O maior fenômeno das eleições brasileiras de 2010 é o palhaço Tiririca. Em uma propaganda que já se tornou um hit na internet, Tiririca - aliás, o cearense Francisco Everardo Oliveira Silva - aparece vestido como seu personagem, de peruca e dancinha, pedindo votos no horário eleitoral. Ele é candidato a deputado federal. Tiririca é incapaz de formular qualquer proposta, e confessa não saber o que faz um deputado federal. Não importa. "Pior do que tá não fica", é seu bordão. Segundo todas as pesquisas, Tiririca será eleito. A previsão é que cerca de 1 milhão de eleitores votarão no "abestado".
Muita gente dará o voto a Tiririca, ou sente alguma simpatia por sua candidatura, por seu caráter desbragadamente farsesco e escrachado, típico de circos do interior do Nordeste. Ainda mais numa campanha irritantemente sem graça, em que os debates entre os principais candidatos à Presidência causaram sono e em que se tentou até - cúmulo da palhaçada - proibir o humor, a presença de Tiririca é a garantia de algumas gargalhadas. O voto em Tiririca, assim como a eleição do rinoceronte Cacareco ou do Macaco Tião em eleições passadas, simbolizaria assim um "voto de protesto".
Aí é que está. Se você pretende desperdiçar seu voto dando-o ao candidato mais tosco e bizarro que houver na praça, o qual representaria o protesto contra "isso que está aí", é melhor escolher outro candidato. Não Tiririca.
Tiririca é o que os marqueteiros que criaram sua candidatura chamam, no jargão eleitoral, de puxador de votos - alguém famoso, geralmente vindo do mundo da televisão, que pela fama consegue arrecadar votos suficientes para eleger outros candidatos de sua legenda, que de outra forma dificilmente conseguiriam se eleger, geralmente por partidos pequenos e sem maior expressão. O partido, no caso de Tiririca, é o PR, Partido da República. O PR é um dos partidos que compõem a base alugada (perdão: aliada) do governo Lula. Em São Paulo, estado pelo qual Tiririca se lançou candidato a deputado federal, o PR integra a frente partidária encabeçada pelo PT do candidato a governador Aloízio Mercadante. Fazem parte da mesma frente também a ex-ministra Marta Suplicy e o pagodeiro Netinho de Paula, este último pelo PCdoB, Partido Comunista do Brasil, como candidatos ao Senado. Um dos lemas da campanha de Tiririca é "Cansado de quem trambica? Vote no Tiririca". Pois bem. Um dos que poderão ser eleitos com os votos de Tiririca é o ex-deputado federal e ex-presidente nacional do PR, Valdemar Costa Neto. Para quem não lembra, Costa Neto é um dos parlamentares envolvidos no escândalo do mensalão em 2005, quando teve de renunciar ao mandato para fugir à cassação. Outros que esperam beneficiar-se do voto no palhaço são os também mensaleiros José Genoíno (o dos dólares na cueca) e João Paulo Cunha. Agora, graças às piadas de Tiririca, essa turma da pesada poderá voltar ao Congresso Nacional. Não parece muito engraçado, não é? "Pior do que tá não fica". Ah fica, sim...
Dilma Rousseff é a candidata de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. Até dois anos atrás, quase ninguém sabia quem era Dilma Rousseff. O principal trunfo de Dilma Rousseff para postular a cadeira presidencial - na verdade, o único - é ser amiga de Lula. Nos grotões do interior, ela é mais do que isso: é a "mulher de Lula", embora esse posto pertença, oficialmente, a Marisa Letícia. Em sua campanha, Dilma cola sua imagem a de Lula, e promete que, se eleita, irá governar conforme manda o mestre. Segundo as pesquisas, Dilma é a candidata com maiores chances de ser eleita presidente - ou "presidenta", em dilmês - nesse pleito.
