domingo, março 11, 2012

UMA MENTIRA CHAMADA DILMA ROUSSEFF


Dilma Vana Rousseff é uma mentira. Não sou eu quem o diz. É a própria Dilma Vana Rousseff. 

Querem uma prova? Leiam o discurso de posse dela na Presidência da República, em 1o de janeiro de 2011. Lá, ela diz o seguinte (destaquei alguns textos em negrito):

"Nossa política externa estará baseada nos valores clássicos da tradição diplomática brasileira: promoção da paz, respeito ao princípio de não-intervenção, defesa dos Direitos Humanos e fortalecimento do multilateralismo."

Quem acompanhou pelo noticiário a recente visita de Dilma à ilha de Cuba percebe claramente que o que vai escrito aí em cima não é sincero.  Dilma foi à ilha dos Castro para prestigiar a ditadura mais longeva do Ocidente.  Recusou-se a se encontrar com dissidentes e ainda fez uma declaração das mais idiotas, criticando os EUA e negando-se a dizer qualquer palavra de crítica à tirania castrista. Nisso, seguiu fielmente o roteiro traçado por seu antecessor e criador, que, numa das cenas mais abjetas da história da diplomacia brasileira, comparou em 2010 os presos políticos da ilha-presídio a criminosos comuns.  

No discurso de posse, ela disse ainda:

"Reafirmo meu compromisso inegociável com a garantia plena das liberdades individuais; da liberdade de culto e de religião; da liberdade de imprensa e de opinião."

As liberdades individuais, como a de culto e de religião, são justamente os alvos de projetos que contam com o apoio, velado ou não, do governo federal, como a PEC 122 (a chamada "lei da mordaça gay") e o PNDH-3, que o governo engavetou devido à repercussão negativa junto à opinião pública (mas que não desistiu de implantar). A referência no discurso à liberdade de culto e de religião deveu-se certamente à tentativa de aplacar setores evangélicos, principalmente depois da celeuma das declarações de Dilma a favor da legalização do aborto (que ela negou de rosário e crucifixo na mão durante a campanha eleitoral, enquanto seus assessores faziam contorcionismos verbais para tentar explicar que ela na verdade não quis dizer o que disse).  Agora que o voto evangélico não é mais tão necessário, o governo volta à carga, e a questão da legalização do aborto retorna com força, com a nomeação, inclusive, de uma aborteira treinada para o cargo de ministra das Mulheres.

Mas, atenção!, o trecho do discurso de Dilma que mais ofendeu a verdade foi o seguinte (prestem atenção aos trechos em destaque):

"Reafirmo que prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras. Quem, como eu e tantos outros da minha geração, lutamos contra o arbítrio e a censura, somos naturalmente amantes da mais plena democracia e da defesa intransigente dos direitos humanos, no nosso País e como bandeira sagrada de todos os povos."

Em claro desmentido à primeira frase, a já mencionada visita a Cuba escancarou que a preferência de Dilma está mesmo é com o silêncio das ditaduras companheiras. Quanto à afirmação seguinte, trata-se de um dos pilares fundamentais da lenda dilmista, reforçada pela hagiografia sobre ela publicada recentemente (e cujo título já diz tudo "A Vida Quer É Coragem" - sic). Pode ser resumido assim: "ela foi presa e torturada; logo, sabe o valor da liberdade". Muitos caíram nessa balela, e passaram a repeti-la como um mantra.

É uma falsidade total. Ninguém se torna "naturalmente amante da mais plena democracia e da defesa intransigente dos direitos humanos" porque passou pela experiência da prisão e da tortura. Jamais fui preso ou torturado, mas uma coisa sei com certeza: a tortura não faz de ninguém um democrata. Pelo contrário: a tendência é que a pessoa, pelo trauma da violência, fique ainda mais revoltada e amargurada, tornando ainda mais profundo seu ódio pelos inimigos. Consta que Aiman al-Zawahiry, o atual chefe da Al-Qaeda, foi preso e torturado no Egito antes de se juntar a Osama Bin Laden. Assim como ele, quantos terroristas islamitas da atualidade não se radicalizaram ainda mais por terem sido presos no passado por ditaduras árabes seculares? (Esse é um argumento, aliás, dos que condenam o tratamento dispensado aos terroristas islamitas em Guantánamo, por exemplo.)

A se levar a sério essa alegada relação causal entre ter sido torturada e amar a democracia, deveríamos agradecer aos torturadores, pois teria sido graças ao pau de arara e aos choques elétricos que os guerrilheiros presos descobriram o valor da democracia. Os lulodilmistas inventaram a tortura pedagógica.

Mais adiante no discurso, a criatura de Lula da Silva faz uma afirmação que, pouco mais de um ano e sete ministros a menos depois, soa como irônica:

"Serei rígida na defesa do interesse público. Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito. A corrupção será combatida permanentemente, e os órgãos de controle e investigação terão todo o meu respaldo para aturem com firmeza e autonomia."
 
No final, Dilma Rousseff termina seu discurso repetindo uma mentira histórica:

"Chegamos ao final desse longo discurso. Dediquei toda a minha vida a causa do Brasil. Entreguei minha juventude ao sonho de um país justo e democrático. Suportei as adversidades mais extremas infligidas a todos que ousamos enfrentar o arbítrio. Não tenho qualquer arrependimento, tampouco ressentimento ou rancor."

Dilma Rousseff não se arrepende de ter, segundo suas palavras, lutado por um país justo e democrático. De fato, seria ilógico alguém se arrepender de ter-se entregue ao sonho da justiça e da democracia. Quem seria contra isso? Ninguém, obviamente. Mas foi por isso mesmo que Dilma lutou e foi presa e, dizem, torturada? Nesse ponto, é importante saber a que tipo de sonho realmente ela entregou sua juventude. 

Vamos lembrar: Dilma Rousseff foi presa em 1970 e cumpriu três anos da sentença a que foi condenada por ter participado, como militante, de três organizações armadas de extrema-esquerda: a COLINA (Comandos de Libertação Nacional), a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) e a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária-Palmares). Pelo menos nesta última, ela teve algum papel de destaque, tendo sido uma das dirigentes.  

O que queria a VAR-Palmares? Em seu Programa, elaborado em setembro de 1969 - provavelmente, com a participação de Dilma, que usava os codinomes de Estela, Vanda ou Luíza - está escrito o seguinte, na parte referente ao "caráter da revolução" (o texto consta da coletânea organizada por Daniel Aarão Reis Filho e Jair Ferreira de Sá, Imagens da Revolução: Documentos das Organizações Clandestinas de Esquerda dos Anos 1961-1971, Rio de Janeiro, Marco Zero, 1985):

"Só a Revolução Socialista poderá libertar os trabalhadores do campo da miséria e assegurar a expansão das forças produtivas na indústria, propiciando melhores condições de vida às massas trabalhadoras. Só a Revolução poderá assegurar a expansão da economia e a independência nacional, até que, com a destruição do imperialismo em escala internacional e com a construção do comunismo, possam desaparecer todas as demarcações e antagonismos entre os povos". (p. 265)

Corrijam-me se entendi errado, mas, até onde sei, "revolução socialista" é uma coisa, e amor à democracia e defesa intransigente dos direitos humanos, é outra, completamente diferente e antagônica. O mesmo vale para "construção do comunismo": quem tem um mínimo de conhecimento sobre o que foi a URSS ou o que é hoje Cuba ou a Coréia do Norte sabe perfeitamente  que tal regime político é incompatível com qualquer idéia de liberdade individual, sobretudo liberdade de culto e de expressão. Era esse o sonho de um país justo e democrático de que falou Dilma em seu discurso de posse?

