quarta-feira, agosto 05, 2009

Olha eu aí de novo


A PIAUÍ publicou minha carta sobre o ensaio de Slavoj Zizek que analiso em post anterior (ver meu texto "Slavoj Zizek, ou: o dever de enterrar a hipótese comunista", de 16 de julho). Está lá, na página 64 da última edição da revista (n. 35, agosto de 2009). Publicou, mas não por inteiro. Quero crer que tenha sido mesmo por motivos "de clareza e espaço", como diz a nota da redação da revista (espaço eu até entendo, mas clareza... sei não). De qualquer maneira, como aqui neste blog felizmente não existe a famigerada figura do copy-desk, reproduzo a seguir o conteúdo integral e sem cortes da minha missiva (detalhe: as partes podadas na versão publicada pela revista vão em vermelho). Fica aqui o registro, para quem quiser comparar.
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De:
Gustavo Henrique Marques Bezerra (ghmb_2003@hotmail.com)
Enviada: terça-feira, 21 de julho de 2009 19:32:23
Para:
cartas@revistapiaui.com.br; redacao@revistapiaui.com.br

O ensaio de Slavoj Zizek na PIAUÍ n. 34 cairia bem melhor no Granma, o jornal oficial do partido comunista cubano, ou do MOCQMV (Movimento dos Órfãos do Comunismo que Querem o Muro de Volta). O autor parece repetir o tempo todo o refrão daquela música do Raul Seixas, "Tente Outra Vez". Por acaso ele acha que um erro, se repetido, produz um acerto? Que papo furado é esse de que é preciso defender a "hipótese comunista"? Será que cem milhões de mortos em nome dessa utopia/distopia não foram o bastante? Que lengalenga é essa de comunismo como "inclusão dos excluídos"? Será que Zizek nunca ouviu falar em coisas como o Gulag, os expurgos de Stálin, o paredón e a nomenklatura? E que conversa mole é essa do Sr. Alain Badiou, que afirmou que "sem a Idéia comunista, nada no devir histórico e político tem qualquer interesse para um filósofo"? Quer dizer que a Filosofia, desde Platão e Aristótéles, nada mais é do que um departamento de propaganda do comunismo? Quando é que vocês vão deixar de bancar a "tribuna livre da luta de classes" da New Left mais rançosa e bocó e mostrar que são mesmo independentes, publicando textos de autores "conservadores" e "de direita", em vez desses neomarxistas de galinheiro? Ah, façam-me o favor! Comunismo nunca mais. Nem como hipótese.

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