A imagem acima é um tapa na cara. Um soco no estômago. Ela mostra a jovem afegã Bibi Aisha, 18 anos, barbaramente mutilada - teve o nariz e as orelhas arrancados à faca - por um tribunal do Talibã. Esse foi o castigo que ela recebeu por fugir do marido, com quem fora forçada a se casar e que frequentemente a maltratava. Está na capa da Time desta semana. É uma imagem do horror.
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A frase que acompanha a imagem pode ser traduzida como "o que acontecerá se abandonarmos o Afeganistão". Trata-se de uma afirmação, não de uma pergunta. E de algo quase tão impactante quanto a foto. Porque serve de lembrança para um fato elementar que está sendo sistematicamente ignorado nos dias que correm: sem as tropas dos EUA e da OTAN, o Afeganistão sucumbiria às trevas, ao caos mais completo. É a permanência dos soldados aliados que impede que casos como o de Bibi Aisha deixem de ser exceções e se tornem lei no país.
A frase que acompanha a imagem pode ser traduzida como "o que acontecerá se abandonarmos o Afeganistão". Trata-se de uma afirmação, não de uma pergunta. E de algo quase tão impactante quanto a foto. Porque serve de lembrança para um fato elementar que está sendo sistematicamente ignorado nos dias que correm: sem as tropas dos EUA e da OTAN, o Afeganistão sucumbiria às trevas, ao caos mais completo. É a permanência dos soldados aliados que impede que casos como o de Bibi Aisha deixem de ser exceções e se tornem lei no país.
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Claro, houve quem achasse a foto "forte demais", e surgiu até uma discussão "ética" sobre a conveniência, ou não, de mostrá-la para o grande público. Sem falar na mensagem clara que a acompanhava. Pois eu digo que antiético e imoral, além de inconveniente, seria não mostrá-las, a imagem e a mensagem. Sobretudo num momento em que a tal "opinião pública" (leia-se: a grande imprensa e o politicamente correto) começa a questionar a justeza da derrubada do Talibã e a exigir a retirada imediata das tropas norte-americanas do Afeganistão.
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Se há um motivo mais do que suficiente para defender a permanência das tropas e o combate sem trégua aos terroristas islamitas, aí está o rosto desfigurado de Bibi Aisha para proporcioná-lo. Hoje, o Afeganistão é um país que tem problemas, inclusive a permanência de práticas bárbaras contra mulheres em algumas regiões. Até o final de 2001, porém, essas práticas eram oficializadas por uma tirania teocrática que dominava o país, e que tentou fazê-lo retroceder à Idade Média. Desde então, os que tiranizaram o povo afegão foram expulsos do poder, e hoje vivem acossados em montanhas e cavernas. Há quem ache isso pouco.
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Há ainda os que alegam a questão da "soberania" para defender a saída das forças estrangeiras do Afeganistão, como se "soberania" fosse uma senha para todo tipo de atrocidade. Ou que - mais absurdo ainda -, embalados por uma antropologia de botequim, apelem para a falácia do relativismo cultural, afirmando que a tortura e mutilação de meninas e mulheres é um costume local e deve ser respeitado etc. e tal. Essa é a visão míope de quem se recusa a entender que direitos humanos não são um luxo ocidental, e que a luta contra o Talibã é uma luta da civilização contra a barbárie. É uma visão também hipócrita, pois muitos que referendam os crimes do Talibã ou do regime iraniano não hesitaram em ofender a soberania de países como Honduras, por exemplo. Não falta, também, quem se encha de indignação lacrimosa diante do tratamento dispensado pelos cruéis imperialistas ianques a suspeitos de terrorismo em Abu Ghraib e em Guantánamo, mas que não tenha uma palavra a dizer sobre Bibi Aisha. Para essas pessoas, ela não existe.
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Há alguns meses, a mesma Time que estampou o rosto deformado de Bibi Aisha divulgou uma lista das 100 personalidades mais infuentes do mundo. Um dos que apareceram na lista foi Lula. Os lulistas ficaram exultantes. A última de Lula foi dizer que não é certo interceder em favor dos direitos humanos em outros países, referindo-se à condenação à morte por apedrejamento de uma iraniana por um suposto crime de adutério. Ele chamou isso - o apelo pela vida da prisioneira, não a pena a que foi condenada - de avacalhação (depois voltou atrás, sob o peso de tamanha enormidade, mas somente para tentar livrar a cara de seu amigo Mahmoud Ahmadinejad, que mesmo assim o humilhou, chamando-o de desinformado). O mesmo raciocínio lulista sobre direitos humanos no caso da mulher iraniana pode ser aplicado ao caso da afegã Bibi Aisha. Para Lula, impedir que ela tenha o nariz e as orelhas decepados é uma avacalhação.
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Esse é Lula, o futuro secretário-geral da ONU, o homem mais influente do Universo. E a vergonha de qualquer pessoa decente.
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