Mais à frente, o mesmo documento explicita o tipo de regime político pelo qual se batia a organização a qual pertenceu Dilma Rousseff (mais uma vez, peço atenção aos termos destacados do texto):

"O objetivo da Revolução Brasileira é, assim, o da conquista do poder político pelo proletariado, com a destruição do poder burguês que explora e oprime as massas trabalhadoras. Este objetivo, resultado da vitória da guerra revolucionária de classes, será concretizado com a formação do Estado Socialista, dirigido pelo Governo Revolucionário dos Trabalhadores, expressão da Ditadura do Proletariado." (idem)  

Aí está. O grupo de Dilma pugnava não pela democracia representativa que temos hoje, mas pelo "Estado Socialista" (assim, com maiúsculas), um "Governo Revolucionário dos Trabalhadores", expressão da - mais claro, impossível - "Ditadura do Proletariado". Alguma dessas expressões lembra, mesmo que remotamente, defesa da democracia e dos direitos humanos?

O documento da VAR-Palmares tem, não dá para negar, pelo menos o mérito da clareza. Em vários trechos, fica óbvio que seus militantes tinham em vista muito mais do que eleições livres e democráticas. Na parte concernente à "guerra revolucionária", por exemplo, está escrito textualmente:

"[...] Sendo uma guerra contra o sistema capitalista, a Guerra Revolucionária no Brasil deve ser encarada sob o prisma do socialismo, sendo esta sua lei básica. [...]" (p. 269 - grifo no original)

Duas páginas adiante, há uma passagem que especifica a relação entre o objetivo e a forma de luta (a guerrilha). Ao analisar os motivos por que os guerrilheiros estariam isolados e dispersos, o texto afirma:

"Este isolamento e esta dispersão só serão rompidos pela atuação revolucionária da vanguarda, educando as massas na perspectiva da violência e do socialismo". (p. 271)

E, para que não paire qualquer sombra de dúvida sobre o que era e o que queria a organização na qual militou a jovem Dilma, há um trecho que diz:

"A Vanguarda Armada Revolucionária-Palmares, como organização partidária político-militar, constitui-se na vanguarda socialista que, orientada pela ciência e pelo método do marxismo-leninismo, enriquecidos teórica e praticamente pelo movimento revolucionário de todo o mundo, propõe-se a lutar pela revolução proletária e pela implantação do Socialismo no Brasil." (p. 275)  

Creio que o parágrafo acima é suficientemente claro. Ou ainda resta alguma dúvida?

Comparem agora os trechos acima do documento-programa da VAR-Palmares com os trechos selecionados do discurso de posse de Dilma Rousseff na Presidência.  Especialmente aqueles em que ela diz que, por ter lutado contra o arbítrio, é uma amante da democracia e defensora intransigente dos direitos humanos. E que não tem qualquer arrependimento. Pois é...

Uma nota pessoal. Participei, e não escondo isso de ninguém, de um grupo sectário de ultra-esquerda na universidade. Eu era um paspalho, mas não posso dizer que fui iludido. Sempre soube que o objetivo final daqueles aspirantes a Lênin e a Trotsky da província era destruir a sociedade capitalista e impor a ditadura do proletariado. Era, aliás, exatamente isso o que me atraía naquele grupelho radical: a retórica totalitária, o desprezo total à democracia (que chamávamos sempre de "burguesa"). Assim como Dilma Rousseff, acreditei um dia que o futuro da humanidade era o comunismo, e dediquei a essa causa um pedaço de minha juventude. Mas, ao contrário dela, não vejo razão alguma em ocultar esse fato, posando de defensor da liberdade.

Finalmente, vale recordar: em nome da "revolução proletária" e da "implantação do socialismo", grupos como a VAR-Palmares praticaram atos terroristas, como assassinatos, atentados à bomba, seqüestros e  assaltos, com dezenas de vítimas fatais (o primeiro marido de Dilma, Cláudio Galeno, chegou mesmo a seqüestrar um avião comercial, desviado para Havana). Derrotados pelas forças da repressão política, os remanescentes da luta armada passaram a se apresentar, desde então, como democratas. E instituíram uma "comissão da verdade" revanchista que pretende, ao arrepio da Lei da Anistia,  julgar e condenar os que os perseguiram. Com o aval da presidente da República. A mesma que afirmou, no discurso de posse, não ter qualquer arrependimento, assim como ressentimento ou rancor.

Desde que foi escolhida por Luiz Inácio Lula da Silva para ser sua sucessora, Dilma Rousseff, a ex-Estela da VAR-Palmares, passou por uma verdadeira transformação estética. Pelo visto, não foi só sua aparência física que sofreu uma mudança radical: também seu passado político é constantemente retocado por generosas doses de photoshop. Infelizmente para ela, os grupos da luta armada deixaram documentos.

Das duas uma: ou a VAR-Palmares não era uma organização revolucionária marxista-leninista que lutava para instaurar uma ditadura comunista no Brasil, e nesse caso a Dilma Rousseff de 1969 estava participando de uma farsa, ou era, e nesse caso a Dilma de 2011 estava querendo enganar a platéia posando de heroína da luta pelas liberdades democráticas. Em qualquer situação, estamos diante de uma descarada falsificação histórica.   

Os aduladores da atual presidente gostam de dizer que ela se comportou bravamente na tortura, e que mentiu para seus interrogadores. Ela mesma faz questão de repetir essa versão quando lhe é conveniente. Ao que parece, ela interiorizou essa tática. Esta se tornou mesmo sua segunda natureza. Quando se trata de Dilma Vana Rousseff, o que ela diz e a verdade quase nunca estão no mesmo lugar.
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Como dizia o velho Paulo Francis: "Quer ver um comunista se desmoralizar? É só deixá-lo falar". (Ou lembrar o que disseram, eu acrescentaria.) 

A NOVA POTÊNCIA MUNDIAL


Crianças anglo-saxônicas brincando no Rio Tâmisa, em Londres - ainda bem que essas coisas só se vêem por lá...

Para que não digam que só escrevo o que escrevo porque sou um invejoso, ressentido e recalcado por causa desse imenso sucesso de público e crítica que é o lulopetismo, aí vai uma boa notícia.

Está em todos os jornais. O Brasil é agora a sexta maior economia do mundo. Deixamos para trás o Reino Unido.

Que beleza, não? Que maravilha! Esperem aí, vou abrir uma garrafa de champanhe.

Vou mesmo me juntar ao coro dos pachecos e pachecas do oficialismo cleptopetista e gritar, a plenos pulmões, cheio de furor ufanista, slogans de outra época: Pra frente Brasil! Ninguém segura este país! Brasil-sil-sil!

Pois é, né? Estou até com pena dos ingleses, coitados... Os súditos da rainha devem estar se roendo de inveja diante do avanço do Impávido Colosso. Também pudera: como sabe qualquer pessoa minimamente alfabetizada e com algum acesso à informação mais básica, os filhos da pérfida Albion estão numa pindaíba de dar dó até no mais miserável retirante nordestino. Ao contrário de nós, claro.

Só para vocês terem uma idéia, aí vão alguns números para nos encher ainda mais de orgulho patriótico:

- 53% das habitações sem saneamento básico - isso mesmo: mais da metade das casas sem esgoto;

- uma educação falida e incapaz de providenciar o ensino das noções mais básicas de português e de matemática, que se expressa nos últimos lugares nos exames internacionais de qualidade da educação, com mais de 14 milhões de analfabetos (noves fora os analfabetos funcionais, muito mais numerosos);

- um sistema de saúde pública infame e pavoroso, com hospitais que mais se assemelham a açougues;

- cerca de 50 mil assassinatos por ano devido ao crime organizado - num país que, oficialmente, não está em guerra;

- milhares de zumbis viciados em crack zanzando nos centros das grandes cidades e até no interior;

- estradas intransitáveis e aeroportos defasados há décadas, incapazes de atender à demanda;

- tragédias sazonais e plenamente evitáveis na estação de chuvas todo verão - devido à omissão criminosa das "autoridades" etc.

