Por que esta seria "a primeira vez" que o leitor concorda com algo que escrevi? Pelo visto ele nao leu muitos textos meus. Falei da execução extrajudicial de Kadafi – seu assassinato puro e simples – e que esta foi um mau sinal e uma afronta à Justiça. Em que isso difere da minha opinião em todos os outros posts?

Desconfio que o leitor acima não entendeu ainda o que é o blog. Isso porque em todos – repito: todos – os meus textos procuro me guiar pela defesa da Lei e da Civilizacão contra o arbítrio e a barbárie. A julgar pelo seu comentário, pareceria que o post sobre Kadafi seria uma exceção, e não a regra.

Pergunto: onde, em que texto, eu digo algo que destoa do que eu disse em meu último post?

Não condenei o assassinato de Kadafi somente porque se tratou de um ato ilegal, ou por uma questão de humanitarismo (os comunas diriam "sentimentalismo burguês"), mas também por uma questão de lógica, de coerência. Vou dar alguns exemplos: em que minha opinião sobre a morte de Kadafi difere da minha opinião sobre a tentativa de golpe bolivariano em Honduras? Ou os desmandos totalitários de Hugo Chávez? Ou a ditadura castrocomunista em Cuba? Ou a roubalheira dos petralhas? Ou as tentativas deles de calar a liberdade de imprensa e de pensamento? Ou de impor uma ditadura gayzista e de oficializar o racismo sob o pretexto de defender minorias? Gostaria de saber.

Das duas uma: ou o leitor não leu nada do que escrevi antes ou acha que a Lei vale apenas para Kadafi. Nesse caso, deveria explicar por que esta não se aplicaria nos demais exemplos que citei.

Alguém aponte, por favor, onde eu me afastei, um milímetro que seja, da defesa da Lei e da Democracia. Podem procurar. Se acharem alguma frase minha destoante do que escrevi sobre Kadafi, prometo que fecho o blog e me filio ao PT.

Um comentário:

brasileiro disse...

Confesso que não li todos os seus textos, mas apenas alguns, em meses diferentes.

Não concordo com alguns deles e não acho que todos se baseiem pela mesma linha de defesa da lei, como você defende.

Discutiu sobre uma "ditadura gayzista"?!? Não enxergo a liberdade sexual como uma imposição ditatorial, muito pelo contrário.

Brigou com aqueles que defendiam a lei para Bin Laden (mesmo que essa também fosse a pena de morte) e você defendeu que a execução de Bin Laden, mesmo desarmado e já rendido, fosse correta e bem feita. Assim como você defendeu a tortura de prisioneiros, que levou até a descoberta do terrorista.

Portanto, não me parece que você defende a lei e o direito em todos os seus textos, mas somente em alguns, sendo estes os melhores.