Weslian Roriz é a candidata de seu marido, Joaquim Roriz, ao governo do Distrito Federal. Até alguns dias atrás, ninguém sabia quem era ela. Weslian lançou-se na campanha depois que seu esposo, com a candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral - ele renunciou ao mandato de senador em 2007 para não ser cassado por corrupção -, resolveu deixar a disputa. Assim como Dilma, ela já deu mostras de incapacidade de raciocínio lógico, ou mesmo de construir uma frase com idéias minimamente coerentes. O principal trunfo eleitoral de Weslian Roriz é ser esposa de Joaquim Roriz. Em sua campanha, ela cola sua imagem a de Roriz, e promete que, se eleita, irá governar conforme manda o maridão. Segundo as pesquisas, Weslian tem grandes chances de ser eleita governadora do DF.
Comecei este texto falando de Tiririca. Por que, então, desandei a falar de Dilma Rousseff e de Weslian Roriz? Pelo seguinte: nesta eleição, o eleitor votará em Tiririca e irá eleger Valdemar Costa Neto. Por sua vez, os que votarem em Weslian Roriz irão eleger seu marido, Joaquim Roriz. Do mesmo modo, quem votar em Dilma Rousseff irá votar em Ze Dirceu e no PT. E em Lula.
Em outras palavras: Tiririca é a Dilma ou a Weslian de Valdemar Costa Neto. Ou ainda: Weslian Roriz é o Tiririca de Joaquim Roriz. E Dilma Rousseff é o Tiririca de Zé Dirceu.
Essa é mais uma herança da era Lula. O voto "by proxy". O voto-laranja.
Tiririca é um palhaço, e sabe que o é. Na falta de qualquer outra qualidade - inclusive, ao que tudo indica, as mais básicas, como saber ler e escrever - ele aposta no ridículo e no deboche para chegar à Câmara dos Deputados, onde já disse que, além de ajudar a propria família, não tem a menor idéia do que vai fazer. Já Dilma Rousseff se leva a sério, achando-se preparada para governar o Brasil. A diferença entre os dois é que Tiririca, pelo menos, é sincero.
Numa época de farsa institucionalizada, de deboche da democracia e de celebração oficial da ignorância, nada mais lógico do que Tiririca ser eleito deputado federal. Na era da mediocridade - ou seja, na era de Lula, Dilma e Weslian -, convenhamos, nada mais apropriado. Tiririca já pode pensar em vôos mais altos. Por que não a Presidência da República?
Muita gente dará o voto a Tiririca, ou sente alguma simpatia por sua candidatura, por seu caráter desbragadamente farsesco e escrachado, típico de circos do interior do Nordeste. Ainda mais numa campanha irritantemente sem graça, em que os debates entre os principais candidatos à Presidência causaram sono e em que se tentou até - cúmulo da palhaçada - proibir o humor, a presença de Tiririca é a garantia de algumas gargalhadas. O voto em Tiririca, assim como a eleição do rinoceronte Cacareco ou do Macaco Tião em eleições passadas, simbolizaria assim um "voto de protesto".
Aí é que está. Se você pretende desperdiçar seu voto dando-o ao candidato mais tosco e bizarro que houver na praça, o qual representaria o protesto contra "isso que está aí", é melhor escolher outro candidato. Não Tiririca.
Tiririca é o que os marqueteiros que criaram sua candidatura chamam, no jargão eleitoral, de puxador de votos - alguém famoso, geralmente vindo do mundo da televisão, que pela fama consegue arrecadar votos suficientes para eleger outros candidatos de sua legenda, que de outra forma dificilmente conseguiriam se eleger, geralmente por partidos pequenos e sem maior expressão. O partido, no caso de Tiririca, é o PR, Partido da República. O PR é um dos partidos que compõem a base alugada (perdão: aliada) do governo Lula. Em São Paulo, estado pelo qual Tiririca se lançou candidato a deputado federal, o PR integra a frente partidária encabeçada pelo PT do candidato a governador Aloízio Mercadante. Fazem parte da mesma frente também a ex-ministra Marta Suplicy e o pagodeiro Netinho de Paula, este último pelo PCdoB, Partido Comunista do Brasil, como candidatos ao Senado. Um dos lemas da campanha de Tiririca é "Cansado de quem trambica? Vote no Tiririca". Pois bem. Um dos que poderão ser eleitos com os votos de Tiririca é o ex-deputado federal e ex-presidente nacional do PR, Valdemar Costa Neto. Para quem não lembra, Costa Neto é um dos parlamentares envolvidos no escândalo do mensalão em 2005, quando teve de renunciar ao mandato para fugir à cassação. Outros que esperam beneficiar-se do voto no palhaço são os também mensaleiros José Genoíno (o dos dólares na cueca) e João Paulo Cunha. Agora, graças às piadas de Tiririca, essa turma da pesada poderá voltar ao Congresso Nacional. Não parece muito engraçado, não é? "Pior do que tá não fica". Ah fica, sim...