Sem falar, claro, num flagelo que, felizmente, é desconhecido por estas plagas: a corrupção generalizada, a um ritmo de um ministro demitido a cada dois meses (apenas no primeiro ano do governo). Roubalheira? Mensalão? Impunidade?  Ouvi dizer que tem dessas coisas lá pelas bandas da Inglaterra. (Aliás, por lá parece que também eles ainda sofrem com epidemias de dengue, vejam só que atrasados...)

Tudo isso, claro, existe na outrora gloriosa Grã-Bretanha, não no Brasil varonil. Todos estamos carecas de saber que, desde primeiro de janeiro de 2003, quando D. Sebastião voltou para nos redimir, nossa Pátria Amada Idolatrada Salve Salve virou o Paraíso terrestre, motivo de inveja e admiração de todos os povos do planeta.

Para reforçar isso ainda mais, vejam só o que os pobres britânicos têm para mostrar ao mundo, em comparação com o que temos a oferecer:

- Eles têm alguns escribas medíocres, como um tal de Shakespeare, ou um John Milton, um Edmund Burke, um J.S. Mill, um Charles Dickens... Figuras absolutamente obscuras e sem nenhuma influência na Literatura e na Filosofia mundiais. Nós temos gigantes do pensamento universal como Paulo Coelho e Gabriel Chalita.

- Eles deram ao mundo alguns poucos e insignificantes cientistas, como Isaac Newton e Charles Darwin; nós somos uma potência científica, como demonstram nossos dezenas de prêmios Nobel. Tanto somos que já temos mais ex-BBBs do que arqueólogos... é a nossa contribuição ao progresso mental da humanidade.

- Eles tiveram um papel ínfimo na História universal; já o Brasil foi berço da Revolução Industrial e exportador de tecnologia. Sem falar na nossa atuação decisiva na derrota do nazi-fascismo na Europa durante a II Guerra e, depois, do comunismo. 

- Eles ainda pautam sua política externa pela chamada aliança atlântica com os EUA; nós estamos muito mais avançados, e nos guiamos pela aliança com baluartes da democracia e dos direitos humanos como Cuba, Venezuela e Irã.

Nem falo aqui das artes e da cultura, como o cinema, onde, como todos sabem, damos um banho nos gringos. Estamos na vanguarda nesse quesito, ao contrário dos ingleses. Aliás, quem foi mesmo esse tal de Hitchcock?

Parece que a coisa está tão feia por lá que o governo de Sua Majestade estaria cogitando importar o modelo do Bolsa-Cabresto, tão bem-sucedido no Brasil. (Os políticos de lá não sabem o que estão perdendo.) Também estaria pensando em construir um trem-bala unindo o rio Capibaribe a seu tributário, o Tâmisa.

Finalmente chegamos ao Primeiro Mundo. Aí estão os fatos acima que não me deixam mentir.    

sexta-feira, março 09, 2012

UM POEMA PARA OS TEMPOS ATUAIS

Primeiro eles vieram atrás dos liberais.
Atacaram-nos de todas as formas, buscaram desacreditá-los,
Até que “liberal” virou uma palavra feia.
E eu não protestei, porque não era liberal;
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Depois, eles vieram pelos conservadores.
Trataram de satanizá-los, de estigmatizá-los, 
Até que que não sobrou nenhum deles.
E eu não disse nada, porque não era conservador;
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Mais tarde, eles vieram atrás dos católicos e dos evangélicos.
Cobriram-lhes de calúnias, ridicularizam-nos,
Tacharam-nos de reacionários, atrasados, homofóbicos…
E eu me calei, porque não era católico, nem evangélico;
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Então foi a vez de todos os que insistiam em pensar de forma diferente.
E eu permaneci em silêncio, porque não me interesso por política;
.
Finalmente, vieram me buscar.
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E já não havia ninguém para protestar.

quarta-feira, março 07, 2012

PARA QUE NÃO DIGAM QUE NÃO AVISEI...

THIS IS A BULLSHIT-FREE SPACE


Aqueles que acompanham o blog conhecem minha política em relação aos comentários.  Apenas para que fique claro para os que passaram a frequentá-lo recentemente, vou repeti-la aqui:

- Insultos pessoais, ofensas gratuitas e provocações infantis serão ignorados. Isto aqui não é parede de banheiro público. Procure um psicanalista.

- Links para notícias ou sites que fazem propaganda política do lulopetismo travestida de "jornalismo", como o chapa-branca Carta Capital, também terão o mesmo destino. A web já tem demais desse lixo para que o blog vire caixa de ressonância do JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista). Este blog existe, entre outras coisas, para denunciar essa canalha, que vive de calúnias e do dinheiro da viúva.

- Responderei apenas comentários que eu julgar dignos de resposta - isso inclui aqueles com um mínimo de respeito à norma culta da língua portuguesa. Opiniões divergentes serão respondidas à altura (ou seja: antes de escrever um comentário, procure certificar-se da veracidade dos fatos citados). 

- Comentários assinados terão preferência sobre os anônimos. A web não é lugar para se esconder. Se quer ter uma opinião e ser respeitado por isso, tenha pelo menos a coragem de ter um nome. 

Não dou a mínima se alguém achar que o que está acima é "censura" - quem censura, meus caros, é o governo, não blogueiros, estudem a respeito. Não tenho esse poder. E, se o tivesse, não o usaria para tolher a liberdade de expressão, como fazem os esquerdopatas. Além do mais, o blog é meu e publico o que quiser. Não adianta tentar me pautar.

Se seu comentário foi recusado, saiba que foi por causa de algum desses critérios acima. Recomendo que não insista.

Não gostaram? Problema de vocês. Nesse caso, sugiro que mudem para sites como o da Carta Capital ou o vermelhopontocom, ou de algum "blogueiro progressista" pago com dinheiro público para falar bem da Poderosa. Garanto que lá vocês se sentirão mais à vontade.

É isso. Espero que tenha ficado claro. Não me obriguem a me repetir.

Agora, de volta à nossa programação normal.

segunda-feira, março 05, 2012

APRENDENDO COM OS LULOPETISTAS

Justiça seja feita: é possível aprender muito com os lulopetistas. Todos os dias, recebemos deles uma nova e valiosa informação, capaz de revolucionar nossos conceitos sobre as mais diversas áreas do conhecimento. Esqueçam tudo que a Musa Antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta. 

Primeiro foi o homem formado na universidade da vida, caso único na história da humanidade de filho de uma mulher que nasceu analfabeta (as mães dos demais mortais, como se sabe, já vieram ao mundo recitando Shakespeare e Fernando Pessoa), que nos brindou a todos com suas pérolas de sabedoria. 

Graças a ele, aprendemos, por exemplo, que, ao contrário do que mostram os mapas e livros de geografia, o Brasil não faz fronteira com a Bolívia.

Foi-nos revelado, ainda, que para se viajar do Brasil aos EUA é preciso atravessar o Oceano Atlântico – a Terra de Obama, como se sabe, fica na Europa ou na África, não na América. 

Para ficar no terreno da geografia, descobrimos que os iranianos são árabes, e não persas, e que o problema do aquecimento global só existe (!) porque a Terra é redonda. Sem falar na revelação histórica, que passou despercebida até aos maiores pesquisadores, de que Napoleão invadiu a China.

