sábado, junho 16, 2012

A SEITA LULOPETISTA E O "NOVO HOMEM"

Uma das inúmeras vantagens de não ser de esquerda - e, particularmente, não ser petista - é nunca se decepcionar.  Inclusive, jamais se surpreender.
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A notícia de que o inacreditável Paulo Salim Maluf está coligado com o PT na campanha para a prefeitura de São Paulo, em troca de um cargo no governo federal, deixou muita gente, principalmente petistas mais antigos (ou mais avoados), chocada e indignada. Não a mim. Não somente porque conheço o PT de longa data, e jamais me deixei enganar pelo discurso vigarista do partido que até um dia desses se apresentava como "contra tudo isso que está aí", ou porque Maluf é aliado do PT desde 2003, tendo inclusive apoiado no segundo turno a candidatura de Marta Suplicy para a prefeitura paulista no ano seguinte, mas porque, se há uma verdade que só falta gritar de cima dos telhados, é que o pragmatismo (leia-se: a total falta de princípios) do partido de Lula e Dilma Rousseff não tem limites. Inclusive - pode-se dizer, principalmente - quanto às alianças.
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O fato de Maluf, um notório ladravaz fichado pela Interpol e verdadeiro símbolo da corrupção brasileira, alvo de incontáveis denúncias do Ministério Público e até ontem adversário histórico do lulopetismo, ser hoje um fiel companheiro e integrante da base alugada do governo Dilma não deveria surpreender ninguém. Afinal, o que é o PT senão a mais gigantesca máquina de lavar (e destruir, quando convém) reputações em todos os tempos no Brasil?
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Nunca antes na História deste país uma organização serviu tão eficazmente a esse propósito quanto o partido da estrela vermelha. Aí está Fernando Collor de Mello, resgatado do opróbrio e do ostracismo e plenamente integrado nas hostes lulopetistas, transfigurado em caçador de jornalistas em uma CPI fajuta para livrar a cara dos companheiros enrolados com uma empreiteira, para comprovar esse fato. Outro ex-presidente da República, José Sarney, deve sua eterna permanência à frente do Senado ao apoio trocado com Lula da Silva no Maranhão. Sem falar em outras figuras probas, ínclitas e impolutas de inegável espírito republicano como Jáder Barbalho e Renan Calheiros. Maluf é apenas mais um da turma a descobrir as delícias de fazer parte do esquema de poder lulopetista, que costuma ser generoso com seus aliados e implacável - para não usar outro adjetivo mais duro - com aqueles que a ele não se adaptam e não se sujeitam (ou que ousam esboçar alguma independência em relação ao capo di tutti capi, como acaba de descobrir Marta Suplicy).
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O lulopetismo é um misto de máfia e de seita religiosa. Verdadeiro homizio de delinquentes e Cosa Nostra da política, imbuído de certa aura sobrenatural a ele atribuída por décadas de pajelança sociológica marxista, o PT deu sobejas provas ao longo de sua trajetória de que  pauta suas alianças e coligações por um único objetivo: o poder, custe o que custar. Para tanto, segue um único critério: para ser bom (ou seja: honesto, correto etc.), basta ser aliado.  O PT teria o poder mágico de lavar automaticamente o passado de bandidos de gravata e assaltantes dos cofres públicos. Basta que estes busquem o partido para que sejam tocados pela graça e ressurjam como um "novo homem", redimido e puro como uma criança. Como ocorre em algumas igrejas, o simples fato de a procurar expurga o fiel de qualquer mácula, traço de corrupção e de pecado. Contrariamente ao que ocorre no cristianismo, porém, não há a necessidade de o convertido confessar seus erros, nem de arrepender-se. Cristãos-novos dessa igreja secular, Maluf, Collor e Sarney seriam, portanto, exemplos perfeitos e acabados do "novo homem" lulopetista.
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A exemplo do verificado em todas as seitas, a lulopetista também vive de mitos e dogmas. Que o diga a deputada Luíza Erundina, candidata a vice-prefeita na chapa encabeçada pelo boneco de mamulengo Fernando Haddad na capital paulista.  Falando ontem como candidata, Erundina, que já foi prefeita de São Paulo pelo PT nos anos 80, teve uma recaída nostálgica e deitou falação contra as "elites", num discurso cheio de platitudes e chavões ideológicos, como "luta de classes" e "socialismo".  Agora terá a chance de lutar pelo socialismo ao lado do neocompanheiro Paulo Maluf.
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Como afirmei no início deste texto, o bom de não ser de esquerda é que nada nos decepciona ou nos surpreende. O PT nunca me decepcionou. Nem me surpreendeu. Assim como Maluf. 

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