quarta-feira, julho 07, 2010

AS VÁRIAS CARAS DO LULO-PETISMO


Afinal, quantos programas tem a candidata Dilma Rousseff?

Todos acompanharam o imbroglio, no começo desta semana. Atendendo a um requisito judicial, os candidatos presidenciais protocolaram, junto à Justiça Eleitoral, seus respectivos programas de governo. A rigor, trata-se (ou deveria tratar-se) de uma mera formalidade, até porque, como sabe até o mais obscuro candidato a vereador em Pirapora do Bom Jesus, programa de governo é o que menos importa numa eleição no Brasil. Mas a trapalhada dos assessores da campanha da candidata Dilma Rousseff, ao entregarem o programa "errado" no TSE, e as declarações que a criatura de Lula fez para tentar justificar o episódio, mostraram até que ponto podem ir a dissimulação e a malandragem, quando se trata de ganhar votos e enganar os incautos.

A confusão ocorreu porque um assessor da campanha da petista à Presidência da República enviou, "por engano", um documento com propostas claramente totalitárias. O primeiro programa eleitoral entregue pelo PT ao TSE falava, entre outras coisas, em controlar a imprensa, proteger as invasões do MST, defender a legalização do aborto e rever a Lei de Anistia. O segundo, entregue logo depois, trazia um discurso bem mais ameno e palatável, expurgado dos pontos mais polêmicos. Ambos os textos trazem, bem legível, a assinatura de Dilma Vana Rousseff. Um deles é falso. Simplesmente os dois não podem ser verdadeiros.

O primeiro programa era quase uma cópia xerox do PNDH-3, o tal Programa Nacional dos Direitos Humanos, entregue na surdina a Lula no final de 2009, e também assinado pela então Ministra da Casa Civil Dilma Rousseff. Na confusão, trocou-se às pressas um programa socialista por um programa para socialites. Instada a explicar o episódio bizarro, a candidata petista saiu-se com a seguinte afirmação, não menos bizarra: simplesmente não tinha lido o programa que foi ao TSE. Assinou sem ler. Mais: assinou não, "rubricou". Como deve ter apenas "rubricado" o PNDH-3, esqueceu-se de dizer...

Assinou (ou rubricou) não leu, o pau comeu, diz o ditado popular. Mas com os petistas parece ser diferente. Vou procurar no dicionário o significado da palavra rubricar. Se, como diz Dilma Rousseff, o sentido for algo parecido com assinar por assinar, assinar sem dar importância ao que está escrito, então vou lhe dar razão. Se, por exemplo, meu nome estiver no espaço reservado à assinatura de um cheque sem fundos, e o cobrador vier bater à minha porta se queixando, vou dizer o seguinte: não assinei, só rubriquei. E pronto. Se, mesmo assim, meu credor insistir em botar meu nome no SPC ou no SERASA, não vou me dar por vencido: é rubrica, não é assinatura. Não ouviu o que disse a Dilma?

Das duas uma: ou Dilma Rousseff está mentindo quando diz que o primeiro programa entregue ao TSE não reflete seu pensamento ou não está sendo sincera quando afirma que sua assinatura não vale nada. Caso esta última afirmação seja verdadeira, isso significa que sua firma no segundo programa entregue ao TSE, aquele feito para socialites, vale tanto quanto uma nota de 3 reais. Para qualquer ponto que se olhe, temos aí um caso de insinceridade confessa. Mas sabe o que é mais inacreditável nessa história toda? É que muita gente irá acreditar no que diz Dilma.

O caso dos dois programas da candidatura Dilma é apenas mais um no longuíssimo prontuário de esquizofrenia do PT. Desde que surgiu, em 1980, como uma espécie de nave-mãe das esquerdas, englobando desde intelectuais stalinistas e padres católicos adeptos da escatologia da escravidão (digo, "teologia da libertação"), até sindicalistas pragmáticos (como o próprio Lula), o partido não tem feito mais do que se esquivar de uma clara definição ideológica, oscilando entre um discurso radicalóide e bravateiro (quando na oposição) e uma retórica de madames (quando no governo). No mundo da política, já se chegou mesmo a dizer que isso é uma virtude, não um defeito, pois demonstraria o caráter "democrático" do partido que abriga inúmeras correntes e facções etc. Pois eu digo que esquizofrenia é defeito, sim. Traduzida em termos políticos, é mais do que um defeito: revela falta de caráter e de sinceridade, para dizer o mínimo. Aí está a candidata de programas Dilma Rousseff que não me deixa mentir.

Muitos esquerdistas radicais porém sinceros se sentem genuinamente traídos por Lula e pelo PT. E a opinião corrente e hegemônica é que eles têm razão ao se sentirem assim, principalmente em economia. Poucos parecem se importar, porém, com a traição dos companheiros no poder aos princípios da ética e da democracia, como fica claro na política externa, por exemplo. Preferem acreditar na ilusão do Lula e do PT "moderados", que conseguiram a "façanha" de "domar" os setores mais radicais e sectários da esquerda. Não percebem ou não querem perceber que, se no primeiro caso o discurso petista era um jogo de cena, no segundo caso não há qualquer motivo para pensar de modo diferente. A não ser que gostem de ser enganados. Mas aí já é um caso para a psiquiatria explicar.
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É evidente que esse bando de farofeiros ignorantes e incompetentes que são os petistas e seus aliados não vai fazer a revolução. É claro que Lula não é um novo Lênin, nem Dilma é uma Stálin de saias e botox. Com exceção de alguns jurássicos professores da USP ou deste ou daquele militante porralouca do PSTU, ninguém leva a sério esse trololó de luta de classes e de ditadura do proletariado. Mas isso não quer dizer que os petistas não possam tumultuar. Eles podem, usando os instrumentos que a democracia permite, minar suas bases, implantando o germe do totalitarismo. Basta, para tanto, que ninguém esteja olhando. Na Venezuela, por exemplo, esse processo está bastante avançado.
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Quando eu era um estudante radical, simpatizante de uma minúscula corrente trotskista, eu desconfiava de Lula e do PT. Achava seu discurso conciliador e duas-caras uma forma de "traição" à classe trabalhadora etc. Acreditava que ele, Lula, era um vendido aos patrões e que o PT era um partido social-democrata, comprometido com o sistema burguês. Eu desconfiava, enfim, da sinceridade dos petistas. Pois é. Eu estava certo pelos motivos errados. É preciso desconfiar sempre dos petistas, mas não porque eles não queiram fazer a "revolução". É porque a mentira está nos genes deles mesmo.

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