Foram algumas contribuições ao avanço da ciência feitas pelo maior líder mundial desde o Gênese. Outras certamente viriam, se nosso demiurgo, que dispensou a educação formal quando teve a chance, não considerasse o hábito de ler tão enfadonho quanto andar de esteira (seu contributo ao estímulo à leitura entre as crianças). 

Tantas foram as gemas de pura ciência e aristotélica inteligência despejadas ao longo de oito longos anos pelo criador do Brasil-Maravilha registrado em cartório que muitos sábios, certamente humilhados por tamanha sapiência, resolveram conceder-lhe várias homenagens acadêmicas. Já estão pensando mesmo em criar uma disciplina especial somente para descobrir como receber um título de doutor honoris causa sem precisar ter lido sequer um livro na vida.
Agora, o mestre parece ter encontrado uma discípula à altura.  Embora não tão hábil com as palavras quanto o mentor e inventor, a ponto de quase nunca conseguir concatenar, numa mesma frase, sujeito e predicado, de modo a apresentar uma única idéia coerente, obrigando observadores a fazerem uso de um intérprete, a Soberana parece estar se esforçando para atingir o mesmo nível de excelência. 

Quem mais, além da musa de Arnaldo Jabor, para nos ensinar que o Oceano Atlântico não passa de um tributário dos rios Capibaribe e Beberibe, como disse ela em recente discurso no Recife? (Duvida? Veja aqui: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/celso-arnaldo-conclui-a-antologica-implosao-do-pior-discurso-de-todos-os-tempos/)

Depois dessa, a quem poderia surpreender uma ministra dos Direitos Humanos (!) dizendo não ver nenhum problema nesse quesito na ilha-prisão de Cuba (!!) e pregando abertamente a desobediência à Lei (no caso, a de Anistia) para transformar uma "comissão da verdade" numa farsa para punir militares de pijama (mas não os companheiros que jogaram bombas, sequestraram e mataram inocentes)?

E o que dizer de uma ministra das mulheres confessar-se uma aborteira (!) praticante e dizer (e ser aplaudida!) em seu discurso de posse que ela, ex-integrante de grupo armado de extrema-esquerda nos anos 60, lutou pela democracia (!!!)?

E mais: sendo apoiadas pela presidente e pelo ministro da Defesa (!), que pediram punição a um grupo de militares da reserva (amparados na Lei, que lhes dá esse direito) por terem lançado manifesto contestando o que vai acima?   

Diante disso, francamente, que importância tem o fato de que o Brasil teve como ministro da Educação um militante que não sabe soletrar a palavra “cabeçalho” e que aprovou livros didáticos ensinando (!) que falar – e escrever – “nóis pega os peixe” é a mais pura manifestação de variedade linguística?

O que é isso, diante da verdadeira revolução na geografia mundial proporcionada pelos discursos da Poderosa? Ou a formidável revisão histórica realizada pelos companheiros de armas que, tendo fracassado em seu intento de transformar o Brasil numa nova Cuba, agora alegam terem lutado por eleições livres e liberdade de imprensa?

Não duvido que um dia acordaremos com a notícia de que o governo decidiu, por decreto, que o Oceano Pacífico nasce no rio S. Francisco,  Tóquio é uma filial do bairro paulistano da Liberdade e Veneza, um subúrbio da capital pernambucana.

É o Brasil, caminhando célere para se tornar a maior potência mundial.

terça-feira, fevereiro 21, 2012

BURRICE COMOVENTE

Pô, assim não dá!

Tudo bem que é Carnaval, época em que a inteligência, cuja média no resto do ano já não é lá grande coisa, sai de férias - basta tentar ouvir as "letras" das "músicas" que embalam o ziriguidum, principalmente a tal "axé music", para constatar -, mas não precisava exagerar...

Vejam o que uma mula anônima dessas que zurram na internet resolveu despejar aqui.  O coice foi por causa de um post em que parodio um panfleto que um petralha escreveu:

Gustavo é comovente toda sua militância pelo PSDB, chega a dar dó de ver todo esforço que você faz para provar aqui neste blog a honestidade do PSDB.

Só tenho uma coisa a dizer diante do que está aí em cima: cumé quié

Eu, militante do PSDB? Como se diz no popular: "me inclua fora dessa!"

Eu que não meto a colher nessa briguinha de casal que é a (falsa) disputa PT versus PSDB, em que parece se resume a atual política brasileira. Nem vou repetir aqui o que já cansei de escrever em outros posts (que a besta aí em cima não se deu ao trabalho de ler, para variar...): que essa (falsa, falsíssima) dicotomia entre petistas e tucanos é uma das maiores farsas de que já se teve notícia, um teatrinho para saber quem é mais esquerdista.  Não sou de esquerda; portanto, não me metam nessa rinha. 

Além de falsa como uma nota de 35 reais, essa questão de tucanos contra petistas é uma das coisas mais emburrecedoras que existem. O próprio comentário é uma prova do que estou dizendo. Basta alguém desmascarar as imposturas de um livreco mentiroso, escrito por encomenda por um militante que se apresenta como "jornalista", para vir um da turma, asinamente, com esse papo besta de "você está defendendo os tucanos" etc. Como se toda a Política se resumisse a ter de escolher entre mais ou menos esquerda... 

Não, idiota! Não defendo os tucanos, em primeiro lugar porque não sou da esquerda social-democrata uspiana - berço, aliás, de muitos petistas. Em segundo lugar, porque, por isso mesmo, acredito numa oposição de verdade, e não na "oposicinha" de serras e aécios, essa coisa sem gosto e sem sal que faz a alegria dos atuais ocupantes do poder. E que me leva a perguntar, todos os dias: com uma "oposição" dessas, para quê base alugada, digo, base aliada?
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Isso não me impede de apontar as mentiras e falsidades do tal panfleto petralha, uma imunda peça de propaganda saída diretamente da fábrica petista de calúnias, que vive de falsificar a realidade e assassinar reputações. Também não me impede de enxergar o fato óbvio de que nada na política brasileira se compara à corrupção petista - esta superou qualquer coisa que veio antes e que, provavelmente, virá depois, sendo uma forma muito mais entranhada, sistemática e deletéria de corrupção. E não me deixa cego para a realidade de que, ao contrário do PSDB, o PT sempre teve dificuldade em aceitar as regras da democracia, como a liberdade de expressão, por exemplo (a não ser que seja a seu favor). Mas estas considerações estão além da capacidade de compreensão de quem escreveu o comentário acima.

Aliás, querem que eu fale mal das privatizações realizadas no governo FHC? Pois aí vai: foram poucas! Os tucanos deveriam ter feito muito mais! Deram passos importantes, como a quebra do monopólio estatal do petróleo e a venda da Vale, mas faltou-lhes a coragem e a ousadia necessárias para livrar de vez o contribuinte do fardo de sustentar estatais falidas e uma burocracia parasitária e ineficiente. Perderam, assim, a chance de fazer uma verdadeira revolução no Brasil, enterrando toda uma cultura da estatolatria - que vem da colonização portuguesa e se consolidou com o estatismo varguista e com os militares. Certamente, o país não estaria ainda tão atrasado em algumas áreas. Pronto. Estão satisfeitos, petralhas?

Tão insuficientes foram as privatizações que o governo da companheira Dilma acabou de iniciar o processo de privatização dos aeroportos - que os cumpanhêru chamam de "concessão", para se diferenciarem dos colegas peessedebistas (como se o nome mudasse o significado da coisa, mas deixa pra lá). Percebeu que, se não abrisse o setor à iniciativa privada, o risco de  caos aéreo se tornaria realidade, ameaçando a Copa de 2014. É isso aí, petistas: sigam assim, que daqui a um tempo vocês conseguem se igualar aos tucanos. Afinal, o PT é o PSDB com 15 anos de atraso - e com muito mais cara de pau.

