Confesso que certos assuntos me dão uma preguiça... Por exemplo: Barack Obama. Não consigo pensar no ex-redentor da humanidade sem me ver invadido, subitamente, por uma sensação de tédio mortal e irresistível. Mas vamos lá, noblesse oblige, e queira eu ou não, somos obrigados a lidar com esse canastrão, como se os de cá já não fossem suficientes.
O ex-messias está atualmente em plena cruzada contra a segunda emenda da Constituição dos EUA, que garante ao cidadão o direito à posse e ao porte de armas de fogo. Está aproveitando o clima de emocionalismo criado após o assassinato covarde e brutal de 28 pessoas, entre as quais 20 crianças, cometido há um mês por um demente em Connecticut, para retomar a guerra santa contra o, dizem, "lobby pró-armas", o qual, a se julgar pelo noticiário, deve ser formado por um bando de mentes pervertidas que não dão a mínima para a morte de criancinhas num jardim de infância nas mãos de um louco homicida. Tudo em nome da sua, da nossa, da minha segurança, de um mundo de paz, amor e felicidade etc.
Como disse antes, para mim é impossível conter os bocejos diante de alguns personagens e de alguns temas, de tão monótonos que são. O desarmamentismo, que na Terra do Tio Sam atende pelo nome de gun control, é há décadas uma das causes célèbres da esquerda, lá representada pelo Partido Democrata (o partido de Kennedy e de Franklin Roosevelt, gostam de lembrar, ao mesmo tempo em que fazem questão de esquecer que Lincoln, por exemplo, era republicano). Assim como a palavra "petista" no Brasil é inseparável de coisas como "controle social da mídia", fale em democratas nos EUA e virá junto, inevitavelmente, a expressão gun control. Isso torna o assunto deveras previsível e entediante. Ainda mais se vem travestido de "debate" resultante do último acontecimento a gerar comoção na mídia. O que se chama de "debate" sobre o tema "controle de armas" nos EUA hoje - e podemos dizer o mesmo na Bananalândia - não passa de uma tentativa oportunista de manipular e ludibriar a opinião pública, apelando para o emocionalismo mais rasteiro: Obama fez questão de chorar lágrimas de marketing logo após o massacre das crianças (Nelson Rodrigues dizia que o choro verdadeiro assoa o nariz, e que limpar o canto do olho, como Obama fez, é coisa de fingidor). Não contente, o presidente que já era histórico antes mesmo de ser eleito agora age como um reles molestador infantil, usando descaradamente criancinhas para tentar convencer o distinto público de que o desarmamento amplo, geral e irrestrito é o caminho. Por trás de toda essa encenação, o que há não tem nada a ver com segurança, mas sim com um indisfarçável ímpeto liberticida.
Por que digo essas coisas tão terríveis? Por que, ao contrário da multidão, não me deixo levar pelo irracionalismo, nem me comovo com mises-en-scène políticas como a interpretada por Obama na questão das armas? Porque sou um reacionário, portanto um canalha da pior espécie, um inimigo da paz e da segurança, diria um devoto da seita obâmica. Porque o discurso obamista não corresponde aos fatos, dirá a realidade.
Senão, vejamos. A idéia por trás do discurso desarmamentista é extremamente simples. É a seguinte: armas matam; logo, se não houver armas, não haverá mortes. Portanto, deve-se retirar as armas de circulação, proibi-las, bani-las. Menos armas, menos crimes, é o que se está dizendo. Isso porque existiria uma relação causal insofismável entre a posse de um revólver ou de uma espingarda e a violência. Assim como existiria uma relação causal insofismável entre ter um carro na garagem e esborrachar-se, inevitavelmente, contra um poste. Foi essa a idéia-chave que tentaram nos vender em 2005, com o plebiscito sobre o desarmamento, que foi rejeitado por 64% dos eleitores. E é essa a base, o fundamento mesmo, da teoria do gun control.
Aparentemente, estamos diante de uma verdade absoluta, uma lei cientificamente comprovada, tão certa quanto a lei da gravidade. Aparentemente. Porque, se o que está dito no parágrafo anterior fosse verdadeiro, seríamos obrigados a admitir que os números sobre armas e violência no mundo são completamente falsos.
Segundo a mais recente pesquisa feita pela ONU, existem atualmente, nos EUA, cerca de 270 milhões de armas de fogo em circulação, de todos os calibres. É mais do que uma arma para cada cidadão. No Brasil, o número de armas, sob uma legislação extremamente restritiva, é de 15 milhões (para uma população total que se aproxima de 200 milhões). Por esses números, a conclusão lógica seria que os EUA são um verdadeito matadouro de gente - é a impressão que muitos têm após massacres como o de Newtown -, enquanto que a afortunada terra do carnaval seria um oásis de paz e tranquilidade ou, pelo menos, um lugar onde se mata muito menos do que no país dos caubóis (onde, além do mais, existiria uma "cultura da morte", estimulada pela indústria do cinema, os video-games violentos e a direita republicana, como gosta de dizer Arnaldo Jabor).