Dilma Rousseff é a candidata de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. Até dois anos atrás, quase ninguém sabia quem era Dilma Rousseff. O principal trunfo de Dilma Rousseff para postular a cadeira presidencial - na verdade, o único - é ser amiga de Lula. Nos grotões do interior, ela é mais do que isso: é a "mulher de Lula", embora esse posto pertença, oficialmente, a Marisa Letícia. Em sua campanha, Dilma cola sua imagem a de Lula, e promete que, se eleita, irá governar conforme manda o mestre. Segundo as pesquisas, Dilma é a candidata com maiores chances de ser eleita presidente - ou "presidenta", em dilmês - nesse pleito.
Weslian Roriz é a candidata de seu marido, Joaquim Roriz, ao governo do Distrito Federal. Até alguns dias atrás, ninguém sabia quem era ela. Weslian lançou-se na campanha depois que seu esposo, com a candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral - ele renunciou ao mandato de senador em 2007 para não ser cassado por corrupção -, resolveu deixar a disputa. Assim como Dilma, ela já deu mostras de incapacidade de raciocínio lógico, ou mesmo de construir uma frase com idéias minimamente coerentes. O principal trunfo eleitoral de Weslian Roriz é ser esposa de Joaquim Roriz. Em sua campanha, ela cola sua imagem a de Roriz, e promete que, se eleita, irá governar conforme manda o maridão. Segundo as pesquisas, Weslian tem grandes chances de ser eleita governadora do DF.
Comecei este texto falando de Tiririca. Por que, então, desandei a falar de Dilma Rousseff e de Weslian Roriz? Pelo seguinte: nesta eleição, o eleitor votará em Tiririca e irá eleger Valdemar Costa Neto. Por sua vez, os que votarem em Weslian Roriz irão eleger seu marido, Joaquim Roriz. Do mesmo modo, quem votar em Dilma Rousseff irá votar em Ze Dirceu e no PT. E em Lula.
Em outras palavras: Tiririca é a Dilma ou a Weslian de Valdemar Costa Neto. Ou ainda: Weslian Roriz é o Tiririca de Joaquim Roriz. E Dilma Rousseff é o Tiririca de Zé Dirceu.
Essa é mais uma herança da era Lula. O voto "by proxy". O voto-laranja.
Tiririca é um palhaço, e sabe que o é. Na falta de qualquer outra qualidade - inclusive, ao que tudo indica, as mais básicas, como saber ler e escrever - ele aposta no ridículo e no deboche para chegar à Câmara dos Deputados, onde já disse que, além de ajudar a propria família, não tem a menor idéia do que vai fazer. Já Dilma Rousseff se leva a sério, achando-se preparada para governar o Brasil. A diferença entre os dois é que Tiririca, pelo menos, é sincero.
Numa época de farsa institucionalizada, de deboche da democracia e de celebração oficial da ignorância, nada mais lógico do que Tiririca ser eleito deputado federal. Na era da mediocridade - ou seja, na era de Lula, Dilma e Weslian -, convenhamos, nada mais apropriado. Tiririca já pode pensar em vôos mais altos. Por que não a Presidência da República?
Um comentário:
Nobre Gustavo,
Em um paíz como o nosso,o paíz da bandalheira,não poderia dar outra:Tiririca eleito.E levando outras figuras exóticas.Sem ofensa:"É só cobrir com lona o Congresso,vira circo",disse um blogueiro.É verdade!
"Pior do que tá não fica",bordão do Tiririca,(com rima e tudo).
Estamos sendo nivelados por baixo.
Abraços.
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