sexta-feira, junho 01, 2012

ORIGENS DO MITO LULISTA - UM TEXTO DE MARCO ANTONIO VILLA

Estou sem tempo, sem paciência e (principalmente) sem estômago para comentar os últimos acontecimentos políticos da República de Banânia. A análise do desfile sem fim de cachoeiras, propinodutos e outros esquemas vigaristas dos petralhas de todas as cores e partidos, além de dedicação exclusiva, exigiria de minhas fossas nasais uma dose cavalar de insensibilidade ao fedor exalado por certas criaturas. Como se viu anteontem no espetáculo grotesco da "entrevista" do cidadão Luiz Inácio da Silva no programa televisivo de outro roedor, na emissora de um ex-banqueiro que lhe deve favores, a tarefa é mesmo sobrehumana.
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Por isso vou me limitar a reproduzir, neste espaço, o artigo seguinte de Marco Antonio Villa. Embora escrito há mais de dois anos, está mais atual do que nunca. Nada como um historiador para revelar as origens da maior farsa da História política do Brasil, um bandidinho alçado, pelas artes da propaganda política e de um culto da personalidade com tintas stalinistas, em líder de seita e "estadista".
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Fica apenas uma pergunta, que um dia espero ver respondida: o que falta para nos livrarmos de vez desse subcaudilho quadrilheiro e achacador de ministros do Supremo Tribunal Federal?
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OBSESSÃO PELO PODER

O Globo, 13/03/2010

MARCO ANTONIO VILLA

Como é sabido, o Partido dos Trabalhadores nasceu em 1980. Contudo, muito antes da sua fundação, foi precedido de um amplo processo de crítica das diversas correntes de esquerda realizada na universidade e no calor dos debates políticos. A ação partidária, os sindicatos e as estratégias políticas adotadas durante o populismo (1945-1964) foram duramente atacados. Sem que houvesse um contraponto eficaz, fez-se tábula rasa do passado. A história da esquerda brasileira estaria começando com a fundação do PT. O ocorrido antes de 1980 não teria passado de uma pré-história eivada de conciliações com a burguesia e marcada pelo descompromisso em relação ao destino histórico da classe trabalhadora.

O processo de desconstrução do passado permaneceu durante vinte anos, até o final do século XX. As pesquisas universitárias continuaram dando o sustentáculo "científico" de que o PT era um marco na história política brasileira, o primeiro partido de trabalhadores. O estilo stalinista de fazer história se estendeu para o movimento operário. Tudo teria começado no ABC. Mas não só: a história do sindicalismo "independente" teve um momento de partida, a eleição de Luís Inácio Lula da Silva para a presidência do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo, em 1975 (na posse, estava presente o governador Paulo Egydio, fato único naquela época). Toda história anterior, desde os anarquistas, tinha sido somente uma preparação para o surgimento do maior líder operário da história do Brasil.

A repetição sistemática de que em São Bernardo foi gestada uma ruptura acabou ganhando foro de verdade científica, indiscutível. Lula tinha de negar e desqualificar a história para surgir como uma espécie de "esperado", o "ungido". Não podia por si só realizar esta tarefa. Para isso contou com o apoio entusiástico dos intelectuais, ironicamente, ele que sempre desdenhou do conhecimento, da leitura e da reflexão. E muitos desses intelectuais que construíram o mito acabaram rompendo com o PT depois de 2003, quando a criatura adquiriu vida própria e se revoltou contra os criadores.

Mas não bastou apagar o passado. Foi necessário eliminar as lideranças que surgiram, tanto no sindicato, como no PT. E Lula foi um mestre. Os que não se submeteram, aceitando um papel subalterno, acabaram não tendo mais espaço político. Este processo foi se desenvolvendo sem que os embates e as rupturas desgastassem a figura de líder inconteste do partido. Ao dissidente era reservado o opróbrio eterno.

A permanência na liderança, sem contestação, não se deu por um choque de ideias. Pelo contrário. Lula sempre desprezou o debate político. Sabia que neste terreno seria derrotado. Optou sempre pela despolitização. Como nada tinha escrito, a divergência não podia percorrer o caminho tradicional da luta política, o enfrentamento de textos e ideias, seguindo a clássica tradição dos partidos de esquerda desde o final do século XIX. Desta forma, ele transformou a discordância em uma questão pessoal. E, como a sua figura era intocável, tudo acabava sem ter começado.

A vontade pessoal, fortalecida pelo culto da personalidade, fomentado desde os anos 70 pelos intelectuais, se transformou em obsessão. O processo se agravou ainda mais após a vitória de 2002. Afinal, não só o Brasil, mas o mundo se curvou frente ao presidente operário. Seus defeitos foram ainda mais transformados em qualidades. Qualquer crítica virou um crime de lesa-majestade. O desejo de eliminar as vozes discordantes acabou como política de Estado. Quem não louvava o presidente era considerado um inimigo.

Os conservadores brasileiros - conservadores não no sentido político, mas como defensores da manutenção de privilégios antirrepublicanos - logo entenderam o funcionamento da personalidade do presidente. Começaram a louvar suas realizações, suas palavras, seus mínimos gestos. Enfim, o que o presidente falava ou agia passou a ser considerado algo genial. Não é preciso dizer que Lula transformou os antigos "picaretas" em aliados incondicionais. Afinal, eles reconheciam publicamente seus feitos, suas qualidades. E mereceram benesses como nunca tiveram em outros governos.

É só esta obsessão pelo poder e pelo mando sem qualquer questionamento que pode ser uma das chaves explicativas da escolha de Dilma Rousseff como sua candidata.

Marco Antonio Villa é historiador.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ridículo falar mal do Lula, o sujo falando do mal lavado...
Em um pais de F*&%@#$, qualquer lisonja é e sempre será um ato nobre...

A lisonja, que corrompe os bons, torna piores os maus." (Marquês de Maricá)

Gustavo disse...

Caro anônimo,

Muito inteligente seu comentário. A frase escolhida sobre sujeira é de uma originalidade realmente ímpar. Eu nunca tinha ouvido desde ontem. Só fiquei com uma dúvida sobre quem seria mais sujo do que o Filho do Barril...

Concordo inteiramente com a frase do Marquês de Maricá: afinal, a lisonja, para não falar do puxa-saquismo, é mesmo uma marca registrada dos membros da seita lulista. Aí estão os PHAs da vida que não me deixam mentir.

Ridículo entrar no blog alheio para postar esse tipo de comentário idiota. Coisa de quem tem a mente realmente F*&%@#$...