Pois é. Deveria ser assim, né? Só que, nesse caso, a retórica anti-armas esqueceu de combinar com os fatos, porque os números indicam exatamente o contrário.
Segundo o mencionado levantamento da ONU, que se refere ao ano de 2010, morreram a tiros, nos EUA, 9.960 pessoas. Isso corresponde a 3,2 mortos para cada grupo de 100 mil habitantes. Já no Brasil varonil, de acordo com a mesma pesquisa, 36 mil indivíduos foram vítimas mortais de armas de fogo (19,3 para cada 100 mil habitantes). Ou seja: com DEZESSEIS VEZES MENOS armas do que nos EUA, matou-se, no mesmo período, TRÊS VEZES MAIS pessoas no Brasil (vejam aqui: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/12/121218_armas_brasil_eua_violencia_mm.shtml.
Conclusão: se há uma relação entre a quantidade de armas e os índices de violência, é que QUANTO MAIS ARMAS, MENOS CRIMES. Exatamente o contrário do que dizem os desarmamentistas e Obama.
Também a experiência de outros países demonstra um enorme fosso entre a realidade e o discurso anti-armas. Em 1974, a Jamaica proibiu todo e qualquer tipo de arma de fogo. De lá para cá, a criminalidade aumentou vertiginosamente, e hoje o país do reggae e de Bob Marley é um dos mais violentos do mundo, só perdendo, em número de mortos em relação à população, para Honduras e Iraque. Em contrapartida, a neutra e pacífica Suiça, cuja lei garante a cada cidadão o direito a ter um fuzil militar dentro de casa, ostenta índices baixíssimos de criminalidade. O mesmo ocorre, é verdade, na Noruega e na Finlândia, que têm leis bastante rigorosas sobre a posse de armamento - o que não impediu que esses países fossem cenário de verdadeiros banhos de sangue em anos recentes. (Aliás, quantas vítimas poderiam ter sido salvas se os assassinos tivessem encontrado pela frente, em vez de alvos indefesos, cidadãos armados?)
Qualquer pessoa com um mínimo de respeito à lógica e ao bom senso, sem falar em honestidade intelectual, analisando os números acima, chegaria facilmente à conclusão de que toda a discurseira a favor do gun control não passa de mera demagogia, de simples exploração politiqueira de tragédias como a de Sandy Hook para aprovar um pacote de leis que, em vez de reforçar a segurança, irá apenas levar mais intranquilidade à população, impedindo que o cidadão de bem possa defender a si e a sua família.
Isso fica ainda mais claro quando se analisam alguns "argumentos" comumente usados pelos desarmamentistas. Dizem, por exemplo, que o controle de armas é necessário, pois é mais fácil matar dez pessoas com uma pistola do que com uma faca etc. E é mais fácil se defender com uma pistola do que com um faca, esqueceram de dizer. Assim como aparentemente esqueceram que uma pistola ou um rifle com uma capacidade de tiros reduzida matará menos, mas também defenderá menos. O desarmamento funciona. Para os bandidos. (Nem vou me dar ao trabalho de responder ao "argumento" de que armas devem ser proibidas porque há acidentes, o qual ofende a inteligência.)
Se Barack Hussein Obama e seus marqueteiros estivessem realmente interessados em segurança, admitiriam que armas não matam pessoas - pessoas matam pessoas. E que revólveres e pistolas, se são usados para cometer crimes, também são uma garantia de segurança e de liberdade. Como, aliás, já sabiam os Founding Fathers, os pais fundadores da nação norte-americana. Não foi por acaso que o direito a possuir e a portar armas foi inserido no texto da Constituição do país. Não deve ser por acaso, também, que a revogação desse direito constitucional é algo tão caro a Obama e seus seguidores. Para quem se dedica, há anos, a se esquivar de perguntas incômodas sobre sua nacionalidade e sobre amizades suspeitas, querer impor um controle maior sobre os antecedentes dos donos de armas deveria ser visto como uma atitude, no mínimo, incoerente.
4 comentários:
É incrível como o ser humano está decadente intelectualmente; "pesquisas" disseram que 80% do mundo era Obamista !!!
Ezequiel Domingues dos Santos
Tenho alguns vídeos sobre o assunto https://www.youtube.com/user/Blogdelinks/videos?query=desarmamento
Oi , Inscrevi seu blog no http://delinks.blogspot.com.br/ pois tem a ver com a temática.
Vc já leu o livro A HISTÓRIA SECRETA DO OCIDENTE, de Nicholas Hagger?
Abs
Celia
Tanto discurso...tanta politica...e a realidade dos números de mortos está bem à vista. Mas mudar uma opinião é mais difícil que mover uma montanha.
E aqueles que não podem usar armas, se protegem como? Tiramos do Estado o dever de nos proteger? É cada um por si?
Quanto aos EUA, como poderiam acontecer as chacinas em colégios se o assassino não pudesse comprar sua arma legalmente?
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