São mensagens como a que está aí em cima que me convencem que a ignorância no Brasil de hoje virou mesmo a regra. Chega a dar dó ver o esforço dos esquerdopatas em defender as pilantragens dos petralhas tentando desqualificar o mensageiro, inclusive apelando para a conversa mole de que "todos fazem igual" (depois de passarem décadas berrando que eram diferentes de todos...). E ainda há quem caia nas empulhações dessa gente. É tanta burrice que chega a ser, como direi? - comovente.

terça-feira, fevereiro 14, 2012

O LIVRO QUE PRECISA SER ESCRITO

E aí, "jornalistas" a soldo do cleptolulopetismo, quem se habilita?

Uma pequena resposta a um panfleto mentiroso, escrito por um farsante, que está circulando na praça.


UM TEXTO PRIMOROSO SOBRE UM ASSUNTO DE QUE MUITOS FALAM MAS QUE POUCOS CONHECEM

João Pereira Coutinho, colunista da Folha de S. Paulo, escreveu uma resposta primorosa a um militante esquerdista que se faz passar por "professor" sobre um tema a respeito do qual muitos opinam e que poucos conhecem: o conflito israelo-palestino. Uma verdadeira aula de História, com aquilo que os ativistas anti-Israel e pró-Hamas costumam ignorar solenemente, em sua fantasia maniqueísta dos "pobres palestinos lutando contra os cruéis opressores sionistas" etc. Vale a pena ler, reler, repassar e discutir. Nem parece que Coutinho escreve para a Folha.

Ah, e antes que me esqueça: é claro que o texto de Coutinho ficará sem resposta. É assim que os militontos esquerdopatas agem diante de fatos.

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RESPOSTA A VLADIMIR SAFATLE

João Pereira Coutinho

Folha de S. Paulo

Nada tenho contra a ignorância. Na melhor tradição socrática, sei que a ignorância é a base de qualquer conhecimento válido.

Coisa diferente é a ignorância atrevida; ou a má-fé intelectual de quem falsifica os factos para construir uma narrativa "apropriada".

Vladimir Safatle é um caso: dias atrás, escrevi nesta Folha que o seu texto sobre o conflito israelense-palestino revelava desconhecimento sobre aspectos básicos do problema, que qualquer um dos meus alunos aprende no 1º ano de faculdade.

Lendo a resposta de Safatle à minha resposta, vejo que me enganei --e devo um pedido de desculpa aos leitores.

Safatle não revela apenas desconhecimento; revela desconhecimento, desonestidade e um desagradável traço de grosseria.

Sobre a grosseria, digo apenas isto: no meu texto, em nenhum momento teço considerações pessoais sobre Safatle. Não há uma linha sobre a sua ascendência cultural; e nunca me passaria pela cabeça atribuir-lhe qualquer maleita psiquiátrica.

Que Safatle tenha evocado a minha condição de português para, alegadamente, eu não entender certas palavras (no fundo, um velho clichê racista) e levantado suspeitas sobre as minhas "alucinações negativas", eis uma postura que define a criatura.

Em condições normais, não haveria resposta ao texto de Safatle. Mas, por respeito aos leitores da Folha, gostaria de esclarecer alguns pontos sobre a "polêmica".

Em primeiro lugar, Safatle afirma que um "muro" é um muro e que eu, de forma demente, teria transformado o Muro (com maiúscula) em "barreira de segurança". Para que não restem dúvidas, mantenho o que disse: a parte em cimento da "barreira de segurança" da Cisjordânia constitui apenas 5% da totalidade dessa barreira (que, na verdade, é mais uma cerca que outra coisa).

Isto não é um pormenor; é uma forma de tratar as palavras (e a realidade) com um mínimo de decência. Bem sei que é mais dramático afirmar que Israel construiu um Muro ("o Muro da vergonha", "um novo Muro de Berlim" etc. etc.) para separar os israelenses dos palestinos. Lamento: Israel apenas construiu esse Muro quilométrico na retórica de Vladimir Safatle.

Uma vez estabelecidos os factos, convém lidar com as implicações: a "barreira de segurança" vai além das fronteiras pré-1967 e anexa território alocado aos palestinos? Verdade.Mas não é a "barreira de segurança" (ou os assentamentos na Cisjordânia, já agora) que impede uma solução para o conflito e a existência de um estado palestino que inclua a totalidade de Gaza e a (quase) totalidade da Cisjordânia (já lá iremos).

Israel retirou de Gaza em 2005 e, para o efeito, evacuou povoações inteiras (Netzarim, Morag, Dugit etc.). Aliás, a evacuação não se limitou a Gaza; incluiu também outras povoações na Cisjordânia, como Ganim ou Homesh.

Nenhuma novidade. O mesmo já sucedera depois dos acordos de Camp David (em 1979) quando a paz com o Egito levou Israel a desmantelar a totalidade dos assentamentos no Sinai.Dito de outra forma: nem os assentamentos, nem a "barreira de segurança", ambos removíveis por definição, são os verdadeiros obstáculos da paz.

E quando, mais acima, escrevi sobre a possibilidade de um estado palestino que inclua a totalidade de Gaza e a (quase) totalidade da Cisjordânia, nem esse "quase" é um obstáculo real: o Plano Clinton já previa que os 94%-96% da Cisjordânia palestina seriam completados por 6%-4% de território israelense anexado a Gaza. Mas nem isso levou Arafat a aceitar um acordo histórico para os palestinos.

E Arafat não aceitou o acordo porque exigiu o regresso dos 4 milhões de refugiados palestinos (tradução: o regresso dos filhos dos filhos dos filhos dos refugiados originais) a Israel, e não ao novo estado palestino, como seria lógico.
Com imensa bondade, Safatle concorda que esse regresso em massa seria um suicídio demográfico e cultural para Israel. Mas depois pergunta por que motivo não se tenta encontrar uma solução de compromisso que passe pela "absorção de uma parte e a compensação financeira dos demais".

Se Safatle tivesse lido alguma coisa a respeito, ele saberia que "absorção de uma parte" e "compensação financeira dos demais" foi precisamente o que foi proposto por Ehud Barak em Camp David.

Para sermos precisos, Barak propôs absorver uma parte dos refugiados palestinos ao abrigo de um programa de reunificação familiar; e propôs também compensações no valor de 30 bilhões de dólares. Arafat recusou na mesma.

Por último, Safatle horroriza-se com a minha frase: "a existência de um Estado autônomo e respeitoso das fronteiras de 1967 tem sido sucessivamente proposto pelas lideranças israelenses desde 1967".

Não entendo o horror. Se esquecermos que, antes da Guerra dos Seis Dias, foram sempre os árabes a recusar a existência de um estado palestino junto a um estado israelense (1917, 1937, 1948), o que dizer depois da Guerra?

Depois da Guerra, ainda em 1967, quando Israel estava disposto a trocar a terra conquistada por paz, reconhecimento e negociação, a resposta árabe ficou célebre na Cúpula de Cartum, que a história registou para a posteridade como a "Cúpula dos Três Nãos": não à paz com Israel; não ao reconhecimento de Israel; e não à negociação com Israel.

Apesar de tudo, um estado palestino respeitoso das fronteiras de 1967 (embora, como referi, implicando "trocas de terra" em que Israel cederia parcelas do seu território para compensar perdas na Cisjordânia) voltou a ser oferecido em 2000, em Camp David; e retomado por Ehud Olmert, em 2008. A resposta árabe foi sempre a mesma: não, não e não.

