quarta-feira, julho 24, 2013

UMA MODESTA PROPOSTA PARA MUDAR O BRASIL



 
A onda de protestos que varreu o Brasil em junho foi vista com perplexidade pelo governo lulodilmista e saudada otimisticamente como o despertar de um "novo Brasil" por muitos analistas. Como já escrevi aqui, tenho motivos para ser cético em relação a esse "novo Brasil" que se está alardeando por aí. Isso porque, entre outras coisas, não vi um foco nos protestos, uma liderança capaz de dar um rumo claro e direcionar a indignação represada durante 11 anos de mandarinato petista para além do oba-oba e do eventual vandalismo.  As manifestações, sem comando e sem objetivos claros, perderam-se numa barafunda de reivindicações as mais difusas e até mesmo estapafúrdias (a começar pelo tal “passe livre”, na verdade uma desculpa de grupelhos de extrema-esquerda e de mentes pré-púberes para brincar de “revolução”), sem Norte e sem conteúdo. Como numa tragédia de Shakespeare, tudo pareceu resumir-se a um espetáculo de som e fúria, significando nada.
 
Apesar de todo o barulho, não se tocou, até agora, no essencial, limitando-se os protestos a palavras de ordem vagas e abstratas, que convidam ao sequestro das manifestações pelo próprio governo e pelos partidos esquerdistas. 
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Um exemplo: quase ninguém se deu conta de que o slogan mais repetido nas manifestações – "mais saúde, mais educação" –, pode significar mais gastança, mais desperdício do dinheiro público, assim como nas obras da Copa. Não por acaso, a maior manifestação popular da História dos EUA ocorreu em 2011 CONTRA a proposta do governo Obama de universalizar o sistema de saúde pública. Mais escolas e mais hospitais (e mais médicos, como quer o governo) significa mais gastos, o que quase sempre quer dizer mais impostos – e mais corrupção. Mas ninguém parece ter percebido isso.
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Outro exemplo: o desencanto com os "partidos" e os "políticos" em geral, sem dar nomes aos bois (quase não se viram cartazes de "Fora Dilma" ou "Lula na cadeia") e "contra tudo isso que está aí". Os brasileiros que foram às ruas manifestaram-se contra todos os partidos, deixando claro que nenhum deles lhes representa. Mas do quê – ou melhor: de quais partidos e políticos – estavam falando exatamente? O que os representa?
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Para tentar colocar alguma ordem nesse caos e nessa confusão mental – que parece ser mesmo a característica principal do País de Macunaíma –, apresento a seguir uma agenda política que, asseguro, se for aplicada vai transformar radicalmente o cenário nacional. Eis minha modesta proposta para mudar o Brasil.
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Trata-se do seguinte. Um partido, ou movimento - o nome pouco importa -, que defenda os seguintes pontos:
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- Livre Mercado – Ou seja: livre iniciativa e meritocracia, e não o "capitalismo de Estado" dos companheiros no poder, o capitalismo estatal ou semi-estatal dos Eikes Batistas financiado pelo BNDES e pela Petrobrás.  Isso que dizer lutar pelo fim dos monopólios, estatais ou de empresas queridinhas do governo, e pela livre concorrência. Em outras palavras: trata-se de implantar, no Brasil, aquilo que se implantou nos EUA e na Inglaterra há uns duzentos anos, e que ainda não deu as caras na terra do patrimonialismo e dos bolsas-famílias: o capitalismo.
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- Redução do Estado – Condição essencial para que exista capitalismo é limitar o papel do Estado ao mínimo indispensável, a fim de não prejudicar a atividade econômica e proporcionar serviços públicos de qualidade onde a ação governamental é imprescindível (segurança, justiça e defesa, por exemplo). Isso passa, necessariamente, pela redução dos impostos e pela utilização mais racional do dinheiro público. Máquina inchada, apadrinhamento, ineficiência e corrupção caminham juntos, como qualquer brasileiro sabe muito bem. (Aí estão 39 ministérios para ilustrar esse fato.)
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- Defesa do Estado de Direito Democrático – Parece óbvio (e é!), mas qualquer partido ou movimento que se preze deve ter na defesa das liberdades democráticas  - de expressão, de crença, de reunião, de imprensa – parte inseparável de seu programa. Isso significa defender o mais possível a não-intervenção do Estado na vida privada do cidadão, a defesa das liberdades individuais contra o Leviatã estatal.
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- Política externa não-ideológica – Embora não seja um assunto popular no Brasil, a diplomacia deve coadunar-se com os princípios acima, distanciando-se da agenda bolivariana e antiamericana que hoje domina o Itamaraty, ditada pelo Foro de São Paulo (o maior tabu político da América Latina nos últimos 23 anos).   
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Aí está. Acredito que ninguém poderá chamar os pontos acima de radicais, ou dizer que eles pecam pela ambição desmedida. Pelo contrário: trata-se  de um programa básico, o mínimo necessário para se construir uma alternativa democrática e liberal aos partidos existentes no País. E, mesmo assim, trata-se de algo absolutamente inédito no Brasil.
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É incrível, mas nenhum – nenhum! – partido político atualmente existente no Brasil pauta sua agenda pelos princípios acima. Há partidos de todos os tipos e para todos os gostos – de esquerda, de ultra-esquerda, fisiológicos, dinheiristas etc. –, mas nenhum, pelo que sei, define-se abertamente como conservador ou liberal, portanto de direita. Esta continua a ser um anátema, enquanto ser de esquerda (ou seja: a favor de ditaduras como a de Cuba, por exemplo) é visto geralmente como algo bom e positivo. Não por acaso, as eleições no Brasil já viraram um samba de uma nota só, com todos falando a mesma linguagem esquerdista ou de Miss, defendendo "mais saúde", "mais educação", "pela vida" (alguém é contra?) etc.
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(A propósito, caro leitor: que país civilizado e democrático não possui pelo menos um partido de direita solidamente estruturado? Que nação democrática possui apenas partidos pertencentes a um lado do espectro ideológico? Poderia responder?)  
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Não me surpreende que a maioria da população brasileira, que é honesta, paga impostos e não quer viver mamando nas tetas do Estado-babá, não se reconheça em nenhum partido existente. É que nenhum deles realmente a representa. E não há nada no horizonte para preencher esse vazio. Daí o povo não saber ao certo contra o quê ou quem protesta.
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Quer mudar o Brasil? Que tal pensar no que está aí em cima, para começar?

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