É pena. Os palestinos, que Safatle me acusa de ignorar em tom melodramático, mereciam melhor destino.

Mereciam, por exemplo, que as lideranças palestinas não tivessem desperdiçado as várias oportunidades de alcançarem um estado palestino independente depois de 1967.

E mereciam que, antes de 1967, quando Gaza e a Cisjordânia estavam sob domínio egípcio e jordano, respectivamente, os "irmãos árabes" tivessem integrado os refugiados palestinos nas suas sociedades.

Exatamente como Israel integrou os milhares de refugiados judeus que, durante a Guerra da Independência de 1948, partiram ou foram expulsos dos países árabes da região.

Discutir o conflito israelense-palestino, ao contrário do que pensa Vladimir Safatle, é um pouco mais complexo do que soltar umas interjeições adolescentes ("um muro é um muro!", "há situações inaceitáveis sob quaisquer circunstâncias!" etc.) que talvez impressionem alguns alunos pós-púberes.

Infelizmente, senhor professor Safatle, não me impressionam a mim.

domingo, fevereiro 12, 2012

LIÇÕES DE UMA GREVE (OU: POR QUE PETISTAS E A VERDADE SÃO INCOMPATÍVEIS)

Jaques Wagner, à direita, ao lado do irmão-ditador de Cuba Raúl Castro e de uma sua (dos Castro) admiradora incondicional, em recente viagem à ilha-presídio: vai ver ele foi lá aprender como se lida com grevistas de forma democrática...

Se tem uma coisa que a greve dos policiais militares da Bahia, que acabou recentemente depois de ameaçar espalhar-se para outros estados, provou por A mais B, é que os lulopetistas são um perigo à segurança pública.

Antes de tudo: este blog considera ilegítima e ilegal greve em serviços como saúde, educação e transportes. Greve com gente armada, então, é mais do que isso: é crime contra o Estado Democrático de Direito. Há muitas outras maneiras até mais eficazes de lutar por um maior salário ou por melhores condições de trabalho do que a greve, que deve ser vista como o úlimo recurso para atingir esses objetivos, e não como o primeiro, como geralmente acontece. Quem paralisa serviços públicos essenciais, seja por que motivo for, está prejudicando a população e merece, portanto, cadeia. Piquete armado é terrorismo. Ponto final.

Feita essa observação inicial - que espero ter ficado clara ao leitor -, voltemos ao ponto do primeiro parágrafo. Como afirmei, petistas são um perigo, uma ameaça à segurança do cidadão. Na Bahia, estado governado pelo petista Jaques Wagner desde 2006, a greve da PM - de fato, um motim, com ocupação da Assembléia Legislativa e ações de vandalismo que só podem ser descritas como terroristas - deixou um saldo de 150 cidadãos mortos pela bandidagem em 12 dias em Salvador. Os índices de violência na capital baiana, já alarmantes, triplicaram.

Aí vem alguém e pergunta: e o PT com isso? Respondo com as seguintes palavras. Leiam com atenção:

Em primeiro lugar solidarizo-me com nossos conterrâneos da Polícia Militar do Estado da Bahia, que há aproximadamente dez dias vêm se movimentando juntamente com seus familiares, particularmente as esposas, numa justa reivindicação por melhorias salariais. Infelizmente, a impermeabilidade do Governador do Estado fez com que o Comando da Polícia Militar punisse cerca de 110 militares. (…) Acho um absurdo o atual vencimento dos agentes da Polícia Militar da Bahia, bem como o dos oficiais. Entendo que aqueles que têm por tarefa a manutenção da ordem pública precisam ter uma remuneração condizente com o risco de vida a que se expõem todos os dias. (...)

Gostaram do discurso? São palavras do então deputado federal Jaques Wagner, do PT da Bahia. Ele mesmo, o atual governador. O discurso acima foi pronunciado em 18 de setembro de 1992, e está registrado no Diário do Congresso Nacional. Governava a Bahia na época Antônio Carlos Magalhâes, do PFL, adversário do PT. Entenderam?

E aí? Mudou Jaques Wagner? Mudou o PT? Na verdade, nenhum deles.

O Brasil mudou, mas eles não mudaram. Continuam os mesmos demagogos de sempre, os mesmos irresponsáveis. Estão sempre prontos para mentir e enganar um pouco mais, num vale-tudo para chegar ao poder.

Alguém poderia dizer: mas não é assim que fazem todos? não faz parte da política esse jogo?

Não! A metamorfose do discurso petista não é um simples expediente comum a todos os políticos. É, na verdade, algo muito mais sistemático. Trata-se de um método. Assim como, para os cumpanhêru, a corrupção não é algo simplesmente circunstancial, mas está no próprio sangue, no DNA, é da natureza do lulopetismo adaptar o discurso aos interesses do momento, escarnecendo de qualquer coerência. O que chamam de pragmatismo eu chamo do que verdadeiramente é: picaretagem pura, demagogia barata.

Do mesmo jeito que, na oposição, apresentavam-se como defensores da moral e da ética contra as bandalheiras (a Poderosa diria "malfeitos") dos outros, apenas para revelarem-se, uma vez no governo, os campeões da ladroagem, os petralhas sempre instrumentalizaram as greves para fazer politicagem e chegar ao poder, em prejuízo da população que diziam defender. E para isso sempre contaram com os sindicatos, a CUT etc. Diferente dos demais políticos.

Sem falar que, em matéria de estímulo à desordem, ninguém supera os petralhas. Existe claramente um abuso do direito de greve no Brasil, e os grandes responsáveis por isso são eles, os lulopetistas. Cansei de ver movimentos inconseqüentes e radicais puxados pela companheirada - quase sempre em época eleitoral. Greves estúpidas e inúteis de professores, médicos etc., com o único objetivo de indispor a população com o governo de plantão e fazer proselitismo vagabundo a favor deste ou daquele candidato do partido. Quase sempre os resultados eram pífios e o efeito era o oposto, com o povo se voltando contra os grevistas. Mas, para estes isso não importava: sendo funcionários públicos, não poderiam ser mandados embora - e havia a expectativa de vitória eleitoral, que tudo compensaria. Com a paralisação dos policiais na Bahia, o petista Jaques Wagner está provando do próprio veneno. E confirma-se o seguinte: no estranho mundo mental em que habitam lulopetistas, seus aliados e simpatizantes, greve feita por eles é sempre boa; greve contra eles é vandalismo (e, no caso da greve da PM da Bahia, é mesmo).

E o pior é que os mesmos que descem o cacete nos PMs amotinados de Salvador e em qualquer um que ousar contestar o "jeito petista de governar" acham o cúmulo da arbitrariedade o governo de São Paulo aplicar a lei para desocupar a cracolândia e restituir aos donos de direito um terreno invadido. Teve até um assessor de Gilberto Carvalho posando para as câmeras, todo pimpão e sorridente, dizendo ter sido atingido por uma bala de borracha da polícia tucana na desocupação do Pinheirinho. Na hora de condenar a violência contra os grevistas baianos, porém, esse pessoal some. Tudo que fazem é demagogia eleitoreira, safadeza política da pior espécie. Nojento.

Dois pesos e duas medidas. É assim que boa parte da imprensa se acostumou a tratar as malandragens dos petistas. E é por isso que eles se sentem tão à vontade em mudar de discurso como quem muda de camisa. Os 150 mortos durante a paralisação do policiamento em Salvador foram vítimas da irresponsabilidade e da demagogia sem limites dos que hoje governam a Bahia (e o Brasil). Se incitamento à greve na PM fosse considerado crime no Brasil, Jaques Wagner já estaria na cadeia há muito tempo. Assim como metade dos lulopetistas.

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P.S.: Faço aqui um mea culpa. Escrevi que, com a greve da PM na Bahia, Jaques Wagner estaria provando do próprio veneno. Creio que me equivoquei. Na realidade, quem está provando o veneno do modelo petista de segurança pública é o povo da Bahia. Aí estão 150 mortos em 12 dias para mostrar.

terça-feira, fevereiro 07, 2012

A mulher, o bebê e o intelectual

por LUIZ FELIPE PONDÉ

FOLHA DE SP - 30/01/12

Os comunistas mataram muito mais gente no século 20 do que o nazismo, o que é óbvio para qualquer pessoa minimamente alfabetizada em história contemporânea. Disse isso recentemente num programa de televisão. Alguns telespectadores indignados (hoje em dia ficar indignado facilmente é quase índice de mau-caratismo) se revoltaram contra o que eu disse.

Claro, a maior parte dos intelectuais de esquerda mente sobre isso para continuar sua pregação evangélica (no mau sentido) e fazer a cabeça dos coitados dos alunos. Junto com eles, também estão os partidos políticos como os que se aproveitam, por exemplo, do caso Pinheirinho para "armar" a população.

O desespero da esquerda no Brasil se dá pelo fato de que, depois da melhoria econômica do país, fica ainda mais claro que as pessoas não gostam de vagabundos, ladrões e drogados travestidos de revolucionários. Bandido bom é bandido preso. A esquerda torce para o mundo dar errado e assim poder exercer seu terror de sempre.

Mas voltemos ao fato histórico sobre o qual os intelectuais de esquerda mentem: os comunistas (Stálin, Lênin, Trótski, Mao Tse-tung, Pol Pot e caterva) mataram mais do que Hitler e em nome das mesmas coisas que nossos intelectuais/políticos radicais de esquerda hoje pregam.

Caro leitor, peço licença para pedir a você que leia com atenção o trecho abaixo e depois explico o que é. Peço principalmente para as meninas que respirem fundo.

"(...) um novo interrogador, um que eu não tinha visto antes, descia a alameda das árvores segurando uma faca longa e afiada. Eu não conseguia ouvir suas palavras, mas ele falava com uma mulher grávida e ela respondia pra ele. O que aconteceu em seguida me dá náuseas só em pensar.

(...): Ele tira as roupas dela, abre seu estômago, e arranca o bebê. Eu fugi, mas era impossível escapar do som de sua agonia, os gritos que lentamente deram lugar a gemidos e depois caíram no piedoso silêncio da morte. O assassino passou por mim calmamente segurando o feto pelo pescoço. Quando ele chegou à prisão, (...), amarrou um cordão ao redor do feto e o pendurou junto com outros, que estavam secos e negros e encolhidos."

Este trecho é citado pelo psiquiatra inglês Theodore Dalrymple em seu livro "Anything Goes - The Death of Honesty", Londres, Monday Books, 2011. Trata-se de um relato contido na coletânea organizada pelo "scholar" Paul Hollander, "From Gulag to the Killing Fields", que trata dos massacres cometidos pela esquerda na União Soviética, Leste Europeu, China, Vietnã, Camboja (este relato citado está na parte dedicada a este país), Cuba e Etiópia.

Dalrymple devia ser leitura obrigatória para todo mundo que tem um professor ou segue um guru de esquerda que fala como o mundo é mau e que devemos transformá-lo a todo custo. Ou que a sociedade devia ser "gerida" por filósofos e cientistas sociais.

Pol Pot, o assassino de esquerda e líder responsável por este interrogador descrito no trecho ao lado, estudou na França com filósofos e cientistas sociais (que fizeram sua cabeça) antes de fazer sua revolução, e provavelmente tinha como professor um desses intelectuais (do tipo Alain Badiou e Slavoj Zizek) que tomam vinho chique num ambiente burguês seguro, mas que falam para seus alunos e seguidores que devem "mudar o mundo".

De início, se mostram amantes da "democracia e da liberdade", mas logo, quando podem, revelam que sua democracia ("real", como dizem) não passa de matar quem não concorda com eles ou destruir toda oposição a sua utopia. O século 20 é a prova cabal deste fato.

Escondem isso dos jovens a fim de não ter que enfrentar sua ascendência histórica criminosa, como qualquer idiota nazista careca racista tem que enfrentar seu parentesco com Auschwitz.

Proponho uma "comissão da verdade" para todas as escolas e universidades (trata-se apenas de uma ironia de minha parte), onde se mente dizendo que Stálin foi um louco raro na horda de revolucionários da esquerda no século 20. Não, ele foi a regra.

Com a crise do euro e a Primavera Árabe, o "coro das utopias" está de volta.

quinta-feira, fevereiro 02, 2012

VICIADOS EM DITADURA

Quando Dilma Vana Rousseff assumiu a Presidência da República, muitas almas ingênuas se deixaram levar pela esperança de que, ao menos na política externa, haveria alguma mudança. A postura canhestramente antiamericana e desavergonhadamente pró-ditaduras do governo anterior, responsável por alguns dos maiores vexames da história do Itamaraty (como o apoio descarado a um político golpista em Honduras, as relações mal-explicadas com os narcoterroristas das FARC e um acordo fajuto para permitir à teocracia islâmica do Irã ganhar tempo para ter a bomba atômica, entre outras enormidades), seria substituída por uma atitude mais sensata e discreta, como convém a democratas. Aparentemente, o governo Dilma estaria se afastando de regimes que apedrejam mulheres e enforcam opositores para se colocar, finalmente, do lado bom e decente da humanidade, o lado da civilização contra a barbárie. Não mais piscadelas e salamaleques para ditadores e violadores contumazes dos direitos humanos, acreditou-se, mas um pouco de compostura e decência - pelo menos isso.
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Durou pouco a ilusão. Se ainda havia alguma dúvida de que o governo Dilma Rousseff nada mais é do que o governo Lula requentado (apenas com um pouco menos de verborragia e sem tantos fogos de artifício), essa foi para o beleléu no começo desta semana, com a visita da ex-camarada Estela à ilha de Cuba, o fetiche supremo dos esquerdistas.
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O que ocorreu em Havana foi o fim de mais um mito criado em torno de Dilma Rousseff, cuja biografia oficial, graças à aura de ex-guerrilheira que ninguém sabe direito o que fez, já começa a adquirir contornos de hagiografia (escrevo sobre isso em outro texto). A viagem foi precedida de alguns gestos que pareceram a muitos um sinal de "mudança", como a concessão de visto, por parte do governo brasileiro, para que a blogueira Yoani Sánchez visite o Brasil para um festival de cinema (se virá ou não, é outra questão, pois o governo cubano já negou seu pedido de saída do pais 18 vezes, e tudo indica que não o fará novamente), assim como as recentes "reformas" anunciadas pela ditadura, como a permissão para vender carros e o limite de dez anos (depois de 53 anos!) para a permanência de governantes em cargos de mando. Tudo, porém, não passou de fogo de palha, de muito confete para pouca música.
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Não se repetiu, dessa vez, a cena escabrosa de um Lula da Silva posando, sorridente, ao lado da múmia Fidel Castro no momento em que um preso de consciência, Orlando Zapata Tamayo, morria de fome em um calabouço da ditadura. Seria dificil ultrapassar nível tão abissal de abjeção. Mas a visita de Dilma não esteve longe no desprezo aos direitos humanos. Poucos dias antes de ela chegar à ilha e encontrar-se em segredo com Fidel Castro, outro dissidente, William Vilar, morreu em uma greve de fome em protesto contra a repressão política e a falta de liberdades na ilha-prisão. O que disse Dilma, a ex-torturada, sobre o fato? Nada. Nem uma só palavra.
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Em vez disso, na única ocasião em que tocou no assunto dos direitos humanos quando esteve na ilha, a digníssima tratou de comprovar, pela enésima vez, sua pouca familiaridade com as formas mais elementares de expressão e, de quebra, cometeu uma gafe que só não faria corar de vergonha seu antecessor. Perante os jornalistas, naquela língua estranha e quase ininteligível que é o dilmês, ela criticou o tratamento cruel dispensado aos presos... em Guantánamo! Sim, para a presidente do Brasil, só há tortura, só há presos de consciência, na prisão norte-americana! Ou melhor: no quesito desrespeito aos direitos humanos, todos têm culpa no cartório, exceto... a ditadura cubana! Na visão geopolítica muito peculiar de Dilma Rousseff, Marco Aurélio Garcia e companhia, não há qualquer diferença entre Cuba e os EUA, assim como não há diferença alguma entre os presos em Boniato ou Kilo 7 e os detidos em Guantánamo. (Corrigindo: para eles há diferença, sim - Cuba seria uma democracia, e os EUA, uma ditadura...)
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Com mais essa declaração infeliz, Dilma se aproximou um pouco mais de Lula, que talvez na frase mais estúpida já pronunciada por um chefe de Estado em todos os tempos, comparou em 2010 os presos políticos cubanos aos bandidos do PCC... Dilma não chegou a tanto – seria demais até para ela –, mas colocou dissidentes como Orlando Zapata e William Vilar na mesma vala comum dos terroristas presos na prisão norte-americana, como Khaled Sheik Mohammed, o mentor dos atentados de 11/09/2001.
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Por falar em Guantánamo, lembrei agora de um fato interessante: no auge do clamor mundial contra o tratamento dispensado pelos EUA aos prisioneiros, o jornalista e provocador intelectual Christopher Hitchens, falecido no final do ano passado, defendeu o fechamento da prisão norte-americana, pelo seguinte motivo: os EUA estavam ajudando a criar uma ameaça à sua seguranca, ao permitir que o local se transformasse numa grande madraçal. Em Guantánamo, os terroristas presos possuem direitos raramente respeitados em muitos países. Por exemplo, eles têm direito a rezar quantas vezes quiserem e a ler o Corão. Comparativamente a outros prisioneiros, têm mesmo um tratamento cinco estrelas. Será que se pode dizer o mesmo dos presos políticos em Cuba?
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Seria demais esperar de Dilma Rousseff, que nos anos 60 pegou em armas para transformar o Brasil numa nova Cuba, que, em sua visita à ilha, se encontrasse com dissidentes. Mas poderia, pelo menos, ficar calada. Assim, além de evitar o vexame de maltratar os ouvidos alheios com seus solecismos e anacolutos, poderia vender mais facilmente a lorota de que a visita foi apenas "de negócios", como repetiu sua assessoria. Com sua declaração inacreditável sobre Guantánamo, a musa de Arnaldo Jabor deixou claro que sua ida a Havana não visou apenas a interesses comerciais, mas, sobretudo, a prestigiar a ditadura.
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Essa é a postura do governo Dilma: para a ditadura comunista dos irmãos Castro, silêncio cúmplice e solidariedade; para os EUA, críticas – e em Cuba. Ou seja: fala grosso com os EUA, mas afina com tiranos de sua predileção. E ainda há quem fale em "mudança" na política externa brasileira... Aí está a própria Dilma para desmentir esse wishful thinking.
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Claro, haverá quem diga que não cabe a um chefe de Estado em visita a outro pais fazer declarações sobre direitos humanos ou liberdade de imprensa, pois isto seria, além de uma quebra do protocolo diplomático, imiscuir-se nos assuntos do país anfitrião etc. Já conheço essa conversa.
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Pois eu digo que, para além desse palavrório afetado, defender os direitos humanos, em lugares como Cuba, mais do que cabível, é uma obrigação política e moral. Ainda mais em se tratando do Brasil, país que é, atualmente, o maior parceiro comercial de Cuba - o que significa que é, junto com a Venezuela do bufão Hugo Chávez, o principal sustentáculo do regime. Em 2011, o saldo comercial entre Brasil e Cuba chegou a US$ 642 milhões, um recorde; empresas brasileiras participam diretamente de importantes projetos de infraestrutura na ilha, como a ampliação do porto de Mariel (de onde saíram, em 1980, milhares de cubanos fugindo do paraíso socialista). Justamente por isso, o Brasil deveria usar o poder e influência que supostamente tem para conseguir avanços democráticos na ilha dos Castro. Mas não o faz. O que leva à pergunta: se o poder não serve para influenciar outros e construir um mundo melhor, como gostam de dizer os companheiros petistas, então para quê serve?
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E não me venham dizer que as intenções, nesse caso, esbarram na realidade: poucas vezes houve condições mais favoráveis para usar o poder dos cifrões para influir nos rumos de outro país. Graças a décadas de incompetência do regime comunista, Cuba é hoje uma ruína econômica, e não tem qualquer produto de interesse para o Brasil, necessitando desesperadamente dos investimentos brasileiros para sobreviver. Já o Brasil não precisa de Cuba, exceto nos corações dos militantes mais empedernidos.
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(Não faltará, também, quem fale num tal embargo norte-americano - que alguns insistem em chamar, por ignorância ou má-fé, de “bloqueio” -, o qual na prática não embarga nada, como se tivesse alguma coisa a ver com o fato de o regime mandar prender e fuzilar pessoas.)
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Cai por terra, assim, outro mito, sistematicamente repetido pelos marqueteiros do lulo-dilmismo: o da nova potência mundial, respeitada e influente nos assuntos internacionais. No mesmo momento em que a combalida União Européia e até a Liga Árabe pressionam as tiranias do Irã e da Síria, a presidente do Brasil Maravilha, que enche a boca para falar mal dos EUA e do FMI, não tem nada a dizer sobre direitos humanos na ilha subjugada há mais de cinquenta anos pelos Castro. Não vacila em condenar os crimes passados da ditabranda militar brasileira, mas amolece quando se trata da ditadura de verdade cubana. Ditadura, só se for a dos EUA...
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Não é somente nos inumeráveis escândalos de corrupção e nas trapalhadas administrativas que o governo Dilma é um monótono déjà vu. Na política externa, também, infelizmente, é clara a continuidade. Em Cuba, caiu a máscara de Dilma. Que tanta gente se recuse a ver isso e insista que ela é diferente de quem a inventou (alimentando o mito, ainda por cima, da gerente eficaz e rigorosa com "malfeitos" de seus subordinados), é algo que só se explica por motivos ideológicos - ou psicológicos. Não tem jeito. Com ou sem Lula, petralhas são viciados em ditadura.
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PS.: Já tinha escrito este texto quando leio na imprensa que a blogueira Yoani Sánchez teve o visto negado para viajar ao Brasil. Foi a 19a vez que a ditadura castrista a proibiu de sair da ilha-presídio, e a terceira tentativa frustrada de ir ao país de Dilma Rousseff. Certamente, os baba-ovos da castradura cubana dirão que foi culpa da CIA ou do embargo imposto pelos EUA à Cuba… São assim as coisas no universo mental dos devotos de ditaduras decrépitas e assassinas.

segunda-feira, janeiro 09, 2012

ENQUANTO ISSO, EM BRASÍLIA... (PARTE 3)

Manifestação em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, pela cassação do mandato da deputada Jaqueline Roriz (PMN), envolvida em escandalo de corrupção

Manifestação pela cassação dos mensaleiros do PT, no mesmo local.

Conclusão: Todos os corruptos são iguais, mas alguns corruptos são mais iguais